Capítulo XXX

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Aos poucos, recobrei a consciência e percebi que estava em um quarto de hospital. Diferente da vez em que sofri o acidente com JoJo, não estava com nenhuma atadura ou curativo. Meus pais estavam sentados ao lado da cama, com expressões preocupadas.

- Você acordou. – mamãe falou, abrindo um sorriso. – Como está se sentindo, querida?

- Bem. – respondi. – O que aconteceu?

Assim que perguntei, a memória de Seth, Natally e eu desmaiando dentro do domo me atingiu. Tentei levantar da cama, mas meu pai me segurou pelos ombros.

- Onde eles estão? – perguntei, tentando me soltar.

- Você não pode sair daqui. – ele explicou. – Ainda está em observação.

- Cadê os meus amigos? – insisti.

Meus pais trocaram um olhar que me fez começar a suar frio, mas não tiveram tempo de responder. Julie abriu a porta e entrou no quarto, com uma expressão abatida e os olhos vermelhos como se tivesse chorado muito.

- O que está acontecendo? – a pergunta saiu da minha garganta como um sussurro assustado.

Foi Julie quem respondeu:

- O resgate chegou pouco depois que vocês desmaiaram. Natally estava em observação, mas já recebeu alta, e Seth está internado. – ela hesitou por um momento. – Parece que ele inalou muita fumaça.

Um silêncio tenso tomou conta do ambiente, uma vez que ninguém sabia muito bem o que dizer. Finalmente, papai tomou a iniciativa de mudar de assunto.

- Bendyk e Maxwell estão esperando lá fora. – ele informou. – Vamos, Megan, vamos deixar os meninos verem a Liz.

Ele pegou a mão de mamãe e os dois saíram. Quando Benny e Max entraram, tentei brincar para amenizar a tensão:

- Estou aqui de novo. Será que na terceira vez eu ganho uma carteirinha de sócia do hospital?

- Cale a boca. – Benny tentou parecer irritado, mas seu alívio ao ver que eu estava bem era nítido. – Será que vamos precisar contratar uma babá para você?

- Eu trouxe algo para te deixar melhor. – Max mostrou um copo que carregava.

- Chocolate quente? – arqueei as sobrancelhas.

- Todas as fases ruins da sua vida foram superadas assim, então pensamos que seria uma boa ideia. – Benny brincou.

Aceitei a bebida e dei um gole. Pensando bem, eles não estavam completamente errados. Poucas coisas no mundo me reconfortavam tanto quanto uma xícara fumegante de chocolate quente.

- Alguém já foi visitar Seth? – questionei.

Todos concordaram com a cabeça.

- O time de hóquei inteiro veio vê-lo, assim como alguns familiares, então não tivemos muito tempo para falar com ele. – Max contou.

- Ele vai ficar bem. – Benny abriu um sorriso, convicto. – Nosso capitão é forte.

Bebi mais do chocolate quente.

- Como souberam que eu estava aqui? – quis saber.

- Avisei todo mundo, enquanto o resgate tirava vocês de dentro do domo. – Julie respondeu.

- Há quanto tempo estou desacordada?

- Três dias. – Benny respondeu, sério.

Engasguei com a bebida e comecei a tossir.

- Ei, ei! – ele deu tapinha nas minhas costas. – É brincadeira! Foram só algumas horas!

Lancei um olhar mortal para o meu vizinho, enquanto ainda tossia.

Arte & GuerraWhere stories live. Discover now