- Errada -

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Já haviam se passado oito meses desde a última série de perguntas sobre o caso “Crown” a qual Célia precisou responder. Mas antes disso vieram inúmeras interrogações e mais respostas. Respostas que avançavam o pessoal, fazendo Célia se sentir quase agredida por ter que dizer a verdade, que matou alguém – por alto defesa.

Mas uma verdade ela não disse. Essa os policiais descobriram sozinhos e anunciaram e publicaram em todos os jornais impressos e televisivos.

Zayn Malik, filho adotivo de James McKenney, fugiu do hospital Sant Paul, onde era interno e ainda investigado pela polícia sobre o caso Crown*, ao ser questionado sobre seu envolvimento com a boate Néon Dance.”

Célia ainda sente o coração pular toda a vez que ouve os nomes “Zayn” e “Fugir” em uma única frase. Sabendo que ele ainda está por aí, vagando, escondido, talvez ferido, faminto. Talvez.

Desde o fim das investigações e das afirmações de que todos os envolvidos estavam presos – menos Zayn –, Célia está sendo sujeita a seções com dois psicólogos diferentes, cinco vezes por semana. Além de estar sobre as indestrutivéis ameaças da Senhora Montês, sobre mandá-la para um convento no verão. Célia ainda sorri com essa louca possibilidade de estar trancada em um grande casarão com dezenas de garotas aprendendo como ser madres com freiras sérias e controladoras. Por mais longe de tudo que ela quisesse estar agora, um convento não seria uma de suas escolhas para desaparecer.

– Célia? Esta na hora de irmos, já está pronta? – Sienna chamou dando leves batidas na porta do quarto de Célia. Sra. Montês ficara diferente após tudo aquilo, mais atenciosa e preocupada do que nunca, mas já não abrigava Célia a vestir vestidos que cobrisse os joelhos, ou a ir a Igreja todos os domingos. Apenas não a deixava sair de casa, como se a qualquer hora um maluco fosse raptar Célia e levá-la para sempre.

Mesmo a polícia e a Senhorita Makena – psicóloga contratada pela polícia – assegurando que Célia estava liberada e que ela não era uma psicopata, Sienna ainda temia imensamente pela saúde mental de sua filha, achando que a qualquer momento Célia iria enlouquecer e erguer uma faca – ou uma garrafa – e matar qualquer pessoa que viesse a sua cabeça.

– Já vai mãe – Célia terminava de pentear os cabelos, agora não tão grandes (chegando a base dos ombros). Ela pensou em como mudar diversas vezes, Hillary deu essa a idéia de cortar os cabelos.

Hillary, agora com sua pequena Louise, parece estar mais bela do que nunca. Fora uma grande briga até Hilly aceitar que Zayn não era pai da pequena mas sim Lourenço – um rapaz bonito o suficiente para Hillary babar mais uma vez, além de gentil e responsável, ele assumiu a criança e vai visitá-la quase todas as tardes. Agora ela cuida da pequena com a ajuda da mãe e de Henrie, o único cara a quem Hillary ama de verdade.

Zayn acabou virando uma sombra na vida da amiga, alguém a quem ela não queria rever. Mas Célia queria.

A garota abriu a porta e puxou sua bolsa junto consigo antes dessa se fechar às suas costas.

– Estou pronta – ela revistou os cadarços de seus Converse brancos.

– Vou precisar rever as coisas na loja e seu pai com certeza vai ficar cuidando daquele bando de homens na fábrica; você pode voltar de táxi? Pode pedir pizza se não quiser cozinhar hoje – Sienna pegou as chaves e abriu a porta dando passagem para Célia.

– Posso – Célia disse cabisbaixa, a dias está esperando por um pouco de silêncio e solidão.

– Que bom. Não fique muito tempo nas ruas, se Charles não estiver no consultório volte diretamente para casa, me ouviu?

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now