Capítulo XV

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Fiquei em silêncio por tanto tempo que Jonathan deve ter achado que não ouvi o que tinha falado.

- O exército me convocou, Lizzy.

Balancei a cabeça para indicar que tinha entendido, mas continuei calada. Encarei Jonathan, que me olhava de volta, parecendo ansioso para ouvir alguma resposta, mas o que eu deveria dizer? Parabenizá-lo porque finalmente realizaria seu sonho (não o de jogar hóquei e ficar são e salvo, mas o de servir ao exército)? Chorar e me preocupar pelos riscos que correria? Eu realmente não sabia o que falar.

Ele se aproximou e tocou meu rosto.

- Estão convocando várias pessoas da nossa região para trazer de volta soldados que estão na guerra há algum tempo. – contou. – É algo bom, Lizzy, estou ajudando famílias a se reencontrarem.

Lutei contra a vontade de falar que não me importavam as outras famílias se o preço para a alegria delas era Jonathan ir para longe. Ao invés disso, perguntei:

- E quando você vai?

- Em duas semanas. – respondeu.

Tentei processar aquela informação. Olhei para os lados, afastando as lágrimas e a ideia de que perderia meu namorado em menos de um mês. As pessoas da festa continuavam gritando, bebendo, dançando e se divertindo, mas eu não queria mais ficar ali com elas. Só queria ir embora, deitar na minha cama e esperar que JoJo me falasse que tudo não passava de uma piada idiota.

- Fico feliz por você. – tentei sorrir, apesar do nó na garganta.

- É mesmo? Então por que está chorando? – ele secou as lágrimas que escorriam pelas minhas bochechas.

- É que estou muito feliz. – tentei mentir. – São lágrimas de alegria.

- Lizzy...

Ele me abraçou. Solucei involuntariamente. Ele apertou os braços ao meu redor, o que só me fez chorar ainda mais. Não queria que ninguém me visse naquela situação, mas não conseguia falar e pedir que saíssemos dali.

Jonathan pareceu ler minha mente, porque me pegou no colo e me carregou para longe. Dei uma risada, meio surpresa, em meio ao choro.

- O que está fazendo? – perguntei, pendurada nos ombros dele.

- Te tirando da festa. – respondeu, enquanto caminhava pela calçada. – Acho que não ficaria feliz com um Benny bêbado gritando perto de você agora.

Passou reto pela minha casa e parou perto do fim do quarteirão. Colocou-me no chão e encostou nossos lábios. Soltei outro soluço involuntário. Em pouco tempo, não poderia mais me beijar ou abraçar ou sequer me tocar.

- Desculpe. – ele pediu, com a voz triste.

Olhei para ele e fiquei surpresa ao ver seus olhos marejados. Eu não poderia ser egoísta a ponto de impedi-lo de realizar seu sonho. Enxuguei as lágrimas com a manga da blusa de frio.

- Fico feliz por você, só... – minha voz falhou.

- O que? – ele perguntou.

- Não quero te perder.

- Eu te amo, Elizabeth. – JoJo disse. Pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da cabeça. Seus olhos castanhos estavam fixos no meu.

- Eu também te amo, Jonathan. – não hesitei em responder. Todas as vezes que ele se declarava meu coração acelerava. Seu sorriso bobo se abriu.

- Não vai terminar comigo, né? – perguntou, inseguro.

- Não vai se livrar de mim tão fácil, JoJo. – respondi.

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