London London III - Uma Vitoriana no Século XXI

Capítulo 6

Gabrielle foi embora no outro dia e Anne ficou aliviada. Quando estavam sozinhos, Robert perguntou o que ela achou do Pub. 

"Mmm.. Não sei.. Diferente. Não sei se estava pronta pra ver tudo aquilo" ela respondeu e ele assentiu entendendo o que ela quis dizer. 

Pigarreou, mudando de assunto e perguntou sobre o celular. "Estou aprendendo ainda, mas acho que estou indo bem" ela respondeu sorrindo. 

"Tudo que você quiser saber, você digita no Google, ele vai te responder" ele havia dito, quando a ensinou como usar o celular. 

Então todas as noites, antes de dormir ela fazia perguntas e lia os artigos com as respostas. De vez em quando assistia vídeos sobre o assunto. Seu tutor era o senhor Google, ela falava para si mesma, brincando. 

Pesquisou sobre comportamento, comunicação, palavras usadas por jovens de sua idade e beijos. Assistiu muitos vídeos e percebeu que o beijo que ela dera no baile, não era nada comparado àqueles beijos. 

Na época ela pensou que todos os beijos seriam ruins, mas agora ela achava que o dela não havia sido uma boa experiência, mas os de outras pessoas pareciam ser. 

"Robert parecia gostar dos beijos de Gabrielle" murmurou pensando sobre a noite do Pub. 

…….. 

Nos dias que ficaram sem hóspedes, ela aproveitou para voltar ao casarão. Chegou lá, respirou fundo e entrou. 

Encontrou a recepcionista que logo a reconheceu. "Hey, que bom que você voltou!" ela disse chamando Anne até o balcão. 

"Meu nome é Debbie a propósito" disse se apresentando. "Anne" respondeu sorrindo. 

"Certo.. Vou fazer um crachá para você, assim terá acesso a qualquer lugar da casa" disse virando para o computador. "Qual seu sobrenome Anne?" 

"Birdwhistle.. Anne Birdwhistle" disse e ela fez um cadastro. Pegou o documento dela, tirou um retrato para o cadastro e imprimiu o crachá. 

Anne ficou abismada com a rapidez com que tudo foi feito. Colocou o cordão pelo pescoço e foi com Debbie até a cozinha. 

"Quando quiser tomar um chá, água ou café.. Fique a vontade" ela disse mostrando onde as coisas ficavam. "No momento será um trabalho voluntário, mas se houver interesse por parte das pessoas podemos montar aulas. Costumamos cobrar pouco, mas você poderá ganhar uma porcentagem do valor recebido" disse animada e Anne assentiu sorrindo. 

Só de poder ficar ali dentro e tocar seu piano já era pagamento suficiente, mas não disse nada. Achou melhor fazer as perguntas aos poucos, assim que surgisse a oportunidade ela tentaria saber sobre os diários. 

Pegou uma flanela e um produto para polir a madeira. Não tinha ninguém na biblioteca então limpou todo o piano e o afinou. Então sentou-se e tocou emocionada. Quando terminou ouviu palmas. 

Virou e viu um homem sentado na poltrona. Ele era lindo, alto, cabelos castanhos ondulados e olhos azuis. Um azul tão claro que parecia quase transparente. 

Anne prendeu a respiração e fez uma reverência agradecendo. 

"Eu que tenho que te agradecer!" ele disse se levantando "Esse piano estava aí e ninguém o tocava. Sabia que um dia, alguém se interessaria!" foi até ela e se apresentou "Sou Anthony".

"Anne" ela disse se levantando. "O senhor trabalha aqui?" ela perguntou. 

"Na verdade a casa é minha.. Não moro aqui em Londres, mas venho com frequência. Adoro o que criamos aqui e confesso que te ouvir foi uma grata surpresa" disse sorrindo a convidando para sentar-se com ele.