XV - Call me maybe (and help me)

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Depois de tanto procurar Adam, finalmente o encontrei sentado em um dos balanços do parquinho. Ele segurava Alyssa, que dormia um sono tranquilo e sereno. Daquele jeito, até parecia que ela sentia que ainda não precisava se preocupar com nada.

Ao contrário de Alyssa, Adam parecia, sim, se preocupar com algo. Ele tinha um sorriso fraco nos lábios, um tanto triste, enquanto afagava silenciosamente as costas de Alyssa, incentivando-a a dormir ainda mais.

Sentei-me no balanço ao lado do de Adam, sem saber ao certo o que esperava. Ele não tirou os olhos de Alyssa, mas sabia muito bem que eu estava ali. Talvez ele só não estivesse pronto para olhar.

— Emma e Jordan saíram? — perguntei, hesitante.

— Eles foram descansar um pouquinho, os dois passaram a noite toda revisando porque a Alyssa chorou bastante. — Adam explicou e suspirou, arrumando com toda a delicadeza que eu não possuía a roupinha da bebê.

Fiquei sem saber o que dizer. Apenas observei silenciosamente Adam e Alyssa, a forma como ele a segurava tão bem. Talvez... Não, besteira. Talvez Adam só esteja treinando para o futuro. Um futuro distante, creio eu.

Percebi que, se não pedisse desculpas de uma vez, ficaríamos para sempre naquele silêncio estrondoso. Poderíamos ter a possível amizade interrompida pelo orgulho. Não exatamente pelo orgulho, mas pela minha falta de habilidade em me desculpar.

— Me desculpe. — eu soltei, de repente. — Adam, eu... Eu errei feio, certo?— continuei, mas Adam não afirmou com a cabeça nem negou, apenas continuou ouvindo. — Foi muito feio o que eu fiz, menti para vocês todos e... Passei a impressão de que queria explorar vocês, não foi?

Ele me olhou. Em silêncio, é claro, o que chocou um total de zero pessoas. Era difícil me desculpar com Adam, porque ele... Eu não sei explicar, parece impossível. Adam é transparente, não esconde nunca o que está sentindo, é fácil saber quando ele está feliz com a mesma facilidade que se percebe quando está triste... Adam é diferente de todos os garotos que eu já conheci.

— Conversei com todo mundo e acho que eles entenderam. — Falei. — Mas é importante para mim que você entenda também. Afinal, você estava lá.

— Não sei que impressão você acha que passou, mas... — Adam coçou a nuca. — Olha, não tenho porque não desculpar você. Somos humanos e humanos erram, isso é normal. Estranho seria se fizéssemos sempre a coisa certa.

Parando para pensar por esse lado, Adam tinha razão. É impossível que eu acerte o tempo todo, não importa o quanto eu tente. Independente de beleza, inteligência ou o que for, ainda sou humana.

— Obrigada. — Respondi, concentrada nos meus próprios pensamentos. — Isso ajudou.

Adam sorriu.

— Eu podia abraçar você agora — respondeu —, mas acho que isso pode acordar a bebê trovão e relâmpago aqui.

— Melhor tomar cuidado. — concordei. — É sempre bom se cuidar quando as tempestades estão por perto.

Nós rimos e eu percebi mais uma coisa. Bem melhor ver Adam sorrindo do que triste, com aquele olhar magoado.

Talvez eu estivesse começando a sentir coisas que não deveria, mas caso acontecesse, engoliria cada mísero vestígio de sentimento. Não podia permitir que nada me atrapalhasse a voltar para casa.

Simon entrou aos tropeços no parquinho. Arrumando os óculos, ele murmurava para si mesmo, tentando gravar o que quer que falasse. Devia ser importante, porque ele simplesmente não parava de murmurar palavras.

Quero voltar para casa Where stories live. Discover now