- Apreensiva -

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O relógio pareceu estar travado, seus ponteiros não queriam mover-se um só milímetro, Célia estava na sala de aula, aborrecida com a falta de decência desse tempo estúpido que nunca passa. O professor passava as páginas de um lado para o outro, eram as provas de Física: as notas mais assustadoras - e incrivelmente esperadas - do bimestre.

havia roído todas as unhas, de todos os dedos. Seu coração palpitava enquanto o senhor Bonnie apenas olhava por cima dos óculos e negava algo, balançando a cabeça e fazendo movimentos com a boca como um esboçar de uma palavra que logo desistia de pronunciar.

Ela quase podia ouvir a maior parte da turma reclamado que teriam que ficar na escola durante as férias de verão. É assim todos os anos, não mudaria hoje.

Por uma sorte incrível, ela nunca ficou de recuperação nem uma única vez, mas isso não diminui em nada sua preocupação, nem amenizou a falta de unhas para arrancar com os dentes.

Suspirou.

Apenas dois minutos - ela repetia em sua mente. Já se tornou impossível aguentar.

- Alison, Aleda, Andy, Barry, Célia - o coração da garota foi a garganta quando ouviu seu nome, os reprovados eram sempre os primeiros a serem chamados. Enterrou o rosto entre as mãos já sentindo as lágrimas correrem por suas bochechas, e seu rosto ficar inteiramente vermelho. Ouviu também a mãe gritar "acha que te criei para reprovar?" felizmente Bonnie limpou a garganta, fazendo seus pensamentos aterrorizantes dispersar-se. Continuou chamando os outros, possíveis, reprovados: - Daniel, Diana, Gustave, Larry, Lucca, Miranda, Natalie, Oliver, Quíron, Suzan, Tyler e Zanetti. - Ele suspirou, pareceu altamente desapontado. Célia era uma das melhores alunas da turma, ou melhor da escola inteira. Mira e Zanetti estavam à frente por poucos pontos... Quíron era, com certeza, o melhor aluno quando se fala em cálculos! O que diabos estavam fazendo na recuperação? Perguntou-se, quase entrando em colapso. - Meus parabéns, passaram com vigor, as suas são as maiores pontuações já vistas em minha disciplina. Vocês merecem até mesmo um prêmio!

Quando o professor terminou de falar, Célia arregalou os olhos tão brutalmente que achou que ambos pularam fora do rosto. Enfim pode respirar novamente.

Uma série de murmúrios e cochichos correu toda a sala, a seu lado Hillary negava algo, cobrindo os olhos com as mãos. Célia, por uma série de motivos, sentiu-se mal pela amiga. Haviam estudado juntas durante todos os finais de semana e Hillary se saiu tão bem.

- Não fica assim... - falou tocando seu braço, a garota estremeceu com o toque.

Hillary se virou, tirando a mão de sobre os olhos pequenos e verdes, carregados de maquiagem e segredos irreversíveis.

- Não estou assim por conta da nota - sorriu, um sorriso triste de mais para a Rainha Da Alegria -, já me acostumei com os zeros que a vida me dá.

Célia percebeu que os olhos verdes estavam banhados de um leve avermelhar. Ela estava chorando? Mas chorar não existe no dicionário de Hillary!

- Então o que aconteceu? - Célia não entendeu a expressão que a garota fazia, Hillary estava estranha a um tempo, vomitava com frequência e estava magra de mais. Em uma semana ignorou três convites para festas em boates badaladas, o que já trás uma imensa preocupação, isso chega a ser motivo de ir ao médico!

- Eu não sei... Acho que - o rugir do alarme a interrompeu. Todos os alunos começaram sua ladainha, pareciam enxames zumbindo freneticamente.

- Quero todos os outros na minha sala após o último sinal! - gritou o professor.

- Preciso ir, te conto tudo depois.

MORE THAN WRONGOnde as histórias ganham vida. Descobre agora