Capítulo XXIV

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Tranquei-me no quarto assim que cheguei em casa, explicando para meus pais que que estava triste e não queria falar sobre isso. Liguei para Julie e contei tudo, enquanto chorava desesperadamente.

- Vou passar na escola e pegar os quadros que você abandonou. – ela informou. – Depois corro até aí e te salvo. Aguenta firme. – desligou a chamada.

Deitei na cama e esperei minha melhor amiga vir ao meu resgate. Abracei os restos da camiseta, odiando-me por não ter corrido rápido o bastante para impedir Natally. Talvez assim o presente de Jonathan ainda estaria inteiro.

Olhei para a cabeceira da cama, onde havia colocado duas fotos minhas acompanhada de Jonathan. Lembrei-me do dia em que foram tiradas: ele tinha me levado para um encontro em um rinque de patinação e as tiramos em uma cabine lá. Cada um ficou com duas, as minhas mostravam ele beijando minha bochecha e a gente fazendo biquinho. Será que ele tinha levado as dele para a base do exército?

A tristeza só diminuiu quando minha melhor amiga apareceu para me consolar, acompanhada de Benny e Seth. Os dois carregavam o cavalete e as telas que eu havia esquecido no domo.

- Como será um longo dia, eu trouxe reforços. Max está vindo assim que sair do trabalho. – ela informou. – Também tomei a liberdade de incluir o Bendyk na vingança. Ele já está por dentro das coisas.

Concordei, triste demais para questionar qualquer coisa. Julie sentou ao meu lado e permitiu que eu deitasse a cabeça no colo dela; Benny se aproximou e fez carinho no meu cabelo; Seth me entregou uma caixa de lencinhos.

- Eu poderia ter impedido... – falei, entre soluços. – A culpa é minha...

- Pare de remoer isso, Liz. – a voz de Julie estava gentil.

- Não tinha como você saber. – Benny argumentou.

Levei bastante tempo para me acalmar, e os três aguardaram pacientemente. Eu era realmente sortuda por ter amigos tão bons ao meu lado.

- Obrigada, gente... – agradeci, recompondo-me aos poucos.

- Garanto que parte da dor da perda da camiseta sumirá depois que nos vingarmos dela. – Julie afirmou.

Sentamos no tapete do meu quarto, em um círculo, trocando ideias sobre como poderíamos nos vingar de Natally. Meu lado consciente dizia que eu deveria deixar tudo isso para lá, que já tínhamos ido longe demais; porém, meu coração ferido queria vê-la sofrer.

A ideia que mais gostamos foi a de Julie.

- Tem certeza que isso é uma coisa importante para ela? – perguntei.

- Liz, é importante para toda garota! – Julie protestou, então corrigiu, encarando-me: – Quer dizer, para a maioria.

- Ela dá muita importância para isso. – Seth garantiu, com uma expressão sombria. Ele ainda era um mistério quando se tratava do que sentia por Natally. Ele ainda a amava? Odiava? Talvez um pouco dos dois.

- Então está decidido. – Benny disse. – Só precisamos bolar um jeito de fazer isso.

Julie pegou o celular e começou a mandar mensagens.

- Primeiro, precisamos dos materiais para isso. – falou, digitando. – Max vai cuidar disso antes de vir para cá.

Continuamos a planejar e decidimos algumas coisas. Colocaríamos o plano em prática no último dia do projeto, depois que apresentássemos as obras para a comunidade (a escola achou que seria legal exibir a arte para as pessoas da cidade). Os grupos precisariam ficar até mais tarde na escola para limpar tudo, então seria o momento perfeito. Além disso, a execução seria feira em partes, garantindo que nunca estivéssemos todos juntos. Muita gente poderia chamar a atenção dos outros colegas.

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