Capítulo 33: Dias difíceis

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Manuela POV's

Eu estava em choque, e era óbvio que Thomas havia percebido minha reação. Por mais que eu tentasse, como iria agir normalmente ao vê-lo ferido? Ele estava machucado. Seu emocional e seu físico foram atacados.

Esforcei-me para sorrir. Eu queria correr até ele e envolvê-lo em meus braços, mas antes mesmo de entrar naquela sala, o guarda havia me advertido que não poderíamos ter contato físico. Mas tudo bem, era o suficiente vê-lo ali.

Thomas caminhou até a cadeira à minha frente e sentou-se calmamente, apoiando suas mãos algemadas sobre a mesa. Observei suas algemas, segurando a vontade de chorar. Eu não poderia fraquejar, não em sua frente.

Apesar de seu lábio ferido e sangrando, Thomas deu-me um sorriso. Seu sorriso era triste, mas ainda fazia meu coração acelerar. Seus profundos olhos azuis me olharam, analisando minha expressão com cuidado e atenção.

— Como se feriu? — perguntei, sem conseguir me conter.

Thomas suspirou. Eu não iria me desesperar, mas precisava saber o que estava acontecendo, apesar de já ser praticamente óbvio. Sei que seus dias ali não estavam sendo bons, mas ainda queria saber o que lhe envolvia.

— Acontece essas coisas. Mas está tudo bem. Não foi nada demais e nem está doendo tanto, não se preocupe, amor.

Ao dizer tais palavras, Thomas deu mais um sorriso de canto. O guarda na sala, deixava-me desconfortável. Era péssimo não conseguir nem ter uma conversa a sós, a sensação de estar sendo vigiada, deixava-me agoniada.

— Bom... Como estão sendo seus dias aqui?

— Hum, não estão tão ruins como está pensando. Eu tenho mais tempo para ler a bíblia, e eu oro muito mais também.

— É? — perguntei com a voz chorosa. — Fico feliz.

— Amor, tente não pensar muito em como as coisas são aqui. Eu não estou sozinho... Deus está comigo, sempre.

— Claro, eu sei... Ele está cuidando de você.

Dei um sorriso forçado e Thomas fez o mesmo, então, vi seus olhos marejarem mas ao ver que percebi, Thomas afastou seu olhar, engolindo em seco. Ele estava esforçando-se para parecer forte na minha frente.

Ambos estávamos fazendo um bom trabalho, tentando fingir um para o outro que estava tudo razoavelmente bem. Aquela, era a nossa forma de cuidar um do outro. Mostrar que estavámos aguardando firme era algo bom.

— Esses dias, as meninas e eu fizemos uma festa do pijama. Eu me senti como uma adolescente de novo, foi bem legal.

— É sério? Isso é ótimo, amor. E como Lola está?

— Ela está bem e pergunta sobre você todos os dias. Mas explico que você está ocupado e que logo voltará para casa.

— Espero que ela não mantenha esses dias na memória. Espero que eu permaneça como um pai presente para ela.

— Tenho certeza que será assim. Afinal de contas, você logo vai sair daqui e ela depois nem vai notar que esteve fora.

— Sim, espero.. Mas e Julian? Kieran? Seus pais?

— Estão bem. Nós falamos de você todos os dias, e eles querem vir te visitar logo, sentem muito a sua falta, amor.

Thomas sorriu, e dessa vez, de forma serena e genuína. Seu humor parecia estar melhorando se comparado com a forma que entrou na sala, e isso deixou-me feliz. Saber que trouxe-lhe a mínima felicidade que fosse, me confortava.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now