Capítulo V

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Durante a semana que se seguiu depois do término entre Julie e Ryan, minha melhor amiga parecia em outro mundo. A rotina dela se tornou ir até a escola e fingir prestar atenção nas aulas, depois voltar comigo para casa (alegou que não queria ficar sozinha) e sentar no meu sofá. A mãe dela entendeu perfeitamente o motivo de a filha estar "acampando" na minha casa: precisava de uma melhor amiga em tempo integral.

Depois de ouvir a garota chorando escondida no banheiro algumas vezes, tentei distraí-la, talvez uma ida ao shopping fizesse bem. Mas nem assim Julie conseguiu disfarçar a cara de enterro. Foi então que deduzi que ela precisava de um tempo.

Sempre que eu a questionava sobre o motivo de não voltar para o Ryan e simplesmente voltar a ser feliz, ela respondia:

- Ele faz parte do exército agora. Se a gente ainda estiver namorando quando ele for servir longe de mim, será muito pior para nós dois. É o melhor, Liz.

Mesmo que ela insistisse nisso, eu e ela sabíamos que não era o melhor. Ryan ligava escondido todos os dias para me perguntar se ela mudou de ideia ou se já tinha superado. A resposta era sempre a mesma:

- Não, ela não mudou de ideia e nem superou.

Algumas vezes, Jonathan ligava para mim quando Ryan aparecia na casa dele e começava a se lamentar, como agora. Olhei para o relógio: dez horas da noite. Saí do meu quarto, deixando Julie e um filme de drama para trás.

- Sei que é tarde, e me desculpe por te ligar, mas o Ryan está aqui em casa de novo, insistindo para que eu te peça para convencer Julie a voltar com ele. – ele comentou ao telefone, com um longo suspiro. Era a terceira vez essa semana. – De novo.

- Julie insiste que não conseguirá conviver com esse lance do exército. – comentei, indo até a cozinha.

- Eu não entendo... – a voz de Jonathan soou confusa do outro lado da linha. – Ela sempre soube que esse era o sonho dele, não faz sentido terminar agora.

- Segundo ela, é o melhor para os dois. – falei.

- Ah, pelo amor de Deus! – JoJo soou exasperado. – Todos nós sabemos que não é!

- Ir até a sua casa e te obrigar a me ligar também não ajudará ninguém. – reclamei. – Não podemos obrigá-los a voltar, eles precisam conversar e resolver isso.

- Acha que consegue convencer Julie a encontrar com ele amanhã? – Jonathan perguntou.

Pensei por um instante. Minha melhor amiga realmente não parecia disposta a conversar com Ryan, nem vê-lo, e com certeza me mataria se soubesse que estou tramando esse encontro pelas costas dela.

- Não. – fui sincera. – Mas posso fingir que não sei de nada.

- Ele aparece lá comigo, nós dois saímos de perto e eles não terão outra escolha a não ser conversar. – Jonathan traçou o plano.

- Parece ótimo. – ironizei. – Julie vai adorar.

O garoto riu do outro lado da linha.

- Talvez dê certo, eles voltem e sejamos os heróis.

- Ou ela me mate.

- Também é uma possibilidade. – ele concordou. – Vamos torcer para que isso não aconteça.

Na manhã seguinte, segui o plano de fingir que não sabia de nada. Quando Julie e eu chegamos perto da escola, Ryan veio em nossa direção. Jonathan não estava com ele, então deduzi que já tinha fugido da cena. Fiz o mesmo.

Minha primeira aula era, na verdade, um horário vago que eu usava para adiantar projetos escolares, estudar ou pintar. Hoje, escolhi a última opção. Fui até a sala do clube de arte.

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