Mídia acima: Música tocada e cantada por Manuela.
Estava frio. Neve. Era uma noite de neve. Minhas pernas se moviam rapidamente, fazendo-me passar por entre as árvores. Senti as lágrimas em meu rosto mas por algum motivo, não sabia o porquê essas estavam ali. Um grito alto e assustador, fez-me buscar o som com o olhar e desta forma, pude avistar Thomas tendo Daniel à sua frente. Estremeci. E sem pensar duas vezes, escondi-me atrás de uma árvore.
Abri meus olhos, dando-me conta de que estava nos braços de Thomas. Minha cabeça além de dolorida estava deitada em seu colo e percebi que estávamos no carro. Ao me ver, seus olhos preocupados me analisaram atenciosamente.
— Como você está? Como você se sente?
— O-O que aconteceu? — questionei-o, confusa.
— Você desmaiou na sala de visitas. Foi analisada por uma enfermeira na prisão, e ela disse que seus sinais estavam bons e que logo acordaria... Te trouxemos para o carro.
— Ah, sim, sim. Eu me lembro. Daniel estava à minha frente, senti uma forte dor na cabeça e de repente tudo escureceu.
— O que ele te fez? — perguntou-me, preocupado.
— Ele... Não fez nada. Nós não trocamos nenhuma palavra, eu desmaiei antes que pudesse dizer alguma coisa para ele.
— Eu não queria que fizesse isso. Agora consegue entender? Não há nada que a presença dele pode trazer de bom. Por favor, fique longe dessas coisas. Esqueça... É o melhor.
— Eu vi uma coisa hoje. — confessei, pensativa.
— Viu? Como assim? O que você viu hoje?
Poderia ter sido um sonho? Eu apenas montei aquelas imagens em minha cabeça? Devido as informações que eu tinha da noite do acidente, era Natal e estava nevando. Realmente aquelas cenas aconteceram ou era imaginação?
— Ah... Não é nada. — disse, por fim.
Senti seus olhos me analisarem e aos poucos, movi-me para me levantar. Sentei-me no banco do carro ainda tendo sua atenção e levei a mão ao local na minha cabeça que ainda doía fortemente, como se tivesse levado uma pancada.
— Está com dor? — perguntou.
— Sim.... Minha cabeça dói muito. — reclamei.
— Joseph, por favor, nos leve ao hospital.
— Não, não! Não é preciso.
— Precisa ser examinada.
— Só me leve para casa... — pedi.
— Não seja teimosa, Manu.
— E-Eu só quero descansar.
— Tudo ok. Mas se não melhorar, já sabe.
— Farei como quiser caso aconteça. — assenti.
— Vamos pra casa. — concordou.
Respirei o mais fundo que pude e vi as mesmas imagens se repetirem em minha cabeça, me fazendo questionar se aquilo tudo era real. Apesar de não ter certeza sobre a resposta, meu coração gritava que eram lembranças.
Quando chegamos em casa, Thomas foi buscar Lola na casa de meus pais e eu subi imediatamente para um banho. Liguei a torneira da banheira e deixei-a encher. Quando cheia, afundei-me na água morna e fechei meus olhos.
Aquela sensação era muito relaxante, e os sais de banho contribuíam para um conforto elevado. Fiquei ali por alguns minutos, tentando fugir de qualquer pensamento. E ao terminar o banho, vesti um pijama e desci para a sala.
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O Milagre: Lembranças
SpiritualContinuação da obra: O Milagre: Reencontro ❤ Depois de uma semana em coma, Manuela acorda sem ter lembranças de seu marido. A vida do casal se torna uma bagunça, e ambos tentam passar por cima das lutas que parecem não ter fim. Apesar da dificuldade...