Arte & Guerra

Capítulo XXXI

O estado de saúde de Seth piorou depois que saí do hospital e ele precisou ser transferido para a terapia semi-intesiva. Meus dias estavam sendo resumidos em visitar o capitão, negociar a venda dos meus quadros com a senhora Smith e os compradores interessados e tentar convencer minha mãe de que a nossa cozinha não precisava de uma reforma.

Hoje, tinha planejado passar o dia com Julie no shopping, a fim de me divertir um pouco e entreter minha mente.

- Céus, que expressão cansada. – ela comentou, assim que me viu.

Marcamos de nos encontrar na frente da loja em que Max trabalhava. Fingimos comprar alguns pincéis, só para podermos conversar com ele. Nosso amigo também tinha olheiras sob os olhos.

- Viu? Não sou a única. – comentei, apontando para Maxwell.

- Vocês precisam parar de se preocupar sem necessidade. – Julie disse. – Os médicos falaram que ele sairia dessa, então não precisamos esquentar a nossa cabeça com isso.

Uma das coisas que eu gostava na minha melhor amiga era o fato de que ela conseguia se manter positiva perante quase todas as situações da vida.

Saímos da loja quando o fluxo de clientes começou a aumentar, para que Max pudesse atendê-los e manter o emprego.

Logo que viramos em um dos corredores, Julie soltou um gritinho animado.

- Vestidos em liquidação! – apontou para uma de suas lojas preferidas.

Ela me arrastou até lá.

- Você não precisa de... – tentei argumentar, mas ela me interrompeu.

- Uma mulher nunca tem roupas demais. Nunca te ensinaram essa regra? – disse.

- Você acabou de inventar isso.

Julie deu de ombros, entrou na loja e começou a olhar as araras com aquela expressão concentrada que só exibia quando estava fazendo compras. Não tentei discutir de novo, afinal era uma briga perdida.

- O que acha desse? – mostrou um vestido longo e vermelho, com um decote em v. – E esse? – pegou outro modelo. – E que tal...

- Eu vou me sentar. – soltei um suspiro e me joguei em uma das poltronas da loja. Um senhor (sua esposa estava na sessão de calças de grife) trocou um olhar de compaixão comigo.

Julie veio até mim e mostrou uma pilha de vestidos que provaria.

- Já volto. – informou, desaparecendo pela loja.

Ela tinha um sistema que funcionava assim: ela levava várias peças pelas quais tinha se interessado até o provador, a partir daí, escolhia as que lhe caíam melhor, e só então saía para pedir a minha opinião. Peguei meu celular e comecei a usar as redes sociais. Aquilo levaria pelo menos meia hora.

Quando eu estava quase cochilando, meu celular começou a tocar. Era a mãe de Jonathan.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei, preocupada, assim que atendi.

- Jonathan está voltando! – ela estava animada do outro lado da linha?

- O que? – levantei e praticamente gritei de empolgação. O senhor me lançou um olhar curioso, então me recompus. – Como assim?

- Estão mandando-o de volta. – Anna Marie explicou. – O exército está mandando vários soldados feridos de volta e convocando novos.

Lembrei de quando Ryan me disse que não poderiam abrir mão de ninguém naquele momento da guerra. Agradeci ao universo por aquela condição ter mudado.