XVIII - Never be alone

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Sentada a frente do orfanato, eu reunia meus pensamentos, tentando buscar respostas para tantas perguntas. Uma delas, que buscava ser a principal, envolvia Brad.

Ele não estava nem um pouco preocupado com o meu sumiço, ou pelo menos não parecia estar. A única coisa que demonstrava era que estava preocupado com festas, bebidas e amigos novos, ou pelo menos amigos antigos que nunca havia me apresentado.

Brad estava me escondendo coisas. Ele com certeza sabia de coisas que eu não sabia. Mesmo que tivesse deixado a festa muito mais cedo que eu, Brad tinha acesso a informações sobre meu estado. Estado cujo eu não lembrava praticamente nada.

Despertei de meus pensamentos quando, ao levantar a cabeça, vi Owen parado a minha frente. Vestindo o casaco que outra vez me emprestara, sorria animadamente, dando a impressão de que me levaria para minha festa surpresa fora de meu aniversário.

— Ei. — ele disse, chutando suavemente as pontas de meu tênis com os dele, quase que só encostando. — Eu vou ao barzinho aqui da cidade, hoje é dia de apresentação ao vivo. Você quer ir?

Brad e eu nunca fomos a um lugar com apresentação ao vivo. Sempre foram restaurantes exageradamente caros, onde uma música clássica tocava suavemente no fundo e, ao contrário de animar alguém, só deixava as pessoas com mais sono.

Eu aceitei. Depois de apenas alguns dias em Everwood, eu já havia passado por diversas experiências, elas sendo boas ou totalmente desastrosas, como conhecer o lago de um jeito nada legal. 

Owen e eu caminhávamos pelas ruas enquanto comentávamos sobre cada mínima coisa que nos chamava atenção. Ele me contou que recebera uma proposta para uma exibição de suas fotos e estava muito ansioso.

Quando Owen pegou o celular para me mostrar os detalhes da proposta, eu tive uma ideia brilhante.

— Preciso do seu celular. — falei e, franzindo a testa, expliquei: — Preciso fazer um teste. Acho que posso descobrir uma coisa.

Owen franziu a testa, tentando acompanhar meu raciocínio desregulado. Sem insistir muito, ele logo digitou a senha no celular e me entregou.

Digitei o número de Brad sem muita pretensão e respirei fundo, aproximando o celular do ouvido. Ele definitivamente não conhecia o número de Owen, então eu tinha mais uma chance para descobrir o que ele estava aprontando.

Então ele atendeu. Bem, não exatamente ele.

— Brad saiu. — Kate Bennett disse, a voz tranquila, sem nem sonhar que falava comigo. — Quem é?

Com dificuldade, engoli toda a raiva que estava começando a se formar dentro de mim como se fosse uma balinha de chocolate.

— Sou eu, Kate. — respondi, exalando cinismo. — Vênus. Se sua memória estiver falha, Vênus Marshall.

— Vênus, não acredito que é você! — exclamou ela, em um falso tom de felicidade. — Você anda sumida, garota!

Permaneci em silêncio. Minha vontade era pular pelo celular de Owen, agarrar Kate pelo pescoço e sacodir até que ela parasse de falar.

Não me leve a mal, não quero matar ela, porque não sou assim, só... Quero que ela pegue um foguete só de ida para Marte.

— Seu namorado está morrendo de saudades de você — Kate disse —, mas eu não.
 
Arregalei os olhos e abri a boca para xingá-la de todos os palavrões que conheço e que poderiam caber naquela situação, mas infelizmente aquela apedeuta descarada desligou antes.

Não tive tempo de começar a reclamar, porque Owen me segurou pelos ombros e me virou para o bar, empurrando-me para entrar.

Fiquei surpresa ao me deparar com Jordan, Emma, Olívia e Austin sentados em uma mesa. Os quatro deviam estar ali a um tempo, porque a mesa já estava repleta de latinhas de refrigerante e copos de suco pela metade.

Quero voltar para casa Where stories live. Discover now