Capítulo 28: Onde vai, Emma?

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Eu não estava pronto para vê-la, mas não era algo que pudesse continuar sendo evitado. Aquela era a mulher que havia agredido minha esposa e ameaçado minha família. Não era fácil ter de olhá-la ali, fingindo que não sabia de nada, e continuar a passar como um idiota.

— O que faz na minha sala? — perguntei sem olhá-la enquanto ia até a minha mesa, onde logo me sentei.

Pude ouvir seus passos de salto alto se aproximarem. Não queria levantar meu olhar, não queria ver aquele rosto cínico outra vez, mas não podia agir com tanta indiferença. Não podia deixá-la perceber que já sabia de tudo e perder o pouco tempo que ainda me restava.

— Vim trazer alguns documentos, senhor.

— Ótimo. Como foi a reunião de ontem? — perguntei.

— Foi tudo bem. Relatei os detalhes da reunião para o Julian e sei que ele vai te passar toda a informação. Os documentos sobre ela são os que deixei agora na mesa.

— Obrigado. Pode se retirar se já acabou. — ordenei.

— Ok. Se precisar é só me chamar, senhor.

Assenti e ouvi o som dos seus passos se afastarem até a porta ser aberta e respectivamente, fechada. Suspirei aliviado, Emma já havia saído. Ignorei completamente os documentos em minha mesa e peguei meu celular, conferi as mensagens de Julian e em seguida a hora.

É claro que eu não estava com cabeça para trabalhar, mas viver a faltar criaria uma suspeita em Emma e de qualquer forma, eu também não poderia fazê-lo. Julian assumia bem as coisas mas a empresa precisava de mim, havia coisas que só eu podia fazer e mais ninguém.

Esse não era o tipo de dia que a empresa precisava de mim, então, eu não tinha nada importante para fazer. Só estava ali para marcar presença e ver se garantia o tempo em paz que eu ainda tinha antes de tudo explodir. Ficar trancado naquela sala só me deixava angustiado.

Suspirei e olhei ao redor, analisando cada mínimo detalhe. Os papéis estavam organizados sobre a mesa, tudo em seu devido lugar. Conferi o relógio em meu pulso e então a porta se abriu, Julian lançou-me um olhar tedioso e caminhou até sentar-se à minha frente.

— Não vou aguentar olhar pra cara dela por mais tempo.

— Se está sendo ruim pra você, imagina pra mim. — falei.

— Nem quero imaginar. Isso já é mais do que eu preciso.

Segurei risada. Julian era meu maior motivo de ânimo dentro daquela empresa, provavelmente, tudo seria ainda mais difícil se eu tivesse que estar naquele lugar sem ele. Éramos irmãos, não em sangue, mas em Cristo. Respirei fundo, estava muito grato pela nossa amizade.

— Depois de trocar socos, aqui estamos nós. — falei.

— Acho que isso fez nossa amizade mais forte.

— Não.. Te fez mais forte, você era fraquinho. — falei.

Julian deu risada e fiz o mesmo em seguida, então nossa conversa iniciou-se. Teríamos um longo dia, um dia tentando evitar a assistente que estava do outro lado da porta, para ser mais preciso, na sala ao lado. Apesar de saber deste fato, isso não nos impediu de rir juntos.

Manuela POV's

Claire apareceu no horário de almoço junto com Charlotte. Segundo elas, Thomas as havia liberado para passar o dia comigo. Era fofo saber que até mesmo na empresa, meu marido estava pensando em mim. Depois de arrumar Lola, saímos todas juntas para o cinema.

Uma animação, pipoca e refrigerante, ótima combinação. É claro que se fosse apenas por mim, Charlotte e Claire, teríamos visto um romance mas como Lola estava conosco, optamos por ver animação. Quando o filme terminou, fomos comprar um milkshake.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now