Capítulo XXVIII

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Passei a semana inteira arrumando o restante da decoração da sala porque mamãe é uma das pessoas mais minuciosas e detalhistas que conheço. Pensei que estava tudo pronto, mas fui surpreendida ao precisar carregar quadros de um lado para o outro enquanto ela decidia o melhor ângulo, mudar a posição dos vasos de plantas para combinar com o ambiente e trocar de cortinas até a paleta de cores do cômodo ficar perfeita.

Em um desses dias, Rose apareceu na minha casa e precisou presenciar a loucura da mamãe fazendo reformas.

- Oi, querida. – minha mãe cumprimentou, abrindo a porta. – Veio nos ajudar?

Ela sequer esperou uma resposta, já começou a apontar os detalhes que faltavam e como Rose poderia auxiliar. Minha colega de escola arregalou os olhos e pareceu sem reação.

- Mãe! – cortei-a. – Não é por isso que ela veio.

- Ah. – ela pareceu decepcionada e voltou a se preocupar com a posição dos quadros, dando privacidade para Rose me contar o motivo de sua visita.

A garota informou que a senhora Smith notou que durante a apresentação dos projetos dos ex-alunos do clube de artes, as pessoas da cidade tinham se interessado pelas obras, então a professora sugeriu que as vendêssemos.

- Como eu era a representante do clube, a senhora Smith pediu que eu a ajudasse, avisando os alunos sobre isso. – Rose informou. – Muita gente gostou dos seus quadros. Até já recebemos ofertas!

Mamãe levantou a cabeça e nos encarou, mas depois pareceu lembrar que precisava fingir que não estava ouvindo a conversa, então voltou a pendurar os quadros.

- É sério? – perguntei. Nunca havia pensado na possibilidade de vender minhas pinturas.

- Sim! – Rose parecia animada. – A professora pediu que eu te entregasse esse contrato, para que pudéssemos oficializar essa ideia. – ela tirou um papel cuidadosamente dobrado do casaco e me entregou. – Basicamente, aqui diz que os lucros serão divididos igualmente entre você e em doações para a comunidade, já que os quadros são propriedade da escola também.

Eu ia começar a ler, mas ela me entregou outra folha.

- Essas são algumas ofertas que anotei.

Eu não sabia que poderia vender meus quadros por tanto dinheiro. Como nunca pensei nisso? Quando Julie soubesse, com certeza me chamaria de lerdinha.

- Ligue para a professora quando ler o contrato e tomar uma decisão. – ela sorriu e se despediu.

- Obrigada, Rose. – agradeci e a levei até a porta. – Você é ótima.

Assim que ela saiu, mamãe veio até mim e me abraçou.

- Estou tão orgulhosa. – disse.

Trocamos um sorriso.

- Sabe o que isso quer dizer? – ela comentou.

Neguei com a cabeça.

- Que quando você for uma artista rica e famosa, terei uma das suas primeiras obras pendurada bem no meio da minha sala de estar! – riu, apontando para o quadro que eu havia pintado recentemente para complementar a decoração.

- Julie vai adorar saber. – comentei. – As molduras dela estão finalizando o trabalho, afinal.

Mamãe bateu palmas, animada.

- Vá contar para ela, então! – disse.

- Mas e a sala...?

- Terminamos depois. Isso é prioridade agora.

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