Capítulo 38: A confissão

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Depois de algum tempo assimilando todas as memórias que vieram até a mim, levantei-me da poltrona onde estava sentada e subi a escada às pressas. Quando entrei no quarto, chorei ainda mais quando avistei Lola adormecida.

Esforçando-me para fazer o mínimo de barulho possível, caminhei até ela, sentando-me na beirada da cama enquanto analisava seu rosto angelical. Minhas lágrimas caíam uma atrás da outra e eu nem tentava segurar.

— Como pude me esquecer de você? — sussurrei.

Eu estava chorando mas não eram lágrimas de tristeza, era felicidade. Meu coração transbordava emoção e alegria. Eu não poderia estar mais grata ao Senhor, grata por todas as memórias especiais que me haviam sido devolvidas.

Sim, eu havia passado um tempo no escuro. Passar seus dias sem lembrar-se de uma época importante de sua vida, de pessoas que um dia haviam passado por ela, podia ser assustador. Mas agora tudo isso havia terminado.

Eu estava de volta, inteiramente. Nada mais faltava. E agora eu conseguia sentir que tudo estava prestes a voltar para o seu lugar. Toda aquela frustração havia desaparecido e só me restava a confiança e minha fé.

As lágrimas deram espaço para um grandioso sorriso que nasceu em meu rosto e aos poucos, deitei-me ao lado de minha filha e observei-a, até adormecer. Senti ser cutucada levemente nos olhos e ao abri-los, vi Lola sorrir alegre.

— Momi... Acoida. — disse, sorrindo.

Olhei rapidamente para o relógio e vi que era quase seis horas da tarde. Quando voltei novamente meu olhar para Lola, dei-me conta que havia dormido por um bom tempo e que ter as minhas memórias de volta não era um sonho.

— Lola!! Você é tão linda, filha! — exclamei, emocionada.

Lola olhou-me confusa. E eu apenas puxei-a para meus braços, recebendo seu abraço carinhoso de volta. Eu sabia que estive constantemente com ela, mas todo aquele tempo parecia ter sido parte de um sono profundo.

Liberei-a de meus braços e ao voltar a ver seu sorriso, sorri como uma boba. Eu a amava de forma tão intensa e tão genuína que não conseguia sentir-me boba por tal sentimento. Meu coração transbordava felicidade.

— Xentiu xaudades da Lola, momi? — perguntou.

Assenti em resposta à sua pergunta e senti meus olhos lacrimejarem. Sim, eu havia sentido muita saudade dela. Saudade das nossas memórias, do nosso antigo tempo juntas. Ainda abobada por ela, acariciei-lhe o rostinho.

— Você perdoa a mamãe? — questionei-a.

— Hmh? Perdoar?

— Eu acabei me perdendo, filha.

— Momi, se voxê se perder... — pausou. — Papai e eu vamos te achar. Vamos procular por voxê juntos. — disse, sorrindo.

— Ah, é? Promete me encontrar?

— Hmh... Xim... Lola pomete.

— Obrigada! Mamãe te ama. — respondi-a.

Deixei uma lágrima cair e antes que Lola se desse conta, puxei-a para um abraço. Ficamos assim por um tempo e depois descemos juntas para a sala, coloquei seu DVD favorito de música e dançamos alegremente por minutos.

Aquela noite, aquele dia, eu queria apenas aproveitá-lo com minha filha. Por alguma razão, eu sentia como se tivéssemos ficado distantes por muito tempo. Minhas horas, meus minutos, meus segundos seriam apenas dela.

Depois de tanta dança, era minha hora de fazer o jantar. Deixei-a a brincar na sala e fui para a cozinha. Coloquei a água para ferver, pois havia decidido fazer um espaguete. Quando ficou pronto, ajudei Lola em sua refeição.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now