Culpa e mentiras

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PIETRO MONTELLATO

Já faz algumas semanas desde que eu e Maria passamos dois dias completamente sozinhos na fazenda. Eu faria de tudo para poder voltar no tempo e reviver cada segundo naquele lugar, tudo aconteceu de forma ainda mais intensa e perfeita do que pude imaginar, ver o sorriso da minha menina a todo momento estampar o seu rosto fez eu me sentir o cara mais feliz do mundo, eu era a razão de seus sorrisos, estava fazendo ela feliz, e a sua felicidade era a minha.

Depois que voltamos de nossos dois dias perfeitos no paraíso a rotina da vida agitada nos pegou de surpresa, estávamos tão perdidos em nossa bolha de amor que nem lembravamos que havia uma vida cheia de compromissos e obrigações aqui fora nos esperando. Minha empresa apresentou alguns problemas que exigiram minha presença para resolvê-los ou seja eu não poderia ficar escondido em meu quarto sentado em minha poltrona enquanto respondia diversos emails, eu precisaria voltar ao mundo dos negócios e entregar o melhor de mim, meu único medo era deixar minha Maria de lado, era de estar tão atarefado ao ponto de não conseguir dar a atenção que ela merece e demonstrar o quanto a amo, mas eu não tive que me preocupar com isso por muito tempo pois namoro a mulher mais madura e compreensiva que já conheci, eu e Maria fizemos dar certo e mesmo em meio a correria e ao cansaço do dia a dia nós temos tempo de cultivar o nosso amor, e confesso que é ele quem me enche de forças para continuar.

Sinto que todos os momentos que vivemos juntos e principalmente aqueles dois dias na fazenda ajudaram a intensificar nossa relação, nos tornamos mais próximos, mais íntimos e começamos a aprender mais sobre o outro, não somente coisas superficias como cor ou comida favorita mas sim algo mais profundo, como se estivéssemos desvendando a alma um do outro. Nunca me relacionei tão profundamente com ninguém, talvez por medo ou então por não saber como, mas com Maria foi fácil as coisas fluiram e quando eu me dei conta eu já fazia parte dela, assim como ela de mim.

Cheguei do trabalho e encontrei o apartamento vazio, é tão ruim chegar primeiro que Maria, é como se a presença dela trouxesse um calor para dentro da casa, é como se assim que eu entrasse fosse envolvido por seu abraço, eu amo quando isso acontece.

Suspiro cansado deixando meus ombros cairem, tiro meus sapatos e desabotoou meu blazer preto. Caminho até meu quarto se acender as luzes, estou cansado demais até para isso. Quando chego ao quarto sinto o cheiro do perfume doce da minha mulher pelo ambiente, esse cheiro ficou impregnado em minha mente, é o cheiro dela, é a sua essência doce e suave que eu tanto amo. Largo o blazer sobre a poltrona perto da parede e jogo meu corpo sobre a cama, fecho meus olhos tentando relaxar, preciso de um banho e estou faminto mas estou sem forças para realizar tais tarefas, parecem insignificantes perto da oportunidade de tirar um cochilo.

De repente um som alto e irritante tilinta fazendo meus ouvidos doerem, é o som de meu celular tocando, decido ignorar e continuar deitado com os olhos fechados, mas então minha mente começa a me acusar.

E se for algum problema no trabalho?

E se Sabrina precisa conversar comigo sobre algo importante?

E se aconteceu algo grave com Maria?

Meu coração se comprime e eu sinto a necessidaxe absurda de atender a ligação, me levanto da cama e ando até a poltrona onde larguei meu blazer, tiro o celular do bolso e fico em estado de alerta quando leio o nome: Katherine, meu coração acelera e me vejo na obrigação de atender.

-Olá Katherine

-Pietro! Quero que me explique porque minha neta se voltou contra mim e saiu da minha casa?

Quem poderia ImaginarWhere stories live. Discover now