- Solitária -

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Subindo as escadas para entrar na delegacia, Célia sentia seu corpo inteiro tremer e calafrios inundarem seus ossos, sabendo que, em algumas daquelas salas todos aqueles homens estavam infornados, esperando por uma brecha para escapar, fugir, e... Seria Célia um novo alvo? Crown há havia dito uma vez que ela sabe de mais.

Ela atravessou as portas de vidro, o belo policial loiro acompanhando-a de perto, sem tirar os olhos dela nenhum único segundo, fazendo-a se sentir um pouco menos ameaçada.

- Seus pais estarão aqui em algumas horas, eu disse que algum policial iria acompanhá-la de volta para seu país, ou poderíamos confortá-la em alguma de nossas salas vazias, mas eles insistiram em vir o mais rápido possível - o policial tocou o centro de suas costas, indicando o caminho a ser tomado.

O rosto de Célia se contraiu.

- É a cara da minha mãe fazer isso - rolou os olhos.

O policial se apressou para abrir a porta, apontando para uma cadeira em frente à uma mesa de madeira pintada de vermelho. Uma bandeja exibia rosquinhas doces, com coberturas diversas, e dois grandes copos de café de algum Starbucks.

- Café? - disse o policial, retirando sua jaqueta e se ajeitando em sua cadeira negra.

- Claro - disse Célia, pegando o copo com as duas mãos e respirando o ar fumegante.

- Bom - ele pós um pequeno aparelho de gravação sobre a mesa e bebericou sua bebida -, o que exatamente aconteceu na mansão Crown?

Célia engoliu em seco, suas mãos trêmulas mostravam que aquele nome a assusta.

- Crown me mandou girar - sua voz tremeu ao sair tão alta após alguns segundos em silêncio. - Eu parecia uma mercadoria, aqueles automóveis nas lojas em exibição... - seus olhos se encheram de água ao lembrar da cena, os olhos engolindo-a como se ela fosse uma daquelas rosquinhas.

- E? - por um momento os olhos do policial se tornaram curiosamente desafiadores. Célia os encarou por meio minuto antes de enxugar a lágrima solitária que correu sua bochecha.

- Soube que outra garotas também faziam aquilo, elas... Elas foram compradas...

- Prostituição?

- Algumas eram obrigadas a fazer aquilo. Talvez com ameaças - Célia se perguntou se sua família fora ameaçada de um modo que ela não soubesse. - Eu fui arrancada do Zayn quando eles o perseguiram. Eles queriam matá-lo.

- Porque?

Célia olhou para as mãos estendidas na mesa e as seguiu até os olhos do investigador. Ele a encarou, estava tentando ler sua mente, tentando descobrir o que ela esconde. O que Célia esconde? Zayn. Ele é tudo o que ela precisa esconder.

- Eu sei sobre as garotas e sobre quem as "fornece" - acentuou as aspas com dois dedos erguidos ao ar, sentindo-se vagamente enojada.

- E quem as fornece? - o policial se remexeu em seu acento, desesperado por respostas.

- Os donos de uma boate, em Londres.

- Qual boate?

- Néon Dance.

- O que mais eles "fornecem"? - o policial imitou o gesto de Célia, fazendo as aspas com os dedos ao ar.

Célia está tensa. Qualquer coisa que ela disser pode incriminar Zayn - ela obviamente não queria isso, mesmo que sentisse que é o certo, que, de alguma forma, Zayn preferirá isso a ter que ver o pai ser preso, mas é preciso e ponto.

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now