Quem poderia Imaginar

Nunca duvide...

PIETRO MONTELLATO

Eu me sinto tão feliz.

Pode parecer mentira, mas faz anos que não me sinto dessa forma, verdadeiramente feliz, sem ter que forçar sorrisos, sem ter que mentir sobre a forma como realmente me sinto. O momento mais feliz da minha vida, foi quando eu segurei minha filha nos braços pela primeira vez, um amor tão grande surgiu dentro de mim, um instinto protetor, uma necessidade de ser o melhor pai do mundo para aquele serzinho indefeso em meus braços, eu a olhei e senti como se meu mundo inteiro estivesse em meus braços, a razão do meu viver, minha filha Sabrina. O amor que sinto por minha filha não mudou, ele preenche meu coração de uma forma inexplicável, ela é o meu bem mais precioso. Mesmo tendo a honra de ser pai da Sabrina, fazia anos em que eu não me sentia verdadeiramente feliz, que eu me sentia amado e cuidado, eu nunca soube valorizar esses sentimentos até o momento em que Maria os trouxe para minha vida. Eu não poderia imaginar que ela traria uma mudança tão grande para minha vida e principalmente para dentro de mim, para dentro de um coração quebrado e ferido. Amar Maria está me curando, está despertando algo novo dentro de mim, algo que nunca experimentei antes. Eu fico complemente bobo com um sorriso dela, eu fico acordado de madrugada velando seu sono, eu me sinto tão bem quando ela me abraça, mesmo sendo baixinha e pequena quando ela me abraça, ela me envolve em um bolha de amor e calor que só ela seria capaz de criar, quando ouço sua risada meu coração se agita dentro do peito, quando me sinto cansado ou estressado o seu cuidado e a sua calma me trazem paz, minha vida ficou mais leve depois que Maria se tornou parte dela, não sei como demorei tanto tempo para admitir meus sentimentos, hoje eu não sei se conseguiria viver sem ela.

Amar Maria não é difícil, não há barreiras ou defeitos nela que me impeçam de fazer tal coisa, eu simplesmente me entreguei a ela, entreguei meu coração assim com ela me entregou o seu, desde então tudo entre nós tem fluido com leveza, tem sido natural e verdadeiro, o único problema são as pessoas não reconhecerem isso, são as pessoas ignorantes e preconceituosas que pensam que tudo é baseado em interesse e falsidade. Quando levei Maria para almoçar comigo em meu restaurante favorito a recepcionista não gostou nenhum pouco de descobrir que Maria era minha mulher e não minha filha eu notei que isso a incomodou bastante e sei que constrangeu Maria também, mas essa situação não me causou tanta raiva quanto no dia em que a segurei em meus braços enquanto ela derramava lágrimas e mais lágrimas por causa do pré julgamento de uma garota mimada, eu não suporto ver Maria aos prantos, dói tanto não poder arrancar a dor e a tristeza que ela sente e o pior de tudo é que isso pode acontecer novamente pelo simples fato de as pessoas terem a mente fechada e não entenderem que o que sentimos um pelo outro é verdadeiro.

Enquanto penso nessas milhares de coisas eu estou em meu quarto trabalhando, quando disse para Maria que eu queria passar mais tempo com ela eu estava sendo sincero, já faz alguns dias que me afastei um pouco da empresa, deixei um sócio e amigo meu de confiança a frente de todas as reuniões e decisões, sei que posso confiar nele de olhos fechados, é por isso que estou neste momento apenas respondendo alguns e-mails para enfim aproveitar o dia com minha mulher, tirar um tempo para mim longe da empresa não é tão ruim e preocupante quanto eu imaginava, estou me sentindo muito bem, mais descansado e disposto. De repente ouço batidas suaves na porta do quarto e um leve sorriso surge em meus lábios.

-Pode entrar.- Respondo desviando meus olhos da tela do computador para a porta.

A porta se abre lentamente sem fazer ruído algum, Maria inclina a cabeça pela fresta e olha em minha direção, com um sorriso envergonhado ela diz.

-Preciso falar com você está muito ocupado?- Ela pergunta com seu jeitinho meigo.

-Não estou amor pode falar.- respondo abaixando a tela do laptop e o colocando na mesinha ao lado da minha poltrona.