Capítulo 31: Nosso tempo

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Mídia acima: Música tema do capítulo.

Esforcei-me para ficar de pé, embora minhas pernas vacilassem. Thomas virou-se para trás quase que imediatamente e ao me ver, veio em minha direção antes mesmo que eu tivesse a chance de chegar até ele.

— Amor, olha para mim. — pediu.

Ouvi suas palavras, mas não consegui obedecê-lo. Meus olhos buscavam o policial que estava parado em frente à minha porta, olhando-nos. Tentei dar mais alguns passos, mas acabei desabando nos braços de Thomas.

Eu só queria chegar naquele policial e dizer-lhe que meu marido era inocente. Eu repetiria quantas vezes fossem necessárias até que ele acreditasse em minhas palavras. O esperado estava acontecendo e isso doía.

— Amor, me desculpa. — Thomas disse, prestes a chorar.

Eu queria passar-lhe tranquilidade, não queria estar agindo daquela forma mas não conseguia segurar a vontade de chorar. Apesar de já imaginar que tal coisa poderia acontecer, eu tinha esperanças que nada disso ocorresse.

— Você precisa ser forte por nós. — insistiu.

Antes que eu pudesse levantar meu olhar para ver o rosto do homem que eu amava, os policiais vieram logo atrás dele, afastando-o de mim de uma só vez. Aquela cena foi o suficiente, o bastante para me levar a dolorosas lágrimas.

Aqueles dois homens afastaram-me de seus braços. Pegaram-no como se fosse um criminoso, aquilo partiu-me ainda mais o coração. Eu não queria vê-lo ser levado daquele jeito, Thomas não merecia ser tratado assim.

— Como pode levá-lo dessa maneira? — questionei-os.

Agora não era apenas tristeza que sentia, eu também estava com raiva. Irritada pelo meu marido estar sendo levado de maneira tão grotesca sem ao menos saberem se ele era culpado ou não. Nada naquilo parecia correto.

Os policiais ao verem minha expressão, soltaram os braços de Thomas mas este por sua vez, não aproximou-se de mim. Seus olhos azuis estavam tomados pelas lágrimas, esforçando-se muito para não deixar nenhuma delas cair.

— Amor, eu vou com eles mas eu volto, prometo. Fica bem e cuida da nossa princesa. Eu sempre vou te amar, não importa onde eu esteja. — Thomas disse, e logo saiu.

Ali eu fiquei, jogada ao chão, aparentemente sozinha. Tentei levantar-me, mas não tive forças. Quis correr até ele, dar-lhe um abraço e dizer que ficaria tudo bem, mas eu falhei. Fui fraca de uma forma que não pensei que seria.

Dois minutos passaram-se e consegui colocar-me de pé. Olhei para o balcão onde estava o nosso café da manhã, aquele preparado por Thomas. Chorei, e não, não tentei evitar. Já não queria mais me fazer ou tentar ser forte.

Eu não sabia ao certo como seria os próximos dias, não sabia o que aconteceria com Thomas naquela delegacia. Eu não sabia de nada. Mas eu tinha certeza de uma coisa, tinha a certeza que Deus estaria no controle do início ao fim.

Meu choro cessou, mas a dor ainda estava ali. Apesar da confiança que tinha no Senhor, aquela situação era dolorosa e isso era impossível evitar. Eu daria tudo de mim para manter-me firme e forte até que Thomas voltasse.

Estava encarando as torradas quando ouvi Lola me gritar, foi como um despertador. Subi as escadas em alta velocidade e ao chegar em seu quarto, tirei-a do berço, pegando-a no colo e abraçando-a o mais forte que pude.

— Momi? — Lola chamou-me, confusa.

Não soltei-a, mantive-a em meus braços em um abraço apertado. Lola ficou apenas em silêncio como se soubesse que isso era necessário, então, envolveu os bracinhos em meu pescoço e assim ficamos por longos segundos.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now