Capítulo 32: Uma semana

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Aguardava ansiosamente minha resposta e ao ver aproximar-me de seu rosto, Emma fechou os olhos, sem conseguir conter um sorriso em seu rosto. Aproximei-me um pouco mais, levando meus lábios até o seu ouvido.

— Nunca. — disse, firme.

Afastei-me de uma só vez e Emma abriu os olhos, desta vez, com uma expressão furiosa em seu rosto. Era óbvio que eu tinha criado expectativas e vê-la sonhar com algo impossível, era a minha única diversão no momento.

— Prefere ficar aqui??

— Com certeza, não é tão ruim. — dei de ombros.

— Não sabe o que diz.

É claro que eu queria ir embora, mas eu nunca faria nada do tipo. Emma poderia fazer o que quisesse porque nunca teria nada de mim. Mesmo que aquela fosse a minha única chance de sair daquele lugar, eu ainda preferia ficar ali.

Suspirei e apoiei minhas costas contra a parede, fechando os olhos em seguida. Emma ainda estava ali, mas apenas ignorei sua presença. Não ouvi mais a sua voz e quando voltei a abrir os olhos, eu estava sozinho novamente.

Aquela era a minha primeira noite naquele lugar. Frio, escuro e sem o mínimo conforto. Eu não sabia quantos dias eu passaria ali, mas esperava que meu tempo fosse curto. Eu queria voltar para casa mais do que qualquer coisa.

As horas foram passando-se e não consegui adormecer, apesar de estar mentalmente cansado e abalado. Quando amanheceu, o guarda me trouxe um copo de café. E assim fiquei até ser chamado para a sala de interrogação.

Quando cheguei à sala, Mason já estava. Nos cumprimentamos e sentamo-nos um ao lado do outro, como no dia anterior. Mais uma manhã começava-se totalmente diferente da minha rotina, era angustiante.

O investigador apresentou as provas de Emma. Basicamente, todo o conteúdo que havíamos visto no pen-drive, mas eu não conseguia concentrar-me em suas palavras. Minha cabeça estava longe, em outra dimensão.

Meus olhos pesavam e doíam, e apesar de tentar concentrar-me, minha atenção mudava de alvo em curtos segundos. Percebendo minha distração, o investigador disse que faríamos uma pausa e logo saiu da sala.

— Thomas, você precisa se concentrar. — Mason, disse.

— Perdão. Estou tentando.

— Sei que está difícil, mas mantenha a calma.

— Você falou com Manuela? — perguntei, inquieto.

— Recentemente, não. Não se preocupe tanto.

— Posso falar com o Julian?

— Você sabe que não depende de mim. — Mason, disse.

Engoli em seco e fechei meus olhos com força, afim de afastar aquele cansaço de mim. Minha cabeça doía, sentia como se alguém me estivesse dando diversas marteladas. Quando abri meus olhos, notei Mason me olhando.

— O que foi? — indaguei.

— Você dormiu?

— Não consegui.

— O que comeu ontem?

— Não comi nada.

— Não faça isso.

— Mas o que? — retruquei.

Apesar de ouvir suas palavras, não conseguia entendê-las. Não conseguia gravá-las em minha cabeça, tudo o que eu conseguia sentir era a dor que roubava-me toda a atenção. Respirei fundo e Mason levantou-se, indo até a porta.

O Milagre: LembrançasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora