Não me lembro de quando parei de chorar, mas Benny não me soltou em momento algum e nem pareceu incomodado com isso, os meninos e Julie também ficaram ao meu lado, lembrando-me da afirmação de Ryan: Jonathan ficaria bem.
Parei de soluçar, mas as lágrimas ainda escorriam.
- Talvez um chocolate quente ajude? – Max sugeriu com um sorriso gentil.
- E um lencinho? – Seth acrescentou.
Concordei com a cabeça e observei enquanto eles se afastavam. Benny me levou até o sofá e Seth voltou com um pacote de lenços. Peguei alguns e me acomodei, lembrando do rosto de JoJo antes do exército: intacto, lindo, o sorriso bobo e contagiante... Tudo perdido no meio daqueles curativos. Julie levantou e pegou uma coberta, colocando-a sobre mim. Quando Max voltou com o chocolate quente, tive vontade de chorar por ter amigos tão bons.
- Obrigada, pessoal. – minha voz saiu baixa.
- Te amamos. – Julie fez carinho no meu cabelo.
Tomei um gole do chocolate e me senti um pouco melhor.
Meus amigos sugeriram ver um filme para nos entretermos, mas eu não estava prestando atenção. Por mais que tentasse focar em algo que não fosse o rosto machucado de Jonathan, não conseguia.
De repente, meu celular começou a tocar e todos pulamos de susto. Era o número de Anna Marie. Hesitei por um momento.
- O que foi? – Julie perguntou, preocupada.
Mostrei a tela do aparelho, com a foto da mãe de Jonathan piscando na tela.
- E se ela ligou para informar que Jonathan morreu? – externei minha preocupação.
- Não é isso. – Seth tentou me tranquilizar. – Está tudo bem.
- Mas e se...
- Para de criar paranoias e atende logo. – Benny, com a sua delicadeza, tentou me encorajar.
Levantei e saí de perto dos meus amigos, aceitando a chamada.
- Elizabeth, precisamos conversar. – ela foi direto ao ponto.
De certa maneira, senti-me aliviada quando ela contou o que eu já sabia: Jonathan estava ferido. Pelo menos, não estava morto, pensei comigo mesma.
- Não consegui falar com ele por muito tempo, mas Ryan me explicou a situação. – ela comentou. Notei que sua voz estava trêmula, como se segurasse as lágrimas.
- Existe alguma maneira de pedirmos para que ele seja dispensado? – perguntei, a esperança preenchendo meu coração por breves instantes. – Talvez se você ou o pai dele solicitassem...
- Infelizmente, não funciona assim. – Anna Marie respondeu. – A previsão é que ele se recupere na própria base e volte ao serviço.
Fiquei em silêncio, pensando no quão injusta aquela situação era.
- Ele vai ficar bem. – ela disse. – A distância e a preocupação são grandes, mas o que nos confortará é que Johnny está ferido, não morto.
Ela estava certa. Era o melhor que tínhamos no momento.
Max, Seth e Benny foram embora tarde da noite, e eu acabei dormindo na casa de Julie. Ela colocou um colchão no quarto dela para mim, mas acabamos pegando no sono abraçadas na cama dela, com a televisão ligada em algum reality show de baixo orçamento.
Acordei com Julie sentando na minha barriga (não literalmente, é claro que ela não colocou todo o peso em mim). Tentei empurrá-la, mas ela segurou meus braços. Relutante, abri os olhos e encarei aquela monstra que gostava de acabar com o sono alheio.
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Arte & Guerra
RomanceElizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jonathan joga no time de hóquei da escola e sonha em servir ao exército. Duas pessoas que aparentemente não tinham nada em comum, começam a se...