Capítulo 7: Caindo em amor

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— É sua primeira vez em Paris?

Meus olhos ainda o observavam, e sua pergunta de certa forma, deprimiu-me. Não era a primeira vez que visitava aquela cidade, mas era a única que eu lembrava. Aos poucos, o homem levou sua atenção ao meu rosto.

— Na verdade não. — respondi.

Juntei meus braços frente ao meu corpo e entrelacei meus dedos uns aos outros, vendo que a expressão do rapaz à minha frente se tornava um tanto confusa com minha resposta. E apesar disso, evitei dar explicações sobre.

— É que você parece uma turista.

Levantei minhas sobrancelhas e sorri com seu comentário. Era impossível não achar graça daquela situação. Porque, de fato, a forma como eu encarava abobada aquele muro, deixaria claro à qualquer um que eu não morava por ali.

— E tem razão. Eu sou uma turista, visitando a cidade pela segunda vez. Acontece que não conheci todos os pontos turísticos da outra vez que vim, mas estou corrigindo.

— Ah... Faz bem. É uma linda cidade. Mas depois de um tempo vivendo por aqui, todos se acostumam com isso.

— De onde você é? — perguntei.

— Texas, mas estava morando em Nova Iorque.

— Oh, bons lugares. — comentei.

— São sim. Às vezes sinto falta, na verdade, quase sempre. Não me adaptei em Paris, e também acho que nunca vou.

— Quando não nos sentimos bem em um lugar, só temos duas opções. Lutar para ser feliz, ou deixar para ser feliz. Se a primeira não deu certo, é melhor tentar a segunda.

O rapaz assentiu com a cabeça e esboçou um sorriso fraco, algo me dizia que aquele era um conselho que ele precisava. Seu rosto exalava preocupação e um certo desânimo, estava nítido que algo o estava machucando.

— Como você se chama?

— Mason Aldrich. E você?

— Manuela A... Hoston.

— Hoston? — perguntou.

— Isso mesmo. Por quê?

— Um bonito sobrenome.

— Sim.. É do meu esposo.

Por impulso, quase falei meu nome de solteira, esquecendo-me por um minuto de que agora, tudo era diferente. E de alguma forma, já não era tão estranho me ver como uma Hoston. Na verdade, era até agradável.

— Você me pareceu confusa ao falar seu sobrenome. Deixe-me adivinhar! Está em lua de mel, certo? Óbvio!

— Não, não. Eu vim reencontrar uma amiga, descobri que foi um pouco perda de tempo, mas tudo bem por mim.

— Que chato. O que aconteceu?

— Ela não é mais a mesma Grace White que eu conhecia. Se tornou algo que nunca imaginei que seria. É uma pena.

— Grace White? A famosa estilista? Ela realmente não pareceu ser uma pessoa muito legal nas vezes que eu a vi.

Por um descuido, acabei dizendo o nome todo de Grace. Não estava acostumada com a ideia da minha ex melhor amiga ser tão conhecida pelo mundo. Gostaria de consertar o que havia dito, mas já era tarde demais.

— Vocês eram amigas?

— Ah, sim... Éramos.

— Sinto muito por isso.

Respirei fundo e levei meu olhar novamente ao muro, gravando em minha memória todas aquelas declarações de amor, quais estavam espalhadas pelo mundo inteiro. Nunca pensei que algo tão simples, seria tão bonito.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now