Capítulo 12: Ainda há tempo

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Thomas POV's

Adhira havia me ligado e pedido para que eu fosse até o hospital, me dando a notícia que minha mãe precisava de mim. Não recebi nenhum detalhe importante, e também não foi preciso para entender que a situação era grave.

— Quarto 222, por favor. Rose Hoston.

Manuela me seguiu pelo corredor. Durante o caminho não trocamos muitas palavras, tudo o que minha esposa fez foi segurar em minha mão, lembrando-me a cada minuto de que estava comigo e que continuaria ali apesar de tudo.

Eu não sabia bem o que pensar, e não tinha conhecimento do que estava de fato acontecendo, mas aquele situação era dolorosa. Embora não tivesse uma boa relação com minha mãe, eu a amava, e me importava muito com ela.

Quando parei em frente à porta do quarto, minhas pernas simplesmente travaram. Não consegui dar um passo a frente e tampouco para trás. Meus pensamentos foram interrompidos quando Manuela pegou em minha mão.

— Você precisa de um tempo? — perguntou.

— Eu... Não estou pronto para isso.

— Acho que ninguém está.

— Mas ainda preciso entrar, não é?

— Sim, e não vai estar sozinho. — sussurrou.

Entrelacei nossos dedos e girei a maçaneta, abrindo a porta em seguida. Ao entrarmos no quarto, dei de cara com minha mãe deitada na cama, adormecida. Adhira que estava sentada na poltrona ao seu lado, levantou-se.

Fazia tempo que eu não via Adhira, nos falávamos por telefone, mas desde meu casamento, não nos víamos. Apesar de trabalhar como empregada da casa, essa mesma mulher foi como uma mãe para mim, Adhira era especial.

— Me desculpe por te chamar assim, filho. — disse, abraçando-me. — Você cresceu tanto! Senti sua falta. — pausou, soltando-me. — E Manuela, você está linda!!

Adhira parecia exausta, seus olhos cansados mostravam certa dor. Minha mãe nunca mantivera uma ótima relação com ela, mas eu sabia que Adhira a considerava uma grande amiga, ela mais do que ninguém a compreendia.

— Obrigada! — Manuela, sorriu.

Não consegui dizer nada, apenas soltei a mão de minha esposa e caminhei até a cama. Minha mãe estava bem mais magra do que a última vez em que a vi e seu rosto estava pálido. Nunca a tinha visto dessa forma triste.

— Vou deixá-los sozinhos. — Adhira avisou, antes de sair.

Engoli em seco e me sentei na poltrona que estava ali. Estava acostumado a ver minha mãe usando suas melhores peças de roupas, sempre de pé em seu salto alto, e vê-la daquela maneira, foi como estar com outra pessoa.

— Sua mãe é linda. — Manuela, quebrou o silêncio.

— Eu nunca a vi desse jeito. Até mesmo quando tive que levá-la para os álcoolicos anônimos. Mesmo tomada pelas bebidas, ela fazia questão de estar impecável. — comentei.

— Passou por momentos difíceis, não é?

— Eu pensava que sim, nada parecia tão difícil quanto aqueles momentos. Mas descobri que há dores maiores.

— Mais uma vez, ela só tem você, Thomas.

— Não é como antes... Todas as vezes que tivemos problemas, eu tinha certeza que ela iria superar. Mas agora, é definitivo. O tempo está acabando. — sussurrei.

— Não, não diga isso. — Manuela, parecia assustada.

Era a verdade, por mais dura que fosse. Adhira também sabia disso. Minha mãe estava morrendo. Seus erros constantes, ocasionaram um grave problema em seu fígado e não era de hoje que as coisas iam mal.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now