Quem poderia Imaginar

É possível consertar o passado?

PIETRO MONTELLATO

-Senhoras e senhores passageiros, bem-vindos ao voo 0736 com destino a...-Parei de prestar atenção antes mesmo que a aeromoça completasse a frase.

Tudo o que eu conseguia pensar era em Maria, minha menina.

Me lembro perfeitamente da forma que ela me olhou segundos antes de eu ir embora de sua casa. Os seus olhos azuis estavam avermelhados com lágrimas prestes a serem derrubadas. Quando fecho meus olhos consigo me transportar para aquele momento quando ela estava em meus braços e eu era tomado por seu delicioso perfume de baunilha, o calor de nossos corpos juntos, é a melhor sensação da vida, senti tanta falta disso que não sei nem explicar.

Ainda dói saber que eu não a tenho por completo, que eu ainda preciso me esforçar muito para conquistar sua confiança e me tornar digno dela novamente, mas somente o fato de ouvir de seus lábios que ela ainda me ama me trouxe a esperança que eu precisava. Eu terei minha mulher de volta e quando isso acontecer nada nesse mundo será capaz de nos separar novamente.

Quando ouvi Maria dizer que não podíamos voltar a ficar juntos eu achei que era o meu fim, a dor de sua rejeição começou a me consumir em questão de segundos, eu estava totalmente disposto a implorar e me humilhar diante dela, mas quando Maria começou a me dizer todas aquelas coisas sobre perdão e amor, foi como se escamas caíssem de meus olhos. Passei alguns dias refletindo sobre tudo o que ela me disse, confesso que foi doloroso assimilar cada uma de suas palavras pois em alguns momentos cheguei a pensar que para ela meu amor já não tinha mais valor, mas depois de um tempo comecei a compreender o que Maria estava tentado me ensinar e foi assim que tomei a coragem de ir resolver alguns problemas que me atormentam a muito tempo, mas a grande questão é: É possível consertar o passado?

[...]

Olhei para meu relógio de pulso e os ponteiros marcavam 05:33 da manhã. Eu me sentia exausto, o jet leg estava acabando comigo e eu desejava desesperadamente chegar até o hotel no qual tenho um quarto reservado. Mesmo tentando resistir meus olhos pesaram e eu acabei cochilando dentro do táxi.

-Mr. We arrived at the hotel!- acordei com a voz do motorista.

Abri meus olhos me sentindo um pouco confuso e perdido, assim que voltei a realidade peguei minha carteira dentro do bolso do casaco e paguei a corrida. Abri a porta do carro e peguei a pequena mala de mão que eu trouxe, espero não passar muitos dias por aqui. Ao descer do carro senti o vento gélido soprar sobre meu rosto e caminhei apressado para dentro do hotel querendo me sentir aquecido. Com tantas temporadas para vir até Londres, cheguei logo na época do inverno. Me aproximei da recepção do hotel que por sorte estava vazia e fiz o check-in.

Aproximei o cartão da fechadura digital e no mesmo instante a porta se abriu, entrei em meu quarto e tranquei a porta logo em seguida. Andei pelo quarto notando o quão bonito e aconchegante ele era, deixei minha mala em um canto qualquer perto da parede e me sentei sobre a cama.

Me sinto tão cansado da viagem que eu dormiria rapidamente se eu me deitasse agora, não tenho tido boas noites de sono ultimamente, se durante a noite eu consigo dormir três horas é muito, minha ansiedade e meus pensamentos acelerados roubam minhas noites de descanso, mas espero que em breve isso possa mudar.

Tirei meu celular do bolso apenas para olhar a foto que havia em meu papel de parede, sei que para alguns isso é bem brega e meloso, mas depois de tudo o que tenho vivido nos últimos meses eu não pude evitar, coloquei uma foto minha e de Maria na tela de desbloqueio do celular. É uma das poucas fotos que temos juntos, geralmente os nossos momentos de intimidade eram algo tão nosso que nem precisávamos registrar, mas essa foto é do dia em que fomos ao parque.

Maria está com a cabeça apoiada em meu peito e sorri lindamente para a câmera, eu estou um pouco mais sério e distraído, meus olhos estão totalmente focados nela, pois naquele momento eu só conseguia admirar sua beleza e sentir a paz que ela me transmita apenas com o olhar.

Admirar aquela foto por alguns segundos foi o suficiente para eu sentir a saudade apertar meu peito. Eu queria tanto ouvir sua voz, queria tanto saber como ela está, queria estar perto dela.

-É por você meu amor, somente por você meu anjo.- Falei em um sussurro como se ela pudesse me ouvir.

Deixei meu corpo tombar para o lado e fechei meus olhos. Eu estava totalmente dominado pelo sono e cansaço então deitei sobre a cama, preciso descansar bem pois as situações que irei passar não serão nada fáceis de lidar.

*Capítulo bem curtinho hoje porque não queria deixar vocês tanto tempo sem atualização.

O que será que acontecerá nessa viagem para Londres hein?

Volto logo meus amores😘