- Escondida -

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Sentando-se no chão, com o espelho que arrancou da parede agora posto entre as pernas nuas, Zayn puxou a gaveta sob a pia, e retirou de lá algodão, gases, esparadrapo, pinças e uma espécie de elástico. Amarrou o elástico no braço com força e mordendo o lábio, aproximou a pinça com cuidado. A ponta metálica adentrou o corte e de lá retirou estilhaços de bala.

Pegou bolas de algodão e passou sobre o corte.

Repetiu o mesmo processo na perna ao tirar um grande e longo pedaço de vidro. O sangue, dessa vez, escorreu até o tornozelo e então pingou no chão. Zayn uivou baixo, pegando tiras de papel toalha e tentando limpar-se.

Após um curto banho quente para limpar todo aquele sangue, Zayn enrolou seus cortes em ataduras e gases, vestiu calças jeans em um tom escuro de azul – gemendo quando o jeans esfregava os arranhões – e, por cima de um sweater esverdeado, vestiu um casaco negro com capuz. Pensou que nunca teria que usar, mas removeu de sob a mesa uma pistola comprida e negra. Postou-a atrás das calças, ajeitando a roupa para que não aparecesse. Desceu todos aqueles andares no elevador, enquanto pensava no que fazer. Já havia “visitado” o covil daquele homem metido e idiota algumas vezes. Um prédio espelhado, alto e um outro lugar, uma espécie de mansão... É um rabugento! Usa mulheres para agraciar os negociantes, e, com isso, ganha milhões e milhões.

Seu tio nunca havia vendido garotas, não que Zayn soubesse. Ele sempre fornecia os lugares para os “encontros”, as bebidas, as drogas...

E quem faria esse trabalho imundo? Zayn: o moleque que aceitava qualquer coisa para não ser deixado para trás nos negócios da família. Que família? Argh! Célia tinha razão em não aceitar aquilo tudo. Depois de salvá-la e voltarem para a Inglaterra – lugar do qual nunca deveria ter saído –, Zayn irá se isolar em seu apartamento e só sairá quando toda essa corja estiver se extinguindo.

Montou novamente em sua moto roubada, temia que o dono tivesse posto a polícia atrás dele. Mas o que isso importa agora? Meteu Célia nisso tudo, agora terá que tirá-la de qualquer forma!

O motor roncou mas cedeu. Zayn acelerou até que quase pudesse ver faíscas saindo do asfalto. Ignorando os faróis vermelhos e poucos pedestres atravessando as faixas, agraciados com as luzes da madrugada que quase perdia sua escuridão para os raios solares.

Passou por uma enxurrada de prédios iguais, por camadas sem fim de monitores enormes avisando sobre as promoções de uma conhecida marca de roupas.

Virou uma ruela banhada por uma escuridão calida, então cortou caminho por os jardins de um prédio. Os irrigadores molhando seu pesado coturno avermelhado. Zayn tentou não se importar.

Enfim parou em frente a um prédio alto e espelhado. Por sorte, eles ainda estariam aí.

Os portões de abriram e Zayn estacionou a moto encostada a parede como se não fosse nada. Pôs o capuz e empurrou a porta, ignorando os elevadores e suas câmeras de giro 360°.

Zayn subiu as escadas, a qual tinha apenas uma câmera pósposta na entrada.

Se Adam pudesse vê-lo agora, sacaria uma arma e atiraria até não haver mais balas. Mas aplaudiria sua fuga destemidamente antes de enterrá-lo mentindo sua morte, dizendo que ele mesmo deu fim a própria vida. Zayn o conhece como ninguém. Então outro idiota seria posto em seu lugar. Seria escalado a “entregador” e então, quando esse soubesse coisas de mais, seria rebaixado a “morto” e seria assim até que todo aquele negócio ganhasse grandes proporções e eles não precisassem de mais ninguém.

Zayn já estava sem fôlego após subir tantos degraus, dois, três por vez. Retirou a arma de trás do jeans e escondendo-se das câmeras passou para a por cor de rosa a sua frente, abrindo-a com facilidade, sem nem mesmo precisar de chaves de fenda.

– Harry? Já voltou, mon amour? – disse uma mulher bonita, sentada a frente de um espelho ajeitando os cabelos para que os mesmo criassem em grandes cachos ondulados sobre os ombros como cascatas de ouro reluzente. – Oh! – assustou-se. – Quem é você? O-o que está fazendo aqui?

Ela se ergueu ameaçando Zayn com o modelador de cabelo.

– Me leva até o Crown, agora! – Zayn ergueu sua pistola de cano comprido. A mulher sobressaltou-se deixando o modelador cair sobre o tapete.

– Monsieur Crown não está aqui... Ele foi levar a nova menina para os representantes – a mulher deixou tudo escapar em apenas um suspiro.

– Ele está na mansão, não está?

A mulher sacudiu a cabeça, afirmando.

– Desgraçado!

– É o namorado da Célia, não é? O Zayn? – ela o olhou de baixo, tentando ver seus olhos.

Zayn balançou a cabeça, não se sabia se estava negando ou apenas atordoado, apenas imitava um indiano, sacudindo a cabeça para os lados.

– Ela chamou por um tal “Zayn” enquanto chorava – a mulher suspirou sentando despreocupada na borda da cama.

Zayn notou a preocupação no tom da voz aveludada da madame pomposa.

– Pobre garota. Tão nova e Crown já a enfiou em seus negócios nojentos – ela encarou a arma na mão de Zayn como se fosse uma barra de chocolate.

Ele notou e devolveu a pistola ao jeans.

– Ele vai trocá-la não vai?

A mulher confirmou balançando a cabeça.

– E depois disso, ninguém sabe para onde elas vão – a mulher se ergueu pesarosa e observou Zayn por alguns instantes. – Ela te ama, Zayn – suspirou, Zayn a encarou como se essa inventasse a maior de todas as lorotas.

– Não, ela não ama – disse balançando a cabeça. – Ela me odeia, e é bom que continue assim.

A senhorita o olhou negando tudo com um simples erguer de sobrancelhas.

Zayn abriu a porta e voltou ao corredor, deixando a mulher assustada admirando sua ida. Entrou, dessa vez, no elevador e ignorando as câmeras, recostou-se na parte metálica. Aquilo que a mulher lhe havia tido até poderia ser verdade... Mas não deveria. Se Célia ainda tem algum juízo naquela cabecinha de vento, ignoraria qualquer sentimento e apenas pensaria em Zayn como o maldito que a fez passar por tudo aquilo.

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Estamos chegando em uma parte crucial de nossa fanfic ;)

Aaaaah o amor kkkkkk

Votem, comentem, me digam o que acharam...

Amo-vos ❤

Beijocas de algodão doce (^o^)

Novo capítulo amanhã :)

- SSMissing ❤

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