- Denegrida -

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Zayn se ergueu. Os móveis no chão encobrem um corpo sem vida. Sangue suja, com seu tom vermelho, o lindo – e provavelmente caro – tapete indiano no centro da sala. Harry já estava de pé ao lado de uma pequena mesa de mármore caída, um tiro lhe havia acertado o ombro, mas ele se mantinha ávido a continuar com aquela guerra, seja lá por que.

Ergueu a arma...

A solitária porta lateral abriu-se totalmente, de sopetão, um Crown sorridente se portou alinhado. Aplausos sonoros e insignificantes cortaram o silêncio que ele mesmo provocou.

– Bravo, bravo, bravo! – ele caminhou até bem perto do centro da sala, erguendo uma poltrona e reencostando-se na mesma, carregando uma certa e fingida sonolência. – Dois bárbaros. Vikings. Homens das Cavernas super armados  – passou os dedos nos cabelos. – Pouco importa – rodeou a cadeira, observando a maneira como ambos seus anfitriões ainda seguravam duas armas, e, no caso de Zayn, o revólver retirado do segurança abatido.

Crown analisou-os minuciosamente. Sorriu ainda mais largamente.

– Ótimo Harry, ótimo. Mas, você simplesmente estava driblando minhas ordens ao acertar o braço de nosso... Hum, companheiro, não acha? – Harry desviou o olhar para o rosto e expressão terna de seu chefe.

Zayn continuou com as duas mãos firmes na coronha do revolver, mesmo que um dos braços estivesse latejando. O rapaz não seria tão ousado a ponto de dar as costas para um inimigo.

– Você ainda não me respondeu, Harry – Crown cruzou as pernas, uma sobre a outra.

Harry engoliu em seco, os lábios formando uma linha fina e tensa.

– Pode baixar a arma, Zayn. Minhas ordens ao Harry foram de não te matar. Afinal, te matando, eu perderia um dos meus fornecedores, não é mesmo? – o homem encarava o Malik como se o fosse explodir e Zayn tinha a certeza de que, se pudesse, seria bombardeado.

“O que ele está armando?” Zayn pensou, tenso. Ainda segurava a arma da mesma maneira insegura e protetora.

– Onde está Célia? – perguntou enfim, possuindo o olhar de Harry para si, novamente. Ele queria matar os dois ali mesmo, matar quem quer que entrasse em seu caminho. Mas ele pensava em manter a calma.

– Eu a levei para cima... – ele apontou com os dedos para o alto, Zayn não desviou a atenção. – A pequena prostituta matou o homem qual eu receberia milhões. Não iria deixá-la sair por aquela porta; não viva, não sem mim para monitorar aquele rostinho bonito.

Zayn engoliu cada palavra, mastigando cada letra e degustando a sensação de raiva crescendo dentro de seu peito, aprovando a suculência da larva fumegante que seu coração bombeava para as veias. Os olhos vidrados.

Sim, ele queria atirar em Crown até ver sangue manchar seus coturnos e formar uma poça, mas esperou. Harry ainda está armado – mesmo que extremamente débil. Crown também deve estar, do contrário, não sabe se teria toda essa coragem de enfrentar Zayn assim, com essas palavras imundas.

– Ah rapaz, eu deixo você ir. Sim, você é o entregador, não quero que minhas mercadorias venham por mãos que eu desconheço. Nas suas mãos, como eu vi  Célia e até mesmo nossa falsa morena, Taylor, ou seja lá como aquela vádia se chamava, meus produtos não se estragam totalmente – um sorriso lateral surgia nos lábios de Crown a cada palavra, como se isso o revigorasse. – Pois bem, pode ir. Pode deixar isso aí e seguir para os braços de seu quero Adam.

Zayn continuou dividindo sua atenção entre chefe e empregado.

– Acabo de lhe dar a chance de ir embora e vai simplesmente recusar? – Alfred quebrou o silêncio após alguns segundos, aplaudindo mais uma vez. Cinco palmas, Zayn contou. – O que quer? – olhou fundo nos olhos do rapaz. – Ah... Oh não, não pode ser... O entregador se apaixonou pela encomenda? Rá! Que cliché. Esperava mais do glorioso filho de Yasser.

O rosto de Zayn mudou, uma grande interrogação manchando sua testa.

– Yasser... – sussurrou para si mesmo de maneira inaudível, decorando e relembrando aquele estranho nome. Engoliu seco. – Como você sabe sobre ele?

– Yasser já trabalhou comigo – deu de ombros. – Éramos jovens, tínhamos sonhos distantes. Ele queria abrir uma empresa imobiliária, investindo todo o seu tempo e dinheiro nisso. Mas a paixão o pegou de jeito. Ah, a doce Thisha. Ela trabalhava em um escritório durante a noite e em um café durante durante o dia. Seu pai era apaixonado por aqueles olhos e o sorriso – Crown  suspirou buscando as palavras em sua memória. – Bom, ela não o queria, não por achá-lo feio, ou por dinheiro... Ela era orgulhosa e protetora, seu “pai” a tinha, ela o amava, dava para ver em seus olhos sempre que ele entrava pela porta do café e se sentava na primeira mesa.

Zayn parecia perturbado com a história de seus pais sendo revelada por um charlatão. Porque sua mãe nunca havia contado? Zayn seria menos apegado a essa obsessão de querer ser da família, de querer que James lhe desse atenção se soubesse que uma outra família realmente existia.

– Yasser apostou tudo naquele amor e... Pelo que eu vejo ele conseguiu. Há muito dele em você. Muito além do físico. Coisas que só poderia ganhar com a convivência, mas vejo que não foi necessário.

– Porque minha mãe não continuou com ele?

– Como eu disse, Thisha amava o James. Quando ele voltou da tal “viagem” tudo o que ela poderia fazer era correr novamente para seus braços – silenciou por alguns segundos. – O amor pode destruir, Zayn.

Todos pareciam refletir sobre aquela história. Zayn remoendo tudo como um pedaço grande de mais para se engolir e amargo de mais para ser degustado.

– Yasser voltou para nossos negócios, apto a ser o mais rico, como se assim Thisha o pudesse querer novamente. Mas ele tinha desejos só dele, sonhos só dele... E, bem, éramos em dois, e só um poderia sonhar e realizar aquele enorme desejo – Crown parecia mesmo estar sonhando, relembrando a cena dos dois jovens tentando ser empreendedores famosos e ricos. Seu suspiro fez Zayn apertar os olhos e ler seu rosto, poderia haver verdade ali, e ele quer saber o resto da história.

– Só um poderia sonhar e realizar... – repetiu Zayn, sua mente trabalhando. – O que você...?

– Não, eu não matei seu pai – revirou os olhos. – Eu apenas fui mais esperto e usei toda aquela ambição a meu favor – se vangloriou. – Agora você precisa ser o esperto: vai continuar aqui, acabando com meu lindo palacete, trocando tiros com um atirador treinado – ele olhou de soslaio para Harry, como se o punisse por não ter esmigalhado Zayn –, até que um de vocês morra, tudo por canta de uma paixonite barata por uma prostituta de quin...

Zayn não o deixou terminar. Agarrou a arma com as duas mãos, liberando sua raiva, sua dor. Aquelas revelações, o cinismo e o mal caráter de Crown. As ofensas a Célia. Zayn não conseguia mais engolir tantas pedras. Célia... O que ela diria? Ela choraria – apenas – enfiando deu rosto entre as mãos a cada ofensa que saia da boca e dos olhos de Crown. Ele iria vingar o pai, mesmo que não o conhecesse, iria fazê-lo pagar por ter um dia se infiltrado em seu caminho. Zayn estaria livre. Célia estaria livre.

Como se em câmera lenta ele viu Harry tentar segurar a arma com seu braço dolorido, mas já era tarde...

Zayn fechou os olhos naquele milésimo de segundo antes de concluir aquele último click que traria sua liberdade. O gatilho foi espremido e o frustrante barulho vazio anunciou a falta de munição.



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E agora? O que essa Missing está tratando?

Veremos...

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