- Entregue -

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As mãos suaves de Zayn pareciam lhe tocar o pescoço, os lábios...

Balançou a cabeça tentando expulsar os pensamentos que ocupam sua mente, a preenchendo com um ponto de insanidade. Os lábios secos, por um instante, pareceram sentir falta da mordida que Zayn a dera. Uma pequena força a levava a pensar apenas no beijo que recusou.

O que aconteceu aquela noite? Lembra-se das mãos quentes e do toque agressivo... Mas não sabe o que aconteceu assim que seus lábios tremeram com o toque raso da pele do...

- Que droga! - sussurrou com as mãos postas, em formato de concha, sobre o rosto.

A música chata do elevador fazia seus pensamentos quererem seguir, ainda mais, para um lugar distante daquele.

A luz forte, até então, piscou. Uma falha na eletricidade fez o elevador parar e ranger estranhamente. As luzes faziam uma dança estranha, piscando, como milhares de vaga-lumes sincronizados. A música parou de súbito, recheando os ouvidos de Célia de paz.

- Ótimo - escorregou na parede, até o chão. Abraçando a mochila contra o peito.

Célia já presenciou várias "quedas de energia" quando morava na parte mais pobre de Clifton. Às vezes a luz se esvaia por dias; o silêncio das escadas escuras sempre a agradavam, mas ela adoraria não ter que dormir em um mar de escuridão.

A luz deu a parecer querer atender a seus gostos, apagou-se com um "click" surdo. Célia tateou os bolsos a procura do aparelho celular - um pontinho de luz nunca é de mais.

Encontrou o aparelho e aumentou a capacidade de luminosidade da tela do mesmo, sentiu os olhos suavizarem ao receber um pouco de claridade.

Verificou a tela:

Quatro mensagens; Hillary.

Sete chamadas perdidas - tocou no botão com cuidado, rangendo os dentes, talvez não fosse o que ela está estava pensando; mamãe!

O diretor a contatou sobre o caso "dor de cabeça", é a única explicação.

Ela faria um interrogatório como agentes do FBI, ameaçaria escancarar seus diários ao padre, faria reclamações ao pai. Por Deus, Célia está perdida.

- O que eu fiz para merecer isso? Deveria ter deixado aquele idiota morrer naquele beco imundo. Mas nããão "Célia é uma menina boazinha de mais", arhg! Simplesmente maravilhoso - ajeitou a mochila. Uma certo frio lhe subiu a espinha e parou no centro do pescoço.

Zayn, Zayn... Se ele não estivesse esmurrado e insanguengado como um bife cru, poderia contar toda a verdade à sua mãe. Quer dizer, não, nem toda a verdade, só a verdade de hoje. NÃO! Melhor ela se resolver sozinha e não piorar a situação, correndo o risco de ter sua vida exposta e várias coisas a que ama arrancadas dela.

O elevador rangeu mais uma vez, como se tombasse contra a parede. Quase uma queda...

- E tudo não para de melhorar.

***

Um saculejo fez Célia acordar, assustada deixou o celular cair. Já não havia mais nenhuma partícula de luz no aparelho, nem em parte alguma do local.

As paredes ainda parecem uma prisão, cercando-a de medo e um pouco de conforto.

Um zumbido fez seus pelos eriçarem, e, de súbito, a música tenebrosa voltou a assombrar sua pobre paz. Célia se ergueu, pegando a mochila, a luz se ascendeu com força total, deixando-a um tanto tonta e cobrindo seus olhos com uma névoa esbranquiçada.

MORE THAN WRONGOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz