- Decidida -

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As pupilas estão dilatadas, os olhos vermelhos como as rosas do jardim nos fundos da casa, em meio a pequena horta, olheiras negras circundam os mesmos, os lábios estão secos... Célia mal pode acreditar no que vê, sua mãe estava... Chorando? Rá, isso é quase um mito!

— E-eu não sei onde estava — Célia se obrigou a mentir, já estava assustada o suficiente para alguém acreditar.

Hanks segurou seus ombros, olhando fundo em seus olhos que se esforçaram ao máximo para não emanar alegria, pois quando as lembranças rebatem é isso que Célia sente, uma imensa alegria mas picos de tristeza, as bebidas que lhe roubavam os beijos... Rá! Célia odeia sentir alegria com isso!

— Como não sabe? Você sumiu por... Cinco, quatro dias não sabe onde esteve? É melhor me dizer, mocinha! — a mãe abriu ainda mais a porta, puxando Célia dos braços do pai.

— Eu estava voltando da escola e... — E? O que Célia iria dizer? Que foi para a casa de um desconhecido e ficou lá todo esse tempo em toda de noites de amor? Sua mãe morreria ali mesmo a sua frente. Por Deus, o que ela iria dizer...? Suspirou ponto uma das mãos na tempora esquerda e imendou as histórias: — dois homens me seguravam pelos braços e me levaram para um carro... Eu tinha medo, mãe, estava assustada, mas eles me levaram, me jogaram num mausoléu escuro e me sujeitaram a milhares de perguntas sobre minha vida pessoal...

Célia respirou fundo, o que acabou de indagar não engana nem mesmo uma mosca, a não ser o pai que a abraçou forte como se Célia estivesse sendo levada mais uma vez.

— Oh minha filha, eles te machucaram? O que eles fizeram? O que é isso em seu... Eles, eles abusaram de você? — Célia encostou o queixo no peito de Hanks. Onde ela foi parar? Que mentira tola foi inventar? Blá! E agora? Mais mentiras?

— Pai eu... Eles tentaram, mas — segurou firme a camisa do pai, como se para não cair, mas eu não sei... Eu estava desacordada após a segunda noite.

— E como explica aparecer aqui, assim, do nada? Eles tiveram dó de você? — a mãe gritava escandalosa.

Célia não desgrudou do pai, não sabia mais o que dizer, a mãe gritando lhe tira do sério, as palavras estão na garganta, pedindo, implorando para sair...

— NÃO SEI, TÁ BOM, EU NÃO FAÇO A MÍNIMA IDÉIA DO QUE AVONTECEU! — pôs outras palavras a frente, mas era exatamente isso que ela sentia, não sabe o que aconteceu, não sabe o porque de ter se deixado levar.

Célia andou para seu quarto, sem olhar para trás, mas assim que fechou a porta ouviu os burburinhos, a gritaria. Gritou de raiva e correu para o banheiro, precisa se livrar dessas roupas, desse cabelo desgrenhado, dessa casa, da mãe...

Despindo-se, notou os arranhões no final de suas costas, os xupões ao redor do pescoço... Ou Zayn, que diabos você põe na bebida para me fazer ficar assim? — pensou, jogando a roupa de lado e encaminhando-se ao box.

Ligou o chuveiro, esperando o vapor quente encobrir os vidros, deleitou-se sob a água quente, seus músculos relaxaram, suas lembranças se esvairam, seus pais brigando a alguns poucos metros dali pareciam apenas pássaros assobiando uma melódica canção... Eram apenas Célia e o vazio calmo que ocupou seus pensamentos.

***

O aparelho celular finalmente mostrou-se disposto a cooperar. Célia assustou-se com a quantidade de mensagens e chamadas perdidas.

[10h09 13/11 ]
Célia, onde você se meteu?

[11h45 13/11]
Cé, porque não me responde?????

MORE THAN WRONGWhere stories live. Discover now