Capítulo XXII

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Natally apareceu na sala do clube de artes com um pequeno curativo cobrindo o nariz e uma cara de poucos amigos. Sentou-se no nosso grupo e se limitou aos desenhos que deveria fazer. Mantive distância, evitando mais conflitos; Rose tentava amenizar o clima, sem sucesso; e Julie agia como se não tivesse uma vingança planejada para o fim daquela tarde. Tentei não pensar nisso durante as horas que passamos ocupadas com o projeto.

Depois de cumprirmos o turno do projeto daquele dia, Natally se apressou para fora da sala sem se despedir. Seth mandou uma mensagem avisando que tudo estava dentro dos conformes e que ela realmente tinha mordido a isca.

Julie me puxou pelo braço e corremos para fora da escola, em direção ao domo.

- Ela chegará lá em uns dez minutos. – Julie disse, no meio do caminho. – Temos que chegar antes dela.

Os outros garotos do time já tinham ido para casa, então ninguém mais presenciaria aquela cena (o que foi um alívio para mim). Encontramos Max e Seth dentro do vestiário, carregando dois baldes. O primeiro estava cheio de uma gosma estranha composta por lama, cola e água.

- Ajude-me aqui. – Max pediu para Julie.

Os dois rasgaram um travesseiro e encheram o segundo balde com as penas. Abri a boca, pronta para protestar. Minha melhor amiga notou e me interrompeu:

- Será divertido, Liz. Ela merece isso.

- E se alguém descobrir? – questionei.

- Aqui não tem câmeras, então ninguém nunca saberá que fomos nós. – Seth explicou.

- Em posição. – Maxwell olhou para o relógio. – Logo ela estará aqui.

Julie e Max se esconderam atrás de alguns armários do vestiário, cada um segurando um balde. Fui para perto deles, em silêncio. Discutir era inútil, eles já tinham decidido que queriam se vingar e era exatamente o que fariam.

Observei, escondida, quando Natally chegou sorridente e abraçou Seth.

- Fica tão bonito com esse uniforme. – ela comentou. O capitão ainda vestia a camiseta 34 com seu sobrenome: O'Brien.

Ouvir aquilo o abalou. Depois de ter visto os dois se beijando no baile e ouvido a conversa entre ele e Max, tornava-se cada vez mais óbvio que Seth e Natally ainda gostavam um do outro.

Ela tentou tocar o rosto dele, mas ele se afastou rapidamente. Essa era a deixa. Max correu até eles e jogou todo o conteúdo lamacento do primeiro balde na garota. Em seguida, Julie despejou as penas. Natally soltou um ganido surpreso.

- O que é isso? – ela perguntou.

Seu olhar passou de mim, para Julie e repousou nos garotos. Sua expressão começou a mudar de choque para um misto de raiva e vergonha.

- Isso é por você ser uma traidora. – a voz de Seth estava fria e cortante.

- Deixe-nos em paz. – Max ordenou.

Ela continuou parada, como se não acreditasse no que estava acontecendo. Desviei o olhar, ainda incerta se isso tudo tinha mesmo sido uma boa ideia. Lembrei do argumento de Julie: Natally era cruel e tinha magoado nossos amigos. Talvez realmente merecesse aquilo.

Sem falar mais nada, a megera saiu correndo.

- Bom trabalho, pessoal. – Julie elogiou.

Max e Seth trocaram um sorriso satisfeito.

Limpamos toda a bagunça do chão do vestiário e nos livramos de quaisquer provas de que tínhamos alguma relação com o ocorrido.

- Preciso voltar para a loja. – Max anunciou, enquanto a gente saía do domo. – Se precisarem da minha ajuda com mais alguma vingança, é só avisar.

Arte & GuerraWhere stories live. Discover now