Capítulo 7

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Alguns dias se passaram, novos hóspedes chegaram e depois de os receber, Anne foi para o casarão. 

Entrou e deixou seu casaco e o guarda chuva no quarto dos funcionários. Estava um dia frio e ela ainda não tivera tempo de olhar as tendas do lado de fora. Tentaria quando não estivesse chovendo. 

Tomou um chá enquanto conversava com algumas pessoas e então se dirigiu para a biblioteca. Havia algumas pessoas lá. Ela escolheu uma canção que ouviu no dia do casamento de Samantha e imaginou que estava tocando para sua família e seus queridos amigos. 

Ouviu aplausos e agradeceu. Quando fechou a tampa do piano, Anthony foi até ela. "Olá Anne, como vai?" ele disse, mas quando chegou perto dela percebeu seus olhos marejados. "Aconteceu alguma coisa?" sussurrou. 

"Oh.. Não, está tudo bem. Não se preocupe." disse enxugando uma lágrima. 

"Vamos comigo até o escritório" ele ofereceu e ela o seguiu. Quando se deu conta que estava entrando no escritório de Christopher, ela prendeu a respiração e começou a tremer. 

Seu coração batia tão rápido que ela achou que ele poderia ouvir. Ele ofereceu a ela uma xícara de chá e sentaram-se na poltrona. 

"Bom.. agora estamos só nós dois, pode me dizer, se quiser, o que está acontecendo" ele disse educadamente. 

Anne comparou o comportamento dele, com o de Robert. Eles eram muito diferentes. Robert tinha um vocabulário diferente do de Anthony e se vestia mais desleixado também. Anthony quase parecia alguém de seu século. Era educado, polido e se vestia com rigor. 

Ela suspirou e disse que quando tocava se sentia próxima à família, que já havia falecido. 

"Oh sinto muito" ele disse tocando em sua mão e ela agradeceu. 

"Foi com minha mãe que aprendi a tocar piano, por isso me comove tanto". 

"Eu também não tenho mais minha família, sei como se sente" disse apoiando a xícara na mesinha ao lado. 

Anne aproveitou a deixa para perguntar mais sobre a família dele. Ele, então, contou que tinha três irmãos mais velhos. Mas aquela casa foi deixada para ele. 

"O senhor não quis morar aqui?" ela perguntou e ele disse que a casa era muito grande para ele. 

"Moro sozinho, sou solteiro, o que eu faria em uma casa tão grande como essa?" disse sorrindo e ela concordou. 

"Eu sempre gostei da história que a envolvia, então resolvi a transformar em um centro cultural. Temos leitura de poesias vitorianas, nas tendas deixamos algumas roupas e acessórios para que as pessoas possam ter uma experiência daquela época, você já visitou?". 

"Ainda não, pensei em olhar as tendas hoje, mas por causa da chuva, acabei deixando pra depois" ela confidenciou e ele assentiu. 

Seu celular fez um bipe e se desculpando ela o retirou do bolso e viu "está tudo bem por aí?". Ela sorriu e o guardou novamente. 

"Não vai responder? Seu namorado deve estar querendo notícias suas". Ele disse. 

"Não era importante, posso responder depois" ela respondeu e ele assentiu. 

Ela o intrigava e ele não conseguiu saber se ela era solteira. Gostou de como ela era educada, parecia uma personagem vitoriana, linda, com as bochechas coradas e os lábios rosados. 

"Sua família era de Londres?" ele perguntou e ela achou melhor se manter o mais fiel possível da verdade. Ele sendo um Pusset, provavelmente saberia de onde o sobrenome dela se originou. 

London London III - Uma Vitoriana no Século XXI Where stories live. Discover now