Capítulo IV

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Vestido todo de preto, Jonathan me esperava no estacionamento da escola no horário marcado. Ficamos algum tempo nos encarando, em silêncio. Ignorei a lembrança do beijo forjado e tentei me concentrar em outra coisa, como o fato de que o braço dele não estava mais engessado.

- Seu braço melhorou? – puxei o assunto.

Jonathan abriu um sorriso e levantou o braço.

- Tirei o gesso ontem. – contou. – Já estou bem o suficiente para sofrer outro acidente.

Rimos.

- Vamos, então? – ele me ofereceu o braço.

Não fazia ideia para onde estávamos indo, apenas entrei no carro, sem contestar. Mamãe ficaria preocupada se soubesse que aceito carona de garotos sem saber ao certo para onde vão me levar.

Durante o caminho, JoJo me contou que seu aniversário de dezoito anos seria em algumas semanas, e que ele não sabia ao certo se daria uma festa ou não.

- Os caras do time acham que seria legal. – ele falou, encarando a estrada. – Tenho medo que aqueles brutamontes destruam minha casa.

- Posso te dar uma pintura de presente. – comentei. – Aquela que você me pediu há alguns dias, durante um treino. Sei que eu provavelmente deveria fazer uma surpresa, mas não sou muito boa com isso.

Ele abriu um sorriso.

- É um bom presente. E não se preocupe, vou fingir surpresa.

- Sim, fale algo como "uau, Elizabeth, eu nem imaginava!".

- Posso até chorar se quiser, meu bem. – ele brincou. – "Você me conhece tão bem, Lizzy!".

Depois de algum tempo, JoJo parou o carro. Estávamos no estacionamento de um parque de diversões.

- Dessa vez prometo não te deixar entediada. – ele sorriu, depois que compramos nossos ingressos e entramos no parque.

É claro que o primeiro brinquedo que ele escolheu foi uma montanha-russa. Parecia uma criança correndo até a fila, rindo e comentando como seria divertido. Tentei sorrir de volta, mas por dentro eu só pedia aos céus que não vomitasse na frente dele. Não precisava de mais uma vergonha na minha enorme lista de micos.

Quando nossa vez chegou, Jonathan quis sentar na primeira fileira. Não contestei, mantive minha pose de corajosa. Até que a montanha-russa começou a subir. Nesse momento só consegui pensar que, com certeza, morreríamos como naqueles filmes de terror em que um acidente acontece e...

- Lizzy. – JoJo me chamou. – Tudo bem?

- Eu tenho um pouco de medo de altura. – revelei, abrindo um sorriso desconfortável.

- O que? – ele pareceu preocupado. – Por que não me contou?

Lembrei das vezes que Julie foi obrigada a ir nas montanhas-russas sozinha porque eu tinha medo. Ela fazia piadas sobre minha covardia no quesito aventuras. E não estava errada.

- Vou ficar bem. – menti. – Não é nada demais.

- Pode segurar a minha mão, se quiser. – ele ofereceu.

Eu poderia mentir e dizer que fui corajosa e me diverti muito, mas a verdade é que assim que a montanha-russa começou a descer, girar e sacudir para todos os lados, só consegui fechar os olhos e apertar a mão de Jonathan. Conseguia ouvir seus gritos animados ao meu lado. Pelo menos alguém estava achando aquilo divertido.

Fui a última a descer do brinquedo porque estava com as pernas bambas. Jonathan me ajudou a sair dali e sentar em um banco. Fechei os olhos e esperei a vontade de vomitar passar.

Arte & GuerraWhere stories live. Discover now