O caminho até a delegacia foi até agradável. O policial loiro me deu as rosquinhas para comer, enquanto o careca, com um olhar assustado, me observava devorar vorazmente as rosquinhas.Porém, ao chegar na delegacia, as coisas foram de mal a pior. O lugar estava quase caindo aos pedaços e eu não consegui segurar a careta enquanto os policiais me guiavam pelo corredor em direção a sala do delegado. O clima ali dentro era abafado, os ventiladores de teto sem surtir efeito nenhum.
Entrei na sala do delegado e o policial careca ficou lá fora, enquanto o loiro entrou e fechou a porta, indicando com a cabeça que eu me sentasse em uma das poltronas.
Dei um sorrisinho amargo ao me sentar na poltrona. Ergui as sobrancelhas ao sentir o ventinho ali na sala. Ah, claro que a sala do delegado era um perfeito ambiente fresquinho e agradável. Enquanto os outros caras se matavam, o delegado ficava na vida boa.
Acho que as vezes me identifico um pouco com o delegado, preciso confessar.
— Então você é a faminta. — o delegado franziu o cenho, me avaliando pacientemente.
Subi as sobrancelhas, indignada. Dezessete anos de pura beleza, riqueza e popularidade para ficar conhecida entre policiais como faminta? Onde foi parar minha dignidade?
— Desculpe? — eu disse, dando um sorriso falsamente confuso. Não vou me deixar ser derrotada assim fácil.
O policial loiro cutucou o delegado, que ergueu as sobrancelhas.
— Que tal perguntar o nome dela, delegado? — o homem sugeriu.
— Ah, certamente. Certamente, Jones, você tem razão. — o delegado disse, virando-se para mim — Como você se chama, menina?
— Vênus Marshall. — respondi. Nem o delegado e nem o tal Jones pareceram surpresos. Foi como se eu dissesse apenas "ei, meu nome é Mariazinha".
Em silêncio, o delegado começou a mexer no computador, distraído. Ele começou a resmungar enquanto fazia caretas para a tela do computador, fazendo parecer que falava com uma pessoa. E, pelo que eu via, a pessoa estava deixando ele bem intrigado.
Olhei para Jones, em busca de uma explicação sobre o comportamento do delegado, mas o policial apenas deu de ombros, mostrando que nem ele entendia.
— Vênus Marshall. — o delegado disse, em tom de deboche, atraindo minha atenção para ele. — Não basta esse nomezinho de deusa de amor, ainda tem que mentir para mim?
Tentei sorrir, mas acho que não obtive sucesso. Eu quis segurar o delegado pelo cabelo e bater o rosto dele na mesa, mas tudo isso com a verdadeira elegância de deusa do amor que meu nome carregava.
— Eu não entendi. — falei, após alguns segundos imaginando o delegado voando pela janela.
— Vênus Marshall. Muito engraçado. — ele murmurou, outra vez. — Não existe. Esse nome não aparece nos dados. Você está omitindo seu verdadeiro nome.
— Eu não estou! — exclamei, recebendo um olhar de reprovação do delegado. Fiz uma careta, encolhendo os ombros — Desculpe.
Ele sorriu.
— Bom. Escute, você pode ser qualquer uma, mas Vênus Marshall não. — o delegado disse. — Porque, obviamente, ela não existe.
— Bem, ela está exatamente aqui na sua frente, explique isso a ela. — debochei.
Não deu para segurar. O homem estava dizendo, na minha cara, que eu simplesmente não existia. Talvez eu fosse presa por desacato a autoridade, mesmo que eu já estivesse tecnicamente presa. As coisas sempre podem piorar, não se engane com essa historinha de "não tem como ficar pior", porque sempre tem.
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Quero voltar para casa
Teen FictionVênus tinha a vida perfeita em Aspen, Colorado. O namorado perfeito, as roupas perfeitas, as amigas perfeitas e até a inimiga quase perfeita. A vida de Vênus vira de cabeça para baixo quando, após uma festa, ela acorda em Everwood, lugar cujo...