Capítulo 15: Hora do adeus

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Com lágrimas nos olhos, afastei-me da porta. Não era certo ouvir uma conversa privada entre eles. Sentei na mesa da cozinha e apenas fiquei ali em silêncio, sozinha. Estava torcendo para que aquela conversa não terminasse em briga e tampouco em qualquer tipo de desentendimento.

- Manuela, vamos embora. - Thomas disparou, entrando como um flash pela cozinha, estava nítida sua alteração.

Não fiz nenhuma pergunta, apenas levantei-me e o segui para fora. No jardim, Thomas pegou Lola no colo e depois de nos despedir de Adhira, apenas entramos no carro. Pensei em despedir-me de Rose mas sequer tive tempo para isso. E pelo parecer da situação, Thomas não permitiria.

Nosso caminho foi em completo silêncio. Olhei de relance algumas vezes e pude ver que Thomas mantinha sua expressão o mais séria e distante possível. Não era preciso dizer com palavras que não era o momento para se iniciar uma conversa. Então, o deixei com seus pensamentos.

Era exatamente dez horas quando chegamos em casa, Lola havia adormecido no carro, e com isso subi com a pequena diretamente para o quarto. Depois de um dia tão agitado, todos estávamos cansados, mas Lola em especial. Afinal de contas, já havia passado da sua hora de dormir.

Depois de confirmar que tudo estava em ordem no quarto de Lola, segui para o banheiro e tomei um demorado banho. Thomas estava no andar debaixo e não se ouvia um barulho sequer vindo de lá. Quando saí do banheiro, desci imediatamente, encontrando-o jogado no sofá.

- Você não vai dormir aqui, certo?! - indaguei.

- Não.. Vou tomar banho e te encontro no quarto.

- Eu vou te ouvir se quiser conversar.

- Sim, sei disso e agradeço. Mas, eu estou bem.

- Bom. Não demore muito para deitar.

- Ok, ok... Pode ir, não se preocupe assim comigo.

- Tenha uma boa noite, até amanhã. - sussurrei.

Thomas assentiu em resposta e apenas subi a escada. Eu não queria deixá-lo ali sozinho, na verdade, não era preciso sequer conversarmos. Tudo o que eu mais queria era ficar ali. Mas de certo modo, algo me dizia que no momento, Thomas realmente não estava precisando de mim.

Antes de me deitar, ajoelhei-me e iniciei minha oração. Pedi em especial pela relação de Rose e Thomas, porque sabia que no momento, aquele era o maior dos nossos problemas. Apesar dos dois terem boas intenções, eles nunca conseguiam se entender. Após isso, me deitei.

Não tinha um pingo de sono, revirei-me pela cama diversas vezes e então, Thomas entrou no quarto seguindo direto para o banheiro. Segundos depois, ouvi o chuveiro ser ligado. Demorou muito até que Thomas saísse e quando isso aconteceu, fingi estar dormindo para não incomodá-lo.

Senti o colchão afundar ao meu lado e aos poucos o edredom foi levemente puxado, o calor do seu corpo juntou-se ao meu apesar de ainda estarmos a centímetros de distância. Mesmo sem tocá-lo, era o suficiente saber que Thomas estava ali comigo. Desta forma, logo adormeci.

Abri os olhos e respirei o mais fundo que pude, ao olhar para o lado, vi que Thomas já estava acordado. O observei por alguns segundos antes que me notasse, ficando um pouco surpreso. Sorri por sua reação, sentindo seus olhos me analisarem atenciosamente. Thomas parecia concentrado.

- Bom dia.

- Dormiu bem? - retrucou.

- Sim. E você... Dormiu?

- Um pouco.

- Se sente melhor, mhm?

- Não sei dizer. - confessou.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now