- Apta -

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A vida lhe passou completa em sua mente. Definhando, com seus dedos gélidos e ossudos, os arquivos embaralhados de sua memória.

Estava tudo lá, desde a primeira vez que saiu de casa – deixando uma Thisha chorosa e inconsolável para trás, para seguir os passos de James –, até o primeiro momento em que pôs os olhos naquela menina de pele calmamente esbranquiçada – de um modo proibido e sutil –, bochechas salpicadas de um rubor rosa natural e saudosos olhos em um castanho claro que as vezes ele confundia com pequenas pedras preciosas ou pequenas estrelas num pomposo céu sem lua. Oh, a pequena Célia. A pobre menina rica que, quem dera, fez as paredes robustas de Zayn se esmigalhar em pólvora e faíscas, criando uma verdadeira explosão dentro de todo aquele interior escuro, iluminado todo o seu ser, completamente. Queria ter tempo para suspirar...

Zayn sedia aos lampejos daquele fim sem problemas, enquanto que mais lembranças surgiam em sua mente furtivamente, roubando seus últimos instantes de vida.

Lembrou de como ele a tocou na primeira vez, como ela estava fumegante sob os lençóis e de como ele sentia que era apenas mais uma garota. Seu coração apertou dentro do peito como se uma mão o apertasse, fazendo-o parar de bater.

Zayn tentava fingir que estava fazendo seu legado para o futuro brilhante, uma fama inacreditável – não a de um artista famoso, nem nada assim. Ou simplesmente era orgulhoso de mais para admitir que estava sentindo qualquer coisa.

Todo aquele orgulho foi substituído por medo, pavor, pela frustrante cena de todos os seus mais mesquinhos sonhos se apagando como velas em um bolo solitário, e Célia se afastando em uma linha escura salpicada de vermelho-sangue, linda feito a lua cinzenta que, mesmo não tendo uma luz própria, incendeia o céu todas as noites. É isso que Célia é: uma lua constante a procura de luz... Zayn se sentia sendo a nuvem escura que a apagava, tristemente desejou, novamente, poder suspirar.

Tudo o que o rapaz queria dizer era o que sentia agora. O que passou a sentir ao ver tantas lágrimas naqueles pequenos olhos cheios de sonhos. Mas por trás do “Bad Boy Encrenca”, havia o medo constante, o medo de admitir qualquer coisa. Oh, ela esteve sempre tão perto, yeah, sempre tão apta a ser somente o que Zayn precisasse, mas ele não pertencia aquele mundo que ela queria, Zayn simples e obviamente pertencia a futilidade de uma cama bagunçada. A culpa nunca fora de Célia. Não havia nada errado com aquele jeito de “A Virgem Moça Sem Pecados” que ela carregava, Zayn é quem sempre fora o culpado. Seus sentimentos estavam sempre embaralhados. Ele estava sempre preocupado com o corpo que sua cama hospedaria na próxima noite, não por luxúria, na verdade era uma espécie de desespero; algo quente e doce para adoçar e apimentar sua vida sem que ele pudesse se apegar aquilo, aquela mulher. Ele só não contava com os sentimentos de Célia para enfiar uma flecha flamejante em seu coração de gelo e fazê-lo derreter. E ele a deseja com todo o seu íntimo.

Zayn sempre teve os olhos fechados para esses sentimentos que no fundo sabia que um dia teria de sentir. E que pela hora para sentir, quando seus únicos ouvintes são paredes vazias e tapetes sujos de sangue num momento tão crucial de sua vida: o fim, o epílogo. E não haveria uma continuação dessa história, não existiria um “volume dois” – bem, e se houvesse, Zayn não teria seu nome nele.

Agora, no fim da estrada, sem aquela luz tão comentada nos filmes e livros, Zayn iria abrir, finalmente, os olhos, iria ver seu fim mesmo que não o quisesse. Iria imaginar Célia sorrindo, partindo. E sua mãe orgulhosamente feliz, levando outro caminho...

O coração pulsando alto em seus ouvidos, o sangue correndo como flashes barulhentos dentro de suas veias, os ossos sentindo o cauteloso frio que se arrastava pelo carpete e tomava seu rosto em mãos duras e sombrias, todos os seus sentidos em alerta como um lobo faminto, faminto por vida, por ar. Zayn queria saborear aquele último segundo de vida com o ar poluído de Nova York infiltrando em seus pulmões, mas ele simplesmente sufocava com a dor lancinante invadindo-o – sem escrúpulos – sem pedir passagem. Zayn não poderia impedir. É o fim, ele já aceitara o que o destino havia lhe entrege – ocasionalmente por não poder lutar mais, por não ter mais forças, nem recursos de continuar tentando mudar o que já deveria estar feito.

Ao menos Zayn estava longe de tudo aquilo, daqueles homens – James e Adam – a quem ele vinha dando sua vida em riscos que somente o envolviam.

Zayn pensou em quantas vezes poderia ter sido preso. Quantos pontos em sua carteira. Quantos crimes. Quantos anos de prisão. Deduziu que “muitos” é um número muito bom para preencher todos aqueles papéis. E quem os assinaria? Previu os jornais informando o mais novo prédio de Crown, cheio de janelas escuras e imprudentes e então Adam teria colocado um rapaz em seu lugar, e ele passaria exatamente pelas mesmas coisas. Mas esse teria sua Célia particular, uma que o deixaria por ele levar uma vida tão horrível... Imaginou seu corpo sendo enterrado, apenas sua mãe chorando na borda de um punhado de terra escura. Não haveriam flores, nem velas, apenas o rugir fúnebre do vento, a tormenta.

O rosto de Crown estava terno, mantendo as sobrancelhas rugosas como se estivesse se perguntando algo, o coração parecia se igualar ao seu próprio. Zayn suspirou. O último suspiro. O último milésimo de segundo se sua vida podre e mesquinha... Uma lágrima solitária voluntariou-se a escorrer de seus olhos cheios de pânico e agonia e correr por suas bochechas tensas. Porque ele só pensa em Célia? Porque, de tantas coisas para se pensar em um último milésimo, apenas um rosto surgia em sua mente de ar soturno? Zayn não sabia. Não queria saber. Não queria entender nada daquilo. Apenas isso. Aprisionou aquela linda imagem em sua mente, como uma foto instantânea, agarrou o ar que picava seu rosto como milhões de vespas invisíveis e gigantescas. “Adeus”, suspirou para seu interior, “adeus” , o abismo parecia se contrair a medida que o barulho irregular preenchia sua mente, rebatendo a palavra a Zayn, respondendo-o do mesmo modo. Um fantasma de um sorriso se formando.  Um sopro gélido levou arrastou seus cabelos, beijando de leve sua face, a bela brisa sem corpo arrastando sua vida para longe. Yeah, e estava ali, bem ali a alguns centímetros de distância: seu fim. O adeus. O fim da linha. Suplicante.  Infelizmente. Finalmente. Fúnebre... Mortalmente...

– LARGA A ARMA! MÃOS ONDE EU POSSA VER!







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Okay :)

Queria ver seus rostos agora HOHOHOHO *risada diabólica* (sqn)

Já parei, eu já PAREI!!

Eu nunca que ia matar o Zayn – não outra vez.

Então... Esta aí, um capítulo com apenas uma fala – uma fala gloriosa por sinal – deixando bem claro que... Depois de tanta frustração eu não iria fazer o pior, né? Ainda quero continuar viva! :o

Então comentem enlouquecidamente! Votem! Fantasmas apareçam e votem também, obrigada kkkk

Beijocas de algodão doce (^o^)

Iiiiih eu amo vocês MUITÃO ❤

Até logo ✈

- SSMissing ❤

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now