Se Deus quiser...

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MARIA GONÇALVES

Olhei para a mão onde minha aliança costumava ficar. Em momentos no qual eu ficava distraída tinha o costume de ficar girando ela e torno do dedo e mais uma vez por impulso fui fazer isso, só que ela não está mais aqui. Toda vez que me pego cometendo o mesmo erro isso me deixa ainda mais triste, porque eu me lembro de Pietro e lembrar que não estamos mais juntos dói demais.

-Maria!- a voz de Gabi me despertou de meus devaneios. Agora ela é a gerente da confeitaria onde trabalho.

-Oi? O que disse?- perguntei sem graça.

-Maria o que está acontecendo com você hoje? Está distraída...É a terceira vez que você anota e entrega um pedido errado.- falou colocando a bandeja sobre o balcão.

-O que? Tem certeza?

-Absoluta!- ela respondeu de modo sério e então me estendeu o canhoto onde estava anotado o pedido da mesa 5.

Olhei as informações no papel e o que eu havia colocado na bandeja, estava tudo errado.

-Me desculpa Gabi, e-eu vou arrumar agora mesmo!- falei segurando as bordas da bandeja mas ela me impediu.

-Não precisa pode deixar que eu mesma faço isso.- abaixei a cabeça me sentindo envergonhada.- Olha da pra ver que você está com algum problema então faz assim tira uns tempinho de descanso de 30 minutos depois você volta ok?

Eu até pensei em recusar, mas eu estava realmente precisando daquela pausa, minha mente já não estava aguentando mais.

-Tá, muito obrigada.- Forcei um sorriso e caminhei até o fundo da confeitaria.

Tirei a touca e o avental que eu vestia e peguei meu celular no armário onde guardo minhas coisas. Sai pela porta dos fundos e comecei a andar pela rua, como eu teria uma pausa de 30 minutos decidi ir até uma pracinha que tem aqui perto, gosto muito de lá o clima é bem agradável. Quando finalmente cheguei a praça procurei por um banco de madeira vazio e me sentei. Respirei fundo e fechei o meus olhos por breves segundos, quando os abri novamente fiquei olhando para as crianças que brincavam e corriam pelos brinquedos do parque.

Já faz uma semana.

Uma semana desde a minha briga com Pietro.

Uma semana que terminamos nosso relacionamento.

Uma semana que ele me expulsou de seu apartamento.

Uma semana que não nos vemos e nem nos falamos.

Me recordo perfeitamente da forma que Sabrina me olhou quando chegou em casa após a "conversa com seu pai", eu já não estava com expetativas muito altas e quando ela apareceu com duas malas minhas em casa, minhas expetativas desapareceram por completo e eu soube que era o fim de verdade e eu tive que me segurar muito para não desmoronar na frente dela e minha família.

Naquele dia passamos a tarde toda juntas no meu quarto conversando, ela me contou a forma como encontrou Pietro. O apartamento completamente destruído, ele estava transtornado, e cheirava a bebida, ela disse que nunca o viu tão afetado assim, ela estava surpresa pois seu pai nunca fora de demonstrar seus sentimentos de modo tão explícito assim, e isso me preocupou muito, tive vontade de sair correndo e ir até o apartamento ver como ele estava mas sabia que seria um grande erro, em seguida ela me contou sobre a discussão que eles tiveram e eu me senti culpada por saber que eu fui o motivo de eles terem brigado, mesmo ela negando. Sabrina teve que voltar para Londres a dois dias atrás, e mesmo com todos os acontecimentos ruins e inesperados foi bom tê-la por perto durante esses últimos dias.

Confesso que tem sido muito difícil pra mim lidar com toda essa situação. As vezes minha mente me engana me fazendo pensar que Pietro e eu ainda estamos juntos e que a qualquer momento eu posso mandar uma mensagem pra ele ou então que vou sair do trabalho e ir para o apartamento onde vamos nos ver após uma dia cansativo e estressante, nós vamos tomar banho, colocar uma roupa confortável e vamos assistir algum filme enquanto comemos pizza. Mas então tão rápido quanto eu me engano eu me lembro da verdade e isso torna tudo ainda mais doloroso.

Quem poderia ImaginarWhere stories live. Discover now