Durante a semana que se seguiu depois do término entre Julie e Ryan, minha melhor amiga parecia em outro mundo. A rotina dela se tornou ir até a escola e fingir prestar atenção nas aulas, depois voltar comigo para casa (alegou que não queria ficar sozinha) e sentar no meu sofá. A mãe dela entendeu perfeitamente o motivo de a filha estar "acampando" na minha casa: precisava de uma melhor amiga em tempo integral.
Depois de ouvir a garota chorando escondida no banheiro algumas vezes, tentei distraí-la, talvez uma ida ao shopping fizesse bem. Mas nem assim Julie conseguiu disfarçar a cara de enterro. Foi então que deduzi que ela precisava de um tempo.
Sempre que eu a questionava sobre o motivo de não voltar para o Ryan e simplesmente voltar a ser feliz, ela respondia:
- Ele faz parte do exército agora. Se a gente ainda estiver namorando quando ele for servir longe de mim, será muito pior para nós dois. É o melhor, Liz.
Mesmo que ela insistisse nisso, eu e ela sabíamos que não era o melhor. Ryan ligava escondido todos os dias para me perguntar se ela mudou de ideia ou se já tinha superado. A resposta era sempre a mesma:
- Não, ela não mudou de ideia e nem superou.
Algumas vezes, Jonathan ligava para mim quando Ryan aparecia na casa dele e começava a se lamentar, como agora. Olhei para o relógio: dez horas da noite. Saí do meu quarto, deixando Julie e um filme de drama para trás.
- Sei que é tarde, e me desculpe por te ligar, mas o Ryan está aqui em casa de novo, insistindo para que eu te peça para convencer Julie a voltar com ele. – ele comentou ao telefone, com um longo suspiro. Era a terceira vez essa semana. – De novo.
- Julie insiste que não conseguirá conviver com esse lance do exército. – comentei, indo até a cozinha.
- Eu não entendo... – a voz de Jonathan soou confusa do outro lado da linha. – Ela sempre soube que esse era o sonho dele, não faz sentido terminar agora.
- Segundo ela, é o melhor para os dois. – falei.
- Ah, pelo amor de Deus! – JoJo soou exasperado. – Todos nós sabemos que não é!
- Ir até a sua casa e te obrigar a me ligar também não ajudará ninguém. – reclamei. – Não podemos obrigá-los a voltar, eles precisam conversar e resolver isso.
- Acha que consegue convencer Julie a encontrar com ele amanhã? – Jonathan perguntou.
Pensei por um instante. Minha melhor amiga realmente não parecia disposta a conversar com Ryan, nem vê-lo, e com certeza me mataria se soubesse que estou tramando esse encontro pelas costas dela.
- Não. – fui sincera. – Mas posso fingir que não sei de nada.
- Ele aparece lá comigo, nós dois saímos de perto e eles não terão outra escolha a não ser conversar. – Jonathan traçou o plano.
- Parece ótimo. – ironizei. – Julie vai adorar.
O garoto riu do outro lado da linha.
- Talvez dê certo, eles voltem e sejamos os heróis.
- Ou ela me mate.
- Também é uma possibilidade. – ele concordou. – Vamos torcer para que isso não aconteça.
Na manhã seguinte, segui o plano de fingir que não sabia de nada. Quando Julie e eu chegamos perto da escola, Ryan veio em nossa direção. Jonathan não estava com ele, então deduzi que já tinha fugido da cena. Fiz o mesmo.
Minha primeira aula era, na verdade, um horário vago que eu usava para adiantar projetos escolares, estudar ou pintar. Hoje, escolhi a última opção. Fui até a sala do clube de arte.
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Arte & Guerra
RomanceElizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jonathan joga no time de hóquei da escola e sonha em servir ao exército. Duas pessoas que aparentemente não tinham nada em comum, começam a se...