Capítulo 29: Foi por amor

1.1K 153 63
                                    

Emma balbuciou algumas palavras mas estava travada e chocada, não sabia o que dizer. Permaneci encarando-a e foi impossível não dar um sorriso satisfatório com sua reação surpresa. Então, aproximei-me um pouco mais.

— O que estava a dizer para a minha esposa?

— Se-senhor... Acho que me entendeu mal.

— Não. Eu sei que ouvi bem as suas palavras.

A respiração de Emma estava pesada e por mais que a mesma abrisse a boca, dali não vinha som algum. Foi a primeira vez que vi a facilidade que tinha em desestabilizá-la. Depois de tudo, isso era divertido.

— Vai parar de fingir agora? — perguntei, sugestivo.

— Fingir?

— Ser uma boa pessoa. Assistente dedicada. Não acredito mais nisso, eu sei o que esteve fazendo nas minhas costas. Por quanto tempo pensou que ia durar?

— Eu... — Emma pausou e seus olhos marejaram. — Não sei o que ela te disse, mas as coisas não são assim.

— Não? Então você não agrediu minha esposa? Não foi você que a ameaçou? Por acaso você não forjou documentos contra mim? Nada disso foi você, Emma?

— Senhor!

— Eu estou cansado de você! — exclamei, gritando.

Emma abaixou a cabeça, encarando o chão. Estava exausto de ter que vê-la, isso tirava-me a pouca paciência que tinha. Emma respirou fundo e aos poucos levantou sua cabeça, assim, olhou-me nos olhos.

— Eu nunca quis fingir, mas não tive outra opção. Eu não sou alguém ruim, foi culpa das circunstâncias. — falou.

Sua resposta deixou-me surpreso, não pensei que fosse admitir com tanta facilidade. Mas lá estava ela, deixando sua máscara cair. Seus olhos verdes ainda olhavam-me, mas não era de forma arrependida e nem envergonhada.

— De certa forma é libertador poder mostrar quem eu sou para você, só que eu não queria que fosse assim. Essa não é quem eu sou de verdade. Você vai me dar...

— Some da minha empresa. Agora! – ordenei.

— Não vou insistir, sei que está chateado agora. Mas sei que logo vai entender, sei que vamos conversar com mais paciência e tudo vai ficar bem entre nós.. Eu sei.

Respirei fundo, os olhos de Emma estavam marejados e isso me deixava com mais raiva. A assistente que conhecia estava completamente diferente, é surpreendente a capacidade de uma pessoa para fingir.

— Eu disse para sair! — gritei.

Emma abaixou a cabeça e seguiu para fora da sala. Fechei os olhos por curtos segundos, tentando recompor a paciência que perdi. Eu sabia que Emma não valia de nada, mas ainda assim era uma mulher.

Se fosse um homem à minha frente, eu teria sido mais rude. Apesar de tudo o que Emma fez, não poderia tratá-la totalmente da forma que merecia. Poucas coisas havia aprendido com minha mãe e isso foi uma delas.

Apoiei minha testa em minha mão e aos poucos fui me recompondo. Não a deixaria ameaçar Manuela nem mais uma vez. Eu sabia o que tinha colocado em risco, mas já estava em meu limite. Após me acalmar, saí dali.

Para completar o momento, minha cabeça começou a doer. Eu poderia dizer que estava arrependido, devido a chance de Emma ir rapidamente me delatar para a polícia, mas estaria mentindo. Eu não me arrependia.

— Chefe! — Charlotte apareceu inesperadamente em minha frente no corredor, parecia sem fôlego. — Emma..

— Eu sei. Ela saiu daqui correndo?

O Milagre: LembrançasWhere stories live. Discover now