XXII - Como (não) agir

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Adam e eu estávamos oficialmente viajando. Uma antiga canção dos Beatles ecoava pelo carro e um cheiro suave nos rondava, dando-me uma leve e sugestiva sensação de começo de sono.

O dia estava indo bem. Além de iluminar nossos rostos e o carro, a luz do pôr do sol iluminava também minha alma, como se preenchesse tudo que faltava dentro de mim. Corrigindo a mim mesma, o dia não estava indo bem. Estava ótimo.

Bocejei alto e fechei os olhos, arrancando uma risadinha de Adam. Abri apenas um dos olhos, direcionando-o para Adam, que riu mais ainda.

— Vai ser uma viagem divertida. — Adam disse, deixando de lado nosso silêncio. — Você vai adorar, de verdade, os meus avós. Eles são incríveis.

Sorri e olhei para Adam, agradecendo pela luz que nos iluminava. Isso era uma das coisas que eu adorava admirar em Adam: a luz do sol, independente se nascendo ou se pondo, ficava perfeita em contraste com seu cabelo, seu rosto e seus olhos. Como se o sol fosse feito para ele.

— Talvez você tenha herdado isso deles. — comentei.

Adam arregalou os olhos.

— O que?! — Exclamou e voltou a rir, as covinhas sempre chamando atenção. — Vênus Marshall acabou de dizer que eu sou incrível? Devo estar surdo.

Revirei os olhos e lhe mostrei a língua. Eu queria mesmo dizer a Adam que ele era uma pessoa incrível, mas dizer isso com todas as letras e em voz alta era erguer a bandeira da derrota definitivamente.

Suspirei e apoiei a mão no joelho de Adam, ainda observando o céu colorido, uma mistura de alaranjado e rosado. Aquilo tudo me fazia lembrar os dias de chuva em que eu dormia, dormia e dormia. Mas com uma única diferença. O sol.

— Você está bem? — Adam perguntou, finalmente.

O mecanismo padronizado do "sim, estou bem" quase pulou para fora. Mas então eu parei, analisei e pensei com calma. A pergunta "Você está bem?" tem muito mais força do que se imagina. É quase uma bomba atômica disfarçada de uma florzinha.

— No geral? — questionei.

Adam fez que sim.

— Estou bem, mas tenho pensado sobre umas coisas. — Fui sincera. — Quero fazer umas coisas quando voltar.

— Que coisas? — Adam me olhou brevemente, logo voltando a concentrar-se na estrada.

— Vendo o Simon no hospital... — murmurei. — Percebi que eu fazia isso, sabia? Rir das outras pessoas, eu fazia igual, por motivos ridiculamente fúteis. Decidi fazer uma lista.

Adam franziu a testa, sem tirar os olhos da estrada. Mesmo que não me olhasse naquele momento, sentia que ele estava convidando-me a falar tudo que estava dentro de mim.

— Vou anotar todos os nomes das pessoas que eu magoei, humilhei ou o que for. — expliquei. — E quando voltar, vou me desculpar com todas.

A ideia pareceu conquistar Adam. Ele sorriu, os olhos verdes brilhando –e não só por causa do sol–. Afirmou com a cabeça, batucando com os dedos no volante.

— É incrível estar vendo como você tem buscado evoluir, sabe? — Disse Adam. — Não acho que você mudou, acho... Acho que isso, essa Vênus de verdade, sempre esteve aí dentro de você. Mas só agora você permitiu que ela saísse para fora.

Sorri para Adam e ele rapidamente beijou minha testa, voltando-se para frente.

— Você é um grande filósofo. — Elogiei, fazendo-o rir.

Quero voltar para casa Where stories live. Discover now