Capítulo 36: Nada de segredos

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Mason guiou-me até o sofá onde sentei-me. Respirei fundo e tentei assimilar suas palavras. Em silêncio, chamei a Deus em pensamentos, pedindo por força. Depois de algum tempo com os olhos fechados, voltei a abri-los novamente.

Thomas passaria mais dois meses naquele lugar e minha ansiedade apenas aumentava ao saber disso. Mais sessenta dias de distância entre nós, mais longos dias em que Lola ficaria sem o pai. Eu só queria que isso acabasse rápido.

— Sinto muito, Manuela.

Mason abaixou-se à minha frente, analisando-me atenciosamente. Ele estava preocupado, e eu sentia isso. Sabia que Mason não era novo em sua profissão mas talvez aquele caso fosse o mais complicado de sua carreira.

Seus clientes agora eram dois amigos dele. Então, acho que de certa forma, Mason sentia-se mais pressionado. Eu via como ele estava se esforçando em seu trabalho, e como ele cuidava dos nossos assuntos com tanto cuidado e atenção.

Eu não me imaginaria sendo advogada... Quero dizer, saber que a liberdade de alguém está em minhas mãos e saber que este alguém tem uma família à sua espera, pessoas dependentes do meu resultado profissional.

Nós sabíamos que Deus estava à frente de tudo, mas o trabalho de um advogado em qualquer caso, ainda é de demasiada importância. Eu não entendia bem da profissão mas isso era indiscutível e também tranquilizante.

— Está tudo bem. Os dias passam rápido. — falei.

Sorri forçado, e dar aquele sorriso, doeu em minha alma. Mas mesmo que eu não estivesse bem, eu sabia que uma hora ficaria. Meu coração apesar de pesado, acalmou-se e minutos depois despedi-me de Mason naquela noite.

O jantar que teríamos em comemoração à gravidez de Claire foi cancelado devido à notícia de Thomas. Ninguém teve ânimo de sair para comemorar alguma coisa, e eu passei o restante de minhas horas lendo a bíblia.

Dei o jantar à Lola quando ficou pronto, e assistimos alguns desenhos juntas na sala até que a pequena pegasse no sono. Já passava das dez quando Lola adormeceu então levei-a ao quarto, e depois tomei um banho bem quente.

Fiquei na banheira por alguns minutos, encarando o teto do banheiro enquanto cantarolava alguns louvares. Foi muito relaxante. Minha mente conseguiu encontrar um pouco de paz, algo que eu precisava já faziam alguns dias.

Depois do banho, como de costume, fiz minha oração. Após isso, li mais um pouco a bíblia, e então aprontei-me para deitar. Custou-me alguns minutos mas logo consegui adormecer, depois de virar-me incansavelmente pela cama.

Dois dias passaram-se quase que voando. Era quinta-feira. Mamãe havia me chamado para jantar em sua casa, e papai e eu estávamos sentados em minha antiga cama, no meu antigo quarto. Sentia-me uma adolescente ali.

— É... Vou ser vovô, outra vez.

— Sim. — sorri, meio sem jeito.

— Você está feliz?

— Sim, estou. Não pareço feliz?

— Não... E isso me preocupa.

— É só um momento delicado.

— Eu sei. Sentimos falta dele.

— Ele também sente nossa falta.

— Tenho certeza.

— Uhum. — assenti, tristemente.

— Meus parabéns, minha garota.

Papai estava contente pelo futuro neto que estava à caminho e eu ficava ainda mais feliz por ver o brilho em seus olhos quando pensava na ideia de segurar um outro bebê. Papai sempre gostara muito de crianças em geral.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now