- Capturada -

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A moto bateu contra o degrau da pequena escadaria que leva ao hotel. Zayn pulou da mesma, quase caindo, sangue gotejando de cortes em seu rosto e braços – agora nus. A filha do horteleiro pulou atrás do balcão quando viu o estado deplorável do homem à quem tinha se entregado... Ela ia perguntar alguma coisa, mas Zayn ergueu a mão e correu em direção ao elevador.

Zayn se segurou nas paredes e, esmurrando os botões, chegou ao andar que queria. Avançou o corredor, abrindo a porta do pequeno quanto de limpeza.

– Célia, já pode sair – sussurrou sentando-se em um banco azul de plástico, respirava de maneira falha. Limpou o sangue que corria o canto da boca e notou a falta de uma resposta. – Célia? – se ergueu, estreitando os olhos para trás da pilha de caixas. Ela não está lá. – Mas que...

Descontou sua frustração e raiva nas caixas, fazendo-as voar metros a frente.

Correu novamente em direção ao elevador, dois andares acima, adentrou em seu quarto.

– Célia? Você está aí? – berrou tentando encontrar ar dentro e fora de Deus pulmões. – Eu vou te matar! – urrou entredentes. Abrindo as portas com chutes esforçados e doloridos.

No fim, seu assombroso pensamento estava certo: Célia fora capturada. Essa é a única explicação.

Sentou-se devastado na beirada da cama, fitando o espelho dois metros a sua frente. Há um profundo talho em sua bochecha esquerda. Um arranhão horrível um dedo acima do olho direito. Um corte devido a uma bala que, tardiamente, passou zumbindo rente à sua pele, bem no centro da coxa. Cortes superficiais em ambos os braços... Esta um caco. Um pedaço retalhado de carne vestindo um smoking espatifado como dos mortos-vivos do vídeo-clip “Thriller” do Michael Jackson; realmente é isso que seu reflexo acusa.

Por quanto tempo havia deixado Célia sozinha? Trinta, quarenta minutos? Menos? Somente uma garota burra como ela seria pega. Era o plano perfeito! – Zayn sussurrava, brigando com sua própria mente.

– Eu sei quem está com ela – disse a si mesmo, erguendo-se e retirando o smocking com cuidado, rumando a porta do banheiro. – Irei trazê-la de volta, seu desgraçado!

***

As palmas das mãos suavam em contato com o couro brilhante que reveste o banco do carro. Célia segurou as palavras e os gritos durante toda a viagem. Senhor Crown, como disse se chamar, olhava de soslaio para o rosto de Célia, vez ou outra ameaçava avançar seus imundos, finos e compridos dedos na perna da garota. Ela se afastava com brutalidade, quase pulando no colo de Edward; tampouco algum deles se importava.

O carro desceu a imensa avenida, parando em frente à um edifício comprido de mais para ver o final, com janelas de vidro azulado.

Poucas das luzes estavam acesas.

Os portões se abriram, dando passagem ao carro excepcionalmente brilhante. Rumando a garagem, Crown limpou a garganta, abrindo a porta do carro antes mesmo desse parar.

– Leve-a até o trezentos e quarenta e cinco. Deixe-a escolher algo bonito para vestir e os adornos que quiser, dêem um banho. Arrumem-na. Lucy saberá o que quero e como quero – desceu, analisando o corpo tétrico de Célia, tremeluzindo ao lado de Harry, engolindo as palavras como se fossem juras de morte. Sorriu. Um sorriso até mesmo diabólico.

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now