Capítulo XVI

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No começo da noite daquele dia, fui até a casa de Julie a fim de contar sobre o café da manhã super constrangedor que tive com Anna Marie, e o fato de que Ryan também estava deixando a cidade. Não fazia ideia de como ela reagiria, mas ela tinha o direito de saber.

Encontrei minha melhor amiga na sala de estar, sentada ao lado de Maxwell. Eles estavam dividindo um pote de pipoca e comentando sobre o reality show de baixo orçamento que assistiam.

- Ora, ora, meu raio de sol resolveu aparecer. – ela me lançou um sorriso.

Revirei os olhos e sentei ao lado deles.

- Como foi a sua noite? – Julie provocou. – Notei que você e Jonathan desapareceram de repente...

- A mãe dele nos encontrou dormindo no quarto hoje de manhã. – contei.

Resumi os acontecimentos, enquanto Julie e Max me encaravam.

- Caramba. – foi o comentário dele.

Julie parecia querer rir, mas não o fez. Ainda bem. Já tinha sido humilhante o suficiente. Soltei um suspiro, esticando-me para pegar a pipoca que estava no colo de Max.

Tentei focar no programa que estava na televisão, mas a minha mente voltava para a notícia sobre Jonathan e Ryan. Achei que seria fácil contar, entretanto, ao ver minha melhor amiga, senti um nó na garganta.

- Tenho uma notícia. – falei, num impulso de coragem.

Os dois me encararam. Julie arqueou as sobrancelhas, esperando que eu continuasse.

- Adivinha quem foi convocado? – tentei abrir um sorriso para diminuir a gravidade do que eu estava prestes a contar.

Julie me olhou, abismada.

- Jonathan?

- Não foi só... – engoli em seco. – Só o Jonathan.

A expressão de Max se tornou séria, e Julie empalideceu.

- Ryan? – a voz dela estava baixa.

- O exército está convocando novos soldados para que possam trocar de lugar com os antigos... – comecei a explicar, mas ela não parecia me ouvir.

Julie estava com os olhos cheios de lágrimas, encarando as próprias mãos. Max passou os braços ao redor dela, e disse, tentando reconfortá-la:

- Pelo menos, eles estarão juntos e poderão cuidar um do outro.

Eu não tinha pensado naquilo. Era um ponto positivo, mas ainda assim parecia injusto que fossem arriscar a vida em uma guerra, principalmente por escolha própria.

- Quando eles vão? – Julie quis saber.

- Em duas semanas.

Silêncio. Max se levantou e disse que faria um chocolate quente para nós. Segui-o com o olhar, enquanto desaparecia pela porta da cozinha.

- Achei que não ficaria triste se me afastasse dele, mas está doendo do mesmo jeito. – ela falou. – Por que, Liz?

- Porque ele é o amor da sua vida e vê-lo partir dói. – constatei o óbvio.

Ela fez uma careta.

- Já falamos sobre isso. – disse.

- Sim. – concordei. – E como sua melhor amiga, conheço você e seus sentimentos como ninguém.

Ela me encarou, pensando no que responder, mas não teve tempo de discutir, já que Max voltou segurando duas xícaras fumegantes. Quando entregou uma para Julie, ela começou a chorar, olhando para o chocolate quente.

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