Capítulo XXIX

262 21 1
                                    

Terminamos a decoração quase no final de semana. No sábado, mamãe deu uma pequena festa com os amigos mais próximos - isso incluía as famílias de Julie e Benny - para mostrar o nosso trabalho e celebrar. Minha melhor amiga e eu passamos a noite inteira tentando tirar informações do meu vizinho sobre seu novo romance, mas ele alegou que sequer lembrava de quem estávamos falando.

- Eu a vi com a sua mãe outro dia. – falei. – Vai mesmo insistir que não tem nada acontecendo?

Benny Bu arqueou as sobrancelhas.

- Anda me espionando? – brincou. – Isso é assustador, Liz.

- Queremos a verdade. – Julie cruzou os braços.

Com a desculpa de que precisávamos conversar com ele, afastamos o garoto das demais pessoas da festa, para que pudéssemos fazer o interrogatório em paz. Nossos pais estavam na sala, bebendo vinho e conversando animados.

- Eu não sei de quem vocês estão falando.

Juntas, começamos a mostrar as anotações que reunimos durante a semana: todos os dias e horários que vimos os dois juntos.

- Malucas. – ele segurava o papel com as nossas anotações. – Eu poderia denunciar vocês duas, sabiam?

- Não fizemos nada demais. – Julie fez biquinho.

Benny cruzou os braços e nos olhou, sério.

- Se vocês pudessem se ver...

Pensando bem, ele estava certo, era de fato assustador, mas não nos importávamos, só queríamos confirmar nossa teoria de que Bendyk estava apaixonado.

- Responde a nossa pergunta. – pedi.

- Não tem nada acontecendo. – ele garantiu. – Ela é só uma garota com quem eu curti ficar. Só isso.

Julie semicerrou os olhos, mostrando que não estava convencida.

- Eu contaria para vocês por dois simples motivos. – Benny suspirou. – O primeiro é que não faço ideia de como agir em um relacionamento, já que nunca tive vontade de ter um. E o outro é que as mocinhas são tão curiosas que acabariam descobrindo de qualquer jeito.

- Obrigada por reconhecer nossas habilidades de investigação. – Julie piscou.

Decidimos deixá-lo em paz durante o resto da noite de sábado, mas passamos o domingo bisbilhotando o quarto dele, esperando ver a garota. Como não tivemos nenhum sinal, deduzimos que talvez não fosse realmente nada demais.

No início da semana seguinte, fomos até a escola para falar com a senhora Smith sobre o contrato das vendas dos quadros e acertar os últimos detalhes.

Ao chegar na sala do clube de artes, Rose veio ao nosso encontro.

- Recebemos uma oferta para outro quadro. – ela sorriu.

- É mesmo?

Ela tirou um papel do bolso e me mostrou: quase mil pratas.

- Isso é muito dinheiro! – exclamei surpresa.

- Garota, você é talentosa. – Julie piscou para mim, orgulhosa.

Rose disse que eu não precisava me preocupar com nada e que ela cuidaria de todos os trâmites do negócio.

- Por que é você quem está cuidando disso? – Julie quis saber. – Não deveria ser a senhora Smith?

- Cuidar das vendas do projeto vai contar como serviço comunitário para me ajudar na faculdade. – ela explicou.

Arte & GuerraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora