Capítulo 37: Tudo a ver com Ele

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Mídia acima: Música escutada por Manuela em casa.

Thomas POV's

Depois da oração, deitei-me na cama e meus pensamentos foram até ela. Manuela... Ela provavelmente estava muito magoada comigo. Não vê-la na visitação foi um baque e eu estava péssimo por isso. Mas eu entendia seus motivos.

Apesar de ter me entristecido por não tê-la visto, fiquei feliz em receber meus sogros. Eram como meus próprios pais, e vê-los me fez muito bem. Lilian e Carlos me confortaram, trazendo uma linda mensagem da bíblia para mim.

Eu tinha tanto para contar. Em uma semana, de um jeito surreal, muitas coisas mudaram. Depois da última briga, meus dias simplesmente se transformaram. Quem estava comigo em minha cela, agora eram novas pessoas.

Steven, Maxwell e Oswald. Desde que entrei naquela cela pela primeira vez, inclui-os em minhas orações assim como todos os presos daquele lugar. E juntos, vieram a mim, pedindo-me para que lhes contasse um pouco sobre Deus.

Nós líamos a bíblia juntos todos os dias e fomos juntos pela primeira vez em uma visitação de uma igreja que levava a palavra naquela prisão. Quando ficavam em dúvida sobre uma passagem, me questionavam. Eles queriam aprender.

De primeira, eu não consegui acreditar. Fiquei em choque quando vieram a mim, pedindo-me para falar de Deus a eles. Mas eu vi, sinceridade no olhar. Vi o quanto desejavam conhecer a Deus, eles anseavam por sua presença.

Na noite anterior, acordei no meio da madrugada e vi Maxwell lendo a bíblia. Oswald nessa manhã murmurou um louvor. Suas maneiras de falar estavam mudando, aos poucos. Aquele trio estava sendo transformado por Deus.

Eu sentia-me honrado. Honrado por ter a chance de ver o agir de Deus naqueles homens, ver como a vida de três pessoas estava sendo mudada e tocada por Ele. E contente com isso, decidi evangelizar o restante dos presos.

Eu ainda não sabia como faria para chegar até eles, mas estava orando para ter sabedoria para fazê-lo. Eu daria o meu melhor, e tentaria trazer para a presença de Deus o máximo que detentos que eu conseguisse. Sim, eu o faria.

Com tais pensamentos, acabei por adormecer. Na manhã seguinte, fomos acordados pelos guardas e levados ao refeitório. Na mesa, Maxwell, Oswald, Steven e eu nos sentamos. Agora, com eles, ninguém mexia comigo.

Maxwell era o mais velho entre nós, quarenta e três anos. Steven tinha trinta e cinco, e Oswald trinta e oito. Maxwell tinha uma filha de oito anos, e havia sido preso por tentar matar sua ex esposa, essa era sua história. Trágica e triste.

Steven havia roubado uma joalheria, apenas por estar afundado em dívidas e ter se envolvido com um agiota. Oswald, estava preso por sequestro por também estar desesperado por dinheiro. Eles se pareciam, um pouco.

— Sabem... Sinto falta da minha filha. — Maxwell, disse.

Steven, Oswald e eu o olhamos. Maxwell tinha seu olhar um pouco perdido e parecia triste. Ele estava sendo sincero. E vendo sua expressão, pensei rapidamente em Lola e em como minha pequena me fazia uma falta muito grande.

— Me arrependo tanto do que fiz... O que eu tentei fazer foi algo horrível. Eu a amava, mas estava cego pela raiva, eu não conseguia deixá-la partir. Ela está casada com outro homem hoje e provavelmente mais feliz do que foi comigo. Se nem eu consigo me perdoar pelo que fiz, como Deus vai?

Steven e Oswald abaixaram a cabeça ao ouvir as palavras de Maxwell. Os três já haviam me dito que se arrependiam dos crimes que cometeram, mas ali, entre todos, Maxwell era quem mais se repudiava pelo o que havia feito.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now