- Indecisa -

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Parecia até está em uma espécie de roteiro que o destino decidiu planejar assim, de última hora.

O táxi passava justamente em frente à boate Néon Dance quando o tio de Zayn saia da mesma, acompanhado por dois brutamontes, os mesmos que seguravam Zayn enquanto ele surrava o sobrinho bastardo - Célia nunca esqueceria aqueles rostos grosseiros e marcados.

- Pode parar... Por favor? - o táxi parou ali mesmo, Célia observava os três se distanciarem e entrarem em uma das casas amareladas próximo a boate.

Célia abriu a porta do veículo de vagar, por sorte, nenhum deles permaneceu em frente a casa para guardar território.

- Ei mocinha...

Acabou esquecendo-se de algo muito importante para o motorista, teve que voltar para pagar a corrida antes que esse descesse do carro e tudo fosse por água abaixo.

Olhando em volta, Célia conseguiu chegar até a porta da casa amarelada sem problemas. Tremendo e temendo uma recepção nada amigável, avançou seus dedos até a maçaneta e a girou com cuidado. Esta aberta.

Ela entrou, iria sussurrar aquele majestoso "olá" dos filmes, mas os fantasmas sempre aparecem, e os dela não atravessariam seu corpo - o esmagaria!

Encostando-se nas paredes, seguia na ponta dos pés até o final do corredor sem luz.

- Para onde? - ouviu um sussurro vindo dos fundos, na verdade era um grito escandaloso e asqueroso, uma voz que ela bem conhecia.

- Nova York - Zayn? A voz era dele... O sotaque. Era ele. O que estaria fazendo aqui? Que diabos há além dessa porcaria de boate?

Os pensamentos de Célia pulsava como um coração desenfreado e agonizante.

Esqueceu-se dos "fantasmas", pensava apenas em avançar. Mas respirou fundo, manteu-se quieta e não quis ouvir o que estava por vir nas gargantas daqueles malditos...

- Apenas tome cuidado para não ser pego ou descoberto... Ou então... - ainda pode ouvir. Um aviso. Cuidado com o quê? Porque ele não pode ser descoberto? E porque seria? Ele está medito em alguma coisa. Algo grande.Zayn nunca lhe diria as respostas... Argh! Odeia perguntas sem respostas, e ainda mais perguntas com respostas vazias e sem sentido.

Célia parou antes de virar as costas totalmente, se virasse nunca saberia o que quer. Mas ela realmente quer? Quer descobrir tudo e então explodir? Entregar o homem por quem ela supostamente está atraída até a garganta aos policiais e nunca mais poder vê-lo? Mas e os outros? Bem, os outros continuariam jogados no mundo como se nunca houvesse feito nada de mais. É isso mesmo Célia? Mais perguntas? - perguntou-se virando as costas e caminhando para fora, a maçaneta estava a alguns passos de sua mão.

- Vá, leve a mercadoria, quero você de volta em duas semanas e com todo o dinheiro - uma voz finalmente brotou no interior daquele mausoléu. - Mais uma burrada e seu pai não vai mais erguer a mão para me parar.

Passos...

- Ele não é meu pai!

Ouviu a voz de Zayn, fechou os olhos por alguns segundos, queria correr até lá e dizer alguma coisa, fazer alguma coisa. Mas Célia é apenas uma garota, uma ex-santinha, se é que isso pode mesmo existir, de nada adiantaria chegar lá e... Oh Deus, são três brutamontes contra ela e um garoto magricela, o que poderiam fazer?

Abriu a porta e correu para fora, afastando-se mais e mais a passos largos e rápidos.

Em poucos instantes estava longe, olhou por sobre os ombros e avistou picos manchados saírem da casa, com certeza Zayn estava ali, no meio deles, metido em algo que não sabe o que é.

Perguntas, perguntas... Para quê quer se meter nisso, Célia? Para quê?! Argh!

***

Lá estava Célia, parada observando as luzes acesas da casa, inclusive as de seu quarto. Sua casa está a menos de cinco metros de distância, sente o cheiro fresco do perfume que sua mãe sempre espalha pelas cortinas... Seus olhos se fecham por alguns segundos avassaladores, os abre e então encontra sua sombra hostil caminhando pela casa. Seu pai, não há, para Célia, sombra que possa transmitir tanto medo quanto a de Hanks.

Hanks, o homem que sempre a atendia e acolhia, mas também sabia muito bem como lhe deixar nervosa e envergonhada.

Como estariam seus pensamentos? Ah, com certeza ele estaria resmungando alguma coisa enquanto anda de lá para cá... Estaria pensando em como Célia chegaria, viva, bem, sã, salva... Ferida, morta. Seu pai nunca pensava apenas no melhor, seu lado negativo sempre o vazia cair por terra.

Se vesse Célia, agora, abraçaria forte enquanto dizia que iria prendê-lá no quarto para sempre e nunca a deixaria sair, então a largaria e começaria a sorrir feito um bobo. Foi exatamente isso que fez quando Célia teve um surto aos seis anos e a encontraram na casinha do cachorro do vizinho, senhor Todd, cinco horas depois. Ela simplesmente não consegue lembrar porque fez aquilo, mas lembra muito bem que do que a mãe lhe disse depois “Você não me venha imitar sua tia Nora! Se enlouquecer feito ela, te entrego ao padre e ele irá tirar os demônios de seu corpo, mocinha!” Célia teve pesadelos com aquele padre segurando um crucifixo em sua frente e gritando palavras de ordem durante dois anos. No entanto, passou a gostar mais a tia Nora.

Célia avançou alguns passos sentindo o coração arder de saudades da gritaria e dos conselhos. Ela queria muito ver os rostos de seus pais outra vez, rostos que não lhe traziam medo — mesmo eles sendo tão esquisitos no quesito pais.

Célia avançou até parar em frente a porta.

O que eles diriam quando a encontrasse daquela forma? Após dias? Um sequestro, era isso que Célia teria que dizer, então nunca mais veria Zayn, nunca mais teria que se fazer perguntas em relação a um cara que nem conhece.

Tocou a campainha com certa repulsa.

Sentiu o chão mover-se sob seus pés, ouviu o som baixo de passos de aproximando da porta.

Seria mesmo que queria voltar para casa e aturar tudo aquilo? Sua mente lhe prega pessoas com todas essas asneiras...

Porque tantas perguntas?

Porque tanta indecisão?

A porta se abriu. Um cabisbaixo Hanks atendeu a porta, estava sério, estava tristonho e não a olhou diretamente.

— Não queremos mais...

— Pai, não reconhece mais a filha? Será que eu sumi por tanto tempo assim? — suspirou Célia, em um momento estranho que nunca achou que passaria; voltar para casa. Nunca achou que sairia dela, com isso uma volta não seria necessária.

— Célia? — sibilou. — Minha Célia?

Celia sorriu ao receber um abraço, e tudo aconteceu tal como imaginava, logo vieram as pressões, os dizeres que a deixaram nervosa e o pior de tudo o que vinha a enfrentar... Sua mãe em sua pior versão:

— ONDE. VOCÊ. SE. METEU?

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Hey babes, não demorei, não foi?

Bom, espero que tenham gostado do capítulo e... Oww não faço a mínima idéia de porque coloquei essa mulher com flores na cabeça, mas eu gostei do desenho e não tinha nada mais para colocar então.... Hehehe

Beijocas de algodão doce (^o^)

- SSMissing ⚡

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now