Avô

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PIETRO MONTELLATO

Minha cabeça estava doendo e por algum motivo eu me encontrava deitado em uma superfície macia, havia o som de suspiros e choro ecoando em meus ouvindo, achei tão estranho que forcei meus olhos a se abrirem.

Observei o local estranho mas ao mesmo tempo familiar no qual eu me encontrava, por breves segundos pensei estar sozinho, mas então senti um aperto em minha mão esquerda e olhei para o lado onde encontrei meu pequeno anjo sentado ao meu lado de cabeça baixa enquanto chorava.

-Amor? Por que está chorando?- minha garganta estava um pouco seca então a voz saiu bem fraca.

Maria levantou a cabeça rapidamente e me olhou surpresa e ao mesmo tempo angustiada, ela se levantou da cadeira e pulou em cima de mim me abraçando com toda força que tinha.

-Nunca mais faça isso comigo Pietro! Fiquei tão assustada- sua voz de choro cortou meu coração.

Fui esticar meu braço para abraçá-la também, mas não consegui porque havia um tubo de soro preso nele e isso me irritou um pouco porque eu só queria acalmar minha mulher.

-Eu nem sei o que fiz meu anjo, mas espero que não aconteça de novo!- ela exclamou com a voz um pouco alterada, parecia estar muito brava comigo.

-Você ficou tão nervoso quando descobriu que Sabrina estava grávida que desmaiou!- respondeu e eu senti meu coração apertar novamente.

O meu bebê vai ter um bebê! Como eu posso lidar com isso de forma calma e compreensiva? Eu aceitei o fato de que ela já é uma mulher independente e responsável pelas próprias decisões, mas eu sei como criar um filho é difícil, passei tantos situações onde pensei que não iria conseguir, ainda mais sendo pai solteiro, eu vi que Sabrina veio junto de um rapaz o qual apresentou como seu namorado, mas ainda assim sinto uma agitação dentro do peito, não sei como lidar com essa informação.

Um som agudo de algo apitando começou a ecoar pelo ambiente e então percebi que era o monitor mostrando meus batimentos cardíacos.

-Amor! O que está acontecendo, por favor se acalme, respira fundo.- Maria ficou extremamente agitada tentando me acalmar era cômico e fofo.

- Eu estou bem anjo, não se preocupe!- falei de modo mais tranquilo possível

-Mas o monit...-sua frase foi interrompida quando a porta do quarto se abriu e o médico entrou.

-Que bom que acordou senhor Pietro, sua família estava bem preocupada.- Ele caminhou em direção a cama olhando para o prontuário em sua mão.

-É eu percebi, mas me sinto muito melhor já posso voltar pra casa não é?- perguntei ansioso, eu não gosto de hospitais.

-Ficará uma hora de observação até sair o resultado de alguns exames que fizemos, o senhor teve um surto de estresse então é bom aguardar um pouco.- completou me deixando incomodado.

- Tudo bem doutor já que não tenho outra opção.- ele assentiu e então olhou para Maria.

-Querida peço que aguarde lá fora, seu pai precisa descansar.- eu fiquei em silêncio o encarando, ele não podia estar falando sério.

- Ele não é meu pai!- Maria exclamou em alta voz ela também não gostou do que o médico disse.

Já não é a primeira vez que as pessoas pensam que somos pai e filha, reconheço que ambos temos cabelos castanhos e olhos azuis, mas é uma situação bem desconfortável, gostaria que as pessoas nos reconhecessem como um casal.

-Ah sinto muito, mas mesmo não sendo parentes peço que aguarde lá fora.

-Doutor eu afirmo com toda certeza que para eu me sentir melhor e ir logo para casa preciso ter minha mulher ao meu lado, espero que respeite minha decisão.- Ele me olhou surpreso e não soube o que dizer.

-Ah...Me perdoe, irei deixá-los a sós.- ele se virou e saiu do quarto rapidamente.

-Ai eu odeio passar por isso, por que as pessoas sempre fazer suposições erradas sobre nós?- Maria desabafou, seu semblante estava triste.

-É por isso que mal posso esperar para me casar com você e colocar uma aliança enorme em seu dedo.- dei um beijo rápido em seus lábios após dizer isso.

-Vou chamar Sabrina ela estava muito preocupada com você, ela precisa saber que está bem, agora temos que tomar muito cuidado com as emoções dela.- não entendi o porque Maria tinha dito aquilo mas depois fez total sentindo.

-Sim, eu preciso mesmo conversar com ela.- Maria assentiu e então se afastou de mim caminhando em direção a porta.

Os minutos que fiquei sozinho até que Maria voltasse com Sabrina me fizeram refletir muito, eu tentava controlar as minhas emoções porque queria manter a calma e demonstrar a Sabrina todo o meu apoio e amor, quero ser um bom pai e um bom avô.

A porta se abriu e minha filha entrou no quarto apreensiva com as duas mãos sobre a barriga que ainda nem cresceu, ela me olhou e notei a vermelhidão em seus olhos, ela estava tão assustada, e era culpa minha porque tive um surto de estresse e desmaiei em um momento importante para nossa família, me sinto péssimo por isso. Abri meus braços e ela veio correndo me abraçar, a cena me fez recordar de quando ela era pequena e se assustava com os trovões e vinha correndo até mim para que eu pudesse protegê-la. Eu ainda quero protegê-la como antes, mas há coisas que irão fugir do meu controle e ela terá que lidar sozinha, e isso é muito frustrante para mim.

-Pai! Me perdoa se eu decepcionei você.- suas palavras fizeram meu coração se partir.

-E por que você me decepcionaria?- perguntei segurando seu rosto de cada lado e a olhando nos olhos.

-Você sempre fez de tudo para me criar bem, me deu tudo do bom e do melhor e a única coisa que esperava de mim era que eu fosse pra faculdade, me formasse e fosse bem sucedida, me desculpe por fugir de tudo o que sonhou pra mim.- a cada palavra que ela dizia parecia que uma mão apertava cada vez mais meu coração.

-Filha eu não estou decepcionado com você, eu confesso que o fato de você estar grávida me deixou muito surpreso e um tanto preocupado, mas eu te amo acima de qualquer coisa, eu não esperava ser avô tão cedo e me assusta um pouco por que me sinto completamente perdido em relação ao que devo fazer ou dizer, mas eu vou apoiar você e estarei sempre aqui para protegê-la.- quando terminei de falar os olhos de Sabrina estava cheios de lágrimas e ela começou a chorar muito e então me abraçou.

- Eu te amo pai!- ela repetia enquanto me abraçava.

-Eu também te amo, meu amor- Declarei acariciando seus cabelos.- E depois quero que chame seu namorado aqui, como é o nome dele mesmo?

-Isaac!- ela disse em um tom de voz repreensivo

-Sim, depois chame o Isaac aqui porque eu quero fazer algumas perguntas a ele.

-Pai por favor não faça perguntas bregas pra ele! Eu te garanto que ele é uma ótima pessoa.

- Eu acredito em você meu amor, mas ainda assim eu preciso conhecê-lo.-ela suspirou e assentiu com a cabeça.

- Tudo bem, mas isso pode ser daqui uns 10 minutos? quero me preparar psicologicamente!- dei risada e assenti

- Tudo bem filha só 10 minutos e nada mais!- adverti e ela sorriu me abraçando mais uma vez.

Quem poderia ImaginarWhere stories live. Discover now