XVI - Cold Water

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Adam, Andrew e eu gritamos quando caí na água.


No primeiro momento, não me dei conta do que estava acontecendo realmente. Só sentia que tudo estava gelado, frio e fora do contesto. Quase como uma aula de física, mas no meio da Antártida.

Quando eu percebi que estava me afogando na água extremamente fria a ponto de parecer congelada foi que a situação ficou desesperadora. Comecei a gritar, implorar por ajuda. Talvez eu tenha até exigido a presença do exército em meio aos gritos de desespero, não sei dizer.

Assustei-me quando, após jogar os sapatos na grama, Adam arrancou a camisa e pulou na água. Ele sabia nadar muito bem, enquanto eu engolia água em um nível exageradamente mais perigoso do que o, digamos assim, normal.

Depois disso, não vi mais Adam. Afoguei-me e, mesmo que tentasse muito balançar os braços para sinalizar onde estava, parecia impossível. A uma certa altura, eu já não sabia mais o que estava fazendo com os braços. Não tinha certeza de onde estava.

Senti que estava fechando os olhos devagar, mesmo que não soubesse mais o que estava acontecendo. Minha cabeça e meu corpo estavam pendendo e eu, bem, perdendo a consciência.


Adam me puxou para cima tão de repente que confundi as cores do mundo. Tudo parecia rosa e lilás quando finalmente consegui respirar o oxigênio, o ar entrando em meus pulmões e minha consciência despertando.

— Você é maluca! — Adam gritou, mas eu ainda não estava ouvindo muito bem. Só conseguia perceber que ele estava gritando porque Adam estava nitidamente preocupado. — Eu avisei que você ia cair, Vênus!

— Cala a boca. — murmurei e franzi a testa. — Pelo amor de Deus, Adam, cala a boca...

Ele apertou a mandíbula, os olhos verdes brilhando com a irritação. Adam então me envolveu com os braços, mantendo-me perto do corpo dele, que parecia mais quente do que aquela água malditamente fria.

O mundo não tinha mais nenhum detalhe de rosa e muito menos lilás quando olhei diretamente para o rosto de Adam. Tão contrário quanto o frio é do calor, o verde dos olhos se destacava, assim como os lábios vermelhos, que pareciam tão convidativos...

Espera, o que?

Eu queria beijá-lo. Meu cérebro não conseguia ir além de Adam naquele momento, era impossível pensar em qualquer outra coisa ou qualquer pessoa que fosse. Tudo em que eu pensava eram olhos verdes como esmeraldas e nossos lábios unidos.


—Com licença? — a peste, mais conhecida como Andrew, chamou e Adam e eu olhamos para cima. — Eu quero ir para casa.

Matar uma criança em pensamento não é crime, certo? Porque, enquanto eu puder esganar Andrew em minha mente, não preciso mover sequer um palito contra ele na vida real.

Andrew estava com um sorriso diabólico demais para uma criança, mesmo que essa criança fosse ele.

— É, seu pestinha, pelo menos isso nós temos em comum. — murmurei.

Olhei para Adam outra vez. Seus lábios se moveram suavemente, como se ele ainda tivesse algo para dizer. Então ele engoliu em seco e desviou o olhar do meu, deixando o que quer que fosse subentendido.

Quero voltar para casa Where stories live. Discover now