Capítulo 2: Eu quero voltar

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A menininha ao meu lado tinha os cabelos bem escuros, e profundos olhos azuis. Seu rostinho branco, mostrava algumas pequenas sardinhas e seu sorriso exalava doçura, ela era linda, ainda mais do que nas fotos. Lola, minha filha.

— Olá, pequena! — cumprimentei-a com lágrimas nos olhos.

— Lola quelia momi. — disse, jogando-se em meus braços.

Não consegui conter o choro, e imediatamente abracei-a o mais forte que pude. Eu não reconhecia minha própria filha. Mas, estava disposta a dar tudo de mim para ser uma ótima mãe. Apesar da confusão, eu sabia que era o certo a fazer.

— Senti muita saudade de você. Sabia? — perguntei.

— Teddy! — exclamou, levantando o coelho de pelúcia.

— Cuidou bem do Teddy, ah? Espero que sim. — sorri.

Lola assentiu com a cabeça e dei uma risadinha, puxando-a para o meu colo em seguida. Todos nos observávamos, mas não dei muita importância. Tudo o que eu queria no momento, era conhecer um pouco mais aquela linda menina.

{...}

— Como se sente? — Thomas perguntou, aproximando-se.

— Melhor. Fico feliz em conhecê-la.

— Ela sentiu sua falta. — declarou, levando seu olhar à Lola que já estava adormecida em seu berço, agarrada a um ursinho.

— Me sinto uma mãe horrível, sabe?

— Não é sua culpa. — Thomas garantiu, sorrindo forçado.

Eu não conseguia imaginar o quão difícil era lidar com aquela situação do ponto de vista dele, afinal, ter uma esposa que não se lembra de como se conheceram, deveria ser algo triste. Esse definitivamente não era o tipo de amor que sonhei pra mim.

— Então.. Você volta a trabalhar amanhã? — perguntei.

— Ah, não. Vou ficar mais alguns dias em casa.

— Olha, você não precisa se preocupar comigo.

— Fiquei muitos dias sem você, Manuela. — suspirou.

— É, me desculpe por isso... Não quis ser dura.

— Eu sei que não, e você não foi, tá tudo bem.

— Eh, obrigada. Você é uma ótima pessoa. — sussurrei.

Thomas assentiu com a cabeça e aos poucos foi se afastando do berço, até que saísse do quarto, deixando-me sozinha ali. Suspirei aliviada, e encarei Lola por algum tempo. Depois de alguns minutos apenas sentada na poltrona, decidi levantar.

Saí do quarto, observando mais uma vez cada centímetro da casa. Era incrível ver tantos cômodos, objetos e não me lembrar de nada. Passei grandes momentos entre aquelas paredes, e elas para mim, não passavam disso. Simples paredes.

Entrar na casa da mamãe me trouxe uma nostalgia incrível, momentos lindos da minha infância e da minha adolescência. Mas a minha casa, era apenas uma casa vazia, um lugar onde eu não tinha nenhuma memória. E arrisco dizer, não era um lar.

Ouvi o barulho da chuva assim que cheguei na escada, os pingos pareciam pesados quando encontravam o telhado, e o cheiro de terra molhada já exalava pela casa. A primeira e única sensação de algo familiar desde que entrei na casa. Amava a chuva.

— Os ventos estão fortes. — ouvi a voz de Thomas, e assim que desci o último degrau, o avistei parado em frente à janela.

— Eu amo esse tempo...

O Milagre: LembrançasTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang