Emma balbuciou algumas palavras mas estava travada e chocada, não sabia o que dizer. Permaneci encarando-a e foi impossível não dar um sorriso satisfatório com sua reação surpresa. Então, aproximei-me um pouco mais.
— O que estava a dizer para a minha esposa?
— Se-senhor... Acho que me entendeu mal.
— Não. Eu sei que ouvi bem as suas palavras.
A respiração de Emma estava pesada e por mais que a mesma abrisse a boca, dali não vinha som algum. Foi a primeira vez que vi a facilidade que tinha em desestabilizá-la. Depois de tudo, isso era divertido.
— Vai parar de fingir agora? — perguntei, sugestivo.
— Fingir?
— Ser uma boa pessoa. Assistente dedicada. Não acredito mais nisso, eu sei o que esteve fazendo nas minhas costas. Por quanto tempo pensou que ia durar?
— Eu... — Emma pausou e seus olhos marejaram. — Não sei o que ela te disse, mas as coisas não são assim.
— Não? Então você não agrediu minha esposa? Não foi você que a ameaçou? Por acaso você não forjou documentos contra mim? Nada disso foi você, Emma?
— Senhor!
— Eu estou cansado de você! — exclamei, gritando.
Emma abaixou a cabeça, encarando o chão. Estava exausto de ter que vê-la, isso tirava-me a pouca paciência que tinha. Emma respirou fundo e aos poucos levantou sua cabeça, assim, olhou-me nos olhos.
— Eu nunca quis fingir, mas não tive outra opção. Eu não sou alguém ruim, foi culpa das circunstâncias. — falou.
Sua resposta deixou-me surpreso, não pensei que fosse admitir com tanta facilidade. Mas lá estava ela, deixando sua máscara cair. Seus olhos verdes ainda olhavam-me, mas não era de forma arrependida e nem envergonhada.
— De certa forma é libertador poder mostrar quem eu sou para você, só que eu não queria que fosse assim. Essa não é quem eu sou de verdade. Você vai me dar...
— Some da minha empresa. Agora! – ordenei.
— Não vou insistir, sei que está chateado agora. Mas sei que logo vai entender, sei que vamos conversar com mais paciência e tudo vai ficar bem entre nós.. Eu sei.
Respirei fundo, os olhos de Emma estavam marejados e isso me deixava com mais raiva. A assistente que conhecia estava completamente diferente, é surpreendente a capacidade de uma pessoa para fingir.
— Eu disse para sair! — gritei.
Emma abaixou a cabeça e seguiu para fora da sala. Fechei os olhos por curtos segundos, tentando recompor a paciência que perdi. Eu sabia que Emma não valia de nada, mas ainda assim era uma mulher.
Se fosse um homem à minha frente, eu teria sido mais rude. Apesar de tudo o que Emma fez, não poderia tratá-la totalmente da forma que merecia. Poucas coisas havia aprendido com minha mãe e isso foi uma delas.
Apoiei minha testa em minha mão e aos poucos fui me recompondo. Não a deixaria ameaçar Manuela nem mais uma vez. Eu sabia o que tinha colocado em risco, mas já estava em meu limite. Após me acalmar, saí dali.
Para completar o momento, minha cabeça começou a doer. Eu poderia dizer que estava arrependido, devido a chance de Emma ir rapidamente me delatar para a polícia, mas estaria mentindo. Eu não me arrependia.
— Chefe! — Charlotte apareceu inesperadamente em minha frente no corredor, parecia sem fôlego. — Emma..
— Eu sei. Ela saiu daqui correndo?
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O Milagre: Lembranças
SpiritualContinuação da obra: O Milagre: Reencontro ❤ Depois de uma semana em coma, Manuela acorda sem ter lembranças de seu marido. A vida do casal se torna uma bagunça, e ambos tentam passar por cima das lutas que parecem não ter fim. Apesar da dificuldade...