Capítulo 35: Para onde ir?

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Manuela POV's

— Seu marido disse que não deseja vê-la.

Fiquei incrédula. Thomas não queria me ver? Tudo o que passou por minha cabeça era que aquilo não passava de um engano da parte do guarda. Fazia algum tempo que eu não via meu marido, como eu estava sendo evitada assim?

— Acho que está enganado. — retruquei.

— Senhora, isso costuma ocorrer. Não se desaponte.

— Como assim?

— Muitos casais se afastam devido a prisão, é normal.

— Não está ocorrendo isso. — falei, firme.

O guarda suspirou e encarou o chão. Fiquei alguns segundos apenas pensando no que fazer ou dizer. Cada dia que se passava, eu me via em situações ainda mais complicadas. Nada parecia estar voltando ao lugar.

— Thomas Hoston, é o nome do meu marido.

— Sei disso. O informei de sua presença mas ele me pediu para dizer que não deseja vê-la... Então, pode retirar-se.

— Certo... Tudo bem, não vou ficar insistindo.

Virei-me de costas e saí da sala. Nada passava pela minha cabeça, era como se minha mente no momento estivesse vazia ou, eu estava perdida demais para pensar em alguma coisa. E em um piscar de olhos, passei por aqueles portões.

Thomas estava lá dentro, naquele lugar assustador que me vazia tremer só de pensar. Ele estava lá e não queria me ver. Eu não conseguia imaginar o motivo ou ao menos me sentir bem com isso, mas tudo o que podia fazer era aceitar.

Joseph me esperava no carro e logo entrei no mesmo vendo sua expressão confusa. Era certo que eu o encontraria daquela forma, afinal, no mesmo pé em que entrei na prisão, eu saí dela. Aquele era o meu máximo.

— Devemos ir, senhora?

— Sim, Joe.... Por favor.

Respirei fundo assim que demos partida e evitei olhar para os muros ao meu lado. Eu não queria lidar com aquele sentimento que me tomava no momento. Minha força parecia estar se esvaindo. E eu não sabia para onde ir.

Joseph estacionou em frente a casa de mamãe e olhei para o seu jardim, vendo o carro de papai estacionado ali. Segundos depois, desci do veículo e caminhei pelo gramado, respirando o mais fundo que eu conseguia.

Meus olhos marejaram no momento em que bati três vezes na porta, pouco depois, a mesma abriu-se, revelando mamãe que olhou-me assustada. Desviei meu olhar, afim de conter o choro que estava me esforçando pra segurar.

— Querida? — mamãe, chamou-me.

Ouvir sua voz foi o meu limite. É como quando ouvimos um "está tudo bem?" e isso instantaneamente nos faz desabar. A voz da mamãe teve esse mesmo efeito sobre mim, então, meu choro iniciou-se sem que eu pudesse controlar.

Eu não entendia o que estava acontecendo e acho que aquilo começou a levar-me a questionamentos e ao desespero. Já era o suficiente aquela distância que havia entre Thomas e eu, então por que ele estava criando mais?

Ao ver-me chorar, mamãe imediatamente envolveu-me em seus braços e após segundos apenas acariciando minha costas na tentativa de me acalmar, puxou-me para dentro e levou-me até o sofá, onde me sentei, ainda em silêncio.

Mamãe foi até a cozinha e voltou com um copo de água, deixando-o sobre a mesinha de centro. Encarei-o, hesitante. Nem sequer tinha vontade de beber água. Não tinha vontade de nada, estava perdida dentro de mim.

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now