Depois de sair da casa de Jonathan ontem, não consegui parar de pensar na carta e o que poderia estar escrito nela, mas não reuni coragem suficiente para lê-la. Eu realmente não queria começar a chorar de novo.
Decidi que eu leria depois de voltar do clube de artes. Trabalhar no projeto estava sendo maravilhoso para mim. O foco na arte me impedia de surtar por ainda não ter recebido nenhuma notícia de Jonathan.
Rose revelou várias fotos e começou a espalhá-las em uma mesa, enquanto discutíamos quais delas usaríamos. Optei por algumas que mostravam os laboratórios da escola, o corredor com os troféus dos times e as árvores que ficavam perto da escadaria de entrada do prédio. Julie estava ocupada entalhando as molduras, parecia extremamente concentrada com a testa franzida e os lábios apertados em uma linha fina. Natally não apareceu em momento algum.
- Ela deve estar de pirraça. – minha melhor amiga deu de ombros. – Rose, me passa aquela goiva.
- O que? – a garota pareceu confusa.
Depois de tanto tempo convivendo com Julie, eu acabei aprendendo sobre esses instrumentos de esculpir/entalhar.
- Aquela coisa com a ponta no formato da letra "v". – expliquei.
Peguei um godê (uma espécie de bandeja para misturar as tintas) e comecei a pensar em como combinar as cores para conseguir os tons perfeitos, afinal só usaríamos preto, verde e amarelo. Sentei ne frente do cavalete e comecei a pincelar, criando traços. Seria um pouco mais trabalhoso do que o que eu costumava pintar, mas valeria a pena.
Na hora de ir embora, Benny me mandou uma mensagem pedindo carona. Atravessei o gramado da escola, indo até onde o time de hóquei treinava: uma arena em forma de domo.
Os jogadores estavam reunidos no banco, repassando os passes e jogadas que tinham treinado hoje. Benny, Tommy, Seth e alguns veteranos estavam lá, junto com um bando de novatos. Sentei e esperei os garotos terminarem a conversa. Meu vizinho e o ex-capitão do time vieram na minha direção, segurando os patins.
- Tudo bem? – Seth perguntou.
- Acho que com o tempo melhora. – respondi.
- Todos nós sentimos falta dele, Liz. – ele tocou meu ombro. – Principalmente, os veteranos do time. A maioria de nós jogamos juntos desde que estávamos no ensino fundamental.
- Eu imagino. – sorri para ele.
- Se precisar de alguma coisa, é só ligar. – Seth falou, enquanto nós três caminhávamos até o estacionamento da escola.
Agradeci e nos despedimos. Benny e eu entramos no meu carro. Ele jogou os equipamentos de proteção e os patins no banco de trás.
- Você jogou um defunto no meu carro. – abri as janelas por causa do cheiro de suor.
- É o preço do sucesso. – ele deu de ombros.
Dei partida no carro. Enquanto Benny Bu escolhia uma música para ouvirmos, meu telefone tocou. Ele atendeu e Julie gritou pelo viva voz:
- O Ryan falou comigo!
- E aí? – não contive a ansiedade em minha voz. – Como eles estão?
- Eles estão em bases diferentes por enquanto, mas me garantiu que Jonathan está bem. – ela explicou. Senti a decepção tomar conta do meu coração. – Ao que parece, logo estarão juntos de novo.
- Legal. – tentei fingir que estava empolgada.
Senti os olhos marejarem e segurei as lágrimas, focando no volante e no caminho. Julie falava sem parar sobre como foi a conversa entre ela e Ryan, que ele era um fofo e disse que sentia saudade dela. Eu ficava feliz por ela, entretanto, não conseguia evitar a chateação por Jonathan não ter me ligado. Será que estava mesmo bem?
YOU ARE READING
Arte & Guerra
RomanceElizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jonathan joga no time de hóquei da escola e sonha em servir ao exército. Duas pessoas que aparentemente não tinham nada em comum, começam a se...