Prólogo

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Seattle, Washington.

- Que brincadeira é essa?

O homem ao meu lado tinha os olhos azuis mais profundos que já havia visto. Não o conhecia, então, o que ele estava fazendo ali? E gostaria de saber o que eu fazia naquele quarto de hospital, e porquê estava ligada à tantos equipamentos.

- O que estou fazendo aqui? - perguntei, baixinho.

Aos poucos fui me sentando na cama, e observei o lugar onde estava, tudo em tons claros e com um forte cheiro de medicamentos. Não tinha ideia de qualquer hospital era, até ver o nome escrito no ferro da cama, deixando-me confusa.

- Manuela..

- Você é médico? Cadê meus pais?

- Ei, isso não tem graça.

- Ahn? Não..

Antes que eu terminasse a frase, vi os olhos do homem de pele clara e cabelos escuros, se encherem de lágrimas. Olhei-o confusa, sem saber ao certo o que dizer. Enquanto dentro de mim, já estava começando a ficar assustada com a situação.

- Por que estou aqui?

A última coisa da qual me lembrava era a minha formatura. Não sabia como e porquê eu estava num quarto de hospital. Havia sofrido algum acidente? Eram tantas perguntas que minha cabeça parecia doer cada vez que eu pensava.

- Você.. não se lembra de mim? - indagou, quase sem voz.

Neguei com a cabeça e uma lágrima pesada escorreu pelo seu rosto. Então, o homem se levantou da cadeira onde estava, e deu alguns passos pelo quarto, parecia estar desnorteado, preocupado e acima de tudo, muito machucado com algo.

- Me desculpe, mas quem é você? E cadê meus pais?

- Eu sou o Thomas. Thomas Hoston. - respondeu, voltando a caminhar em minha direção e sentando-se na beirada de minha cama. - Você sabe quem eu sou, certo? Diz que sim, por favor.

- Sinto muito. Mas nós não nos conhecemos, senhor.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o homem simplesmente se levantou e saiu do quarto em uma velocidade extraordinária. Não demorou muito até que o mesmo voltasse, e dessa vez, estava acompanhado por um médico.

- Manuela! Você é um milagre, sabia? - o médico, perguntou.

- Doutor, onde estão meus pais? E por que estou aqui?

- Você sofreu um acidente. Não se lembra de nada?

- Meu Deus... Não. - confessei, assustada.

- Me diga seu nome, por favor. - pediu, pacientemente.

- Manuela Alves Soares. Acho que sabe meu nome..

- Ahn. Seu nome é Manuela Hoston. - corrigiu-me, e suspirou.

Hoston? Ele certamente estava me confundindo com alguma paciente. Como fui parar ali, e que raios de acidente havia sido esse? Onde estavam meus pais? Meu nome era Manuela Alves Soares, e ninguém nessa vida, seria capaz de mudar isso.

- Acho que preciso ir embora. - disparei.

- Carlos Soares e Lilian Soares, lembra-se deles?

- Claro! São meus pais. Você os conhece?

- Sim, sim. Eles sempre vem visitá-la, Manuela.

- Ótimo! Você pode chamá-los? - perguntei.

O médico direcionou seu olhar para o homem de olhos azuis parado ao seu lado, mas o mesmo estava com sua atenção totalmente fixa em mim, tanto que chegava a ser assustador. Apesar de sua concentração, a tristeza era facilmente visível.

- Eu vou chamá-los. Mas precisamos fazer alguns exames enquanto isso, ok? Você ficou uma semana em coma, foi baleada na noite de natal. Consegue se lembrar disso?

- Céus.. Eu levei um tiro? - perguntei, boquiaberta.

- Sim. Você pode ver a cicatriz que tem no corpo quando retiramos a bala. Você tem certeza que não consegue se lembrar de nada do que aconteceu naquela noite?

Tentei puxar em minha mente alguma coisa do acontecido, mas a última coisa da qual me lembrava era minha formatura. Nada mais me vinha à cabeça, e aquilo era assustador. Fiz mais um esforço, porém totalmente em vão. Não me lembrava.

- Preciso ver meus pais.

- Tudo bem, tudo bem. Eu vou chamá-los, e em seguida, faremos alguns exames e testes. Pode ser, Manuela?

- Ok, como quiser, doutor.

O médico puxou o homem que estava ao seu lado para um canto e cochichou algo em seu ouvido antes de sair do quarto, deixando-me outra vez sozinha com a mesma pessoa que não hesitou em se aproximar de mim com lágrimas nos olhos.

- Eu não entendo o que está acontecendo, e o médico por enquanto, também não faz ideia. Mas, você precisa saber que somos casados, eu sou o seu marido, somos uma família.

As lágrimas escorriam de seus olhos, uma atrás da outra. Era certo que aquele homem estava sofrendo, mas não podia ser por mim. Eu não era sua esposa, nunca o tinha visto na vida. Então, desse jeito, não podia ser casada com ele, não mesmo.

- Eu acabei de me formar, não sou...

- Lola.. Lembra-se dela? - interrompeu-me.

- Não sei de ninguém com esse nome.

O homem abaixou sua cabeça apoiando-a em suas mãos e ouvi seu choro tomar intensidade, seus soluços pareciam gritos de socorro, e aquilo estava partindo meu coração. Tudo o que fiz, foi aproximar-me um pouco e acariciar seu cabelo.

- O que aconteceu com sua esposa? - perguntei.

Aos poucos, seus olhos molhados se ergueram, encontrando-se com os meus. Era possível ver os pingos de lágrimas marcados em sua calça, e eles eram incontáveis. A mulher por quem o homem estava sofrendo, era mesmo especial.

- Ela não se lembra de mim. - respondeu.

Prólogo postado com sucesso

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Prólogo postado com sucesso.
Sim, estrelinhas. Doeu bastante pra escrever, e aposto que os corações de vocês vão sofrer juntinho, mas ainda temos muita história pra contar e muitas explicações a dar.

Sejam bem vindos ao terceiro livro da trilogia OM.

Votem e cometem. 💙

"De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados;
abatidos, mas não destruídos."
2 Coríntios 4:8-9

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now