XXXV - Epílogo

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Meses depois

Andar de metrô era uma das experiências com a qual eu havia me acostumado em poucos meses, até mesmo passado a gostar. Era nele que eu ia para a faculdade, para ver meus pais e meus amigos, até mesmo para os projetos fora da universidade com meus colegas.

Cursar moda em uma das faculdades mais prestigiadas de Aspen, a IELS University, estava sendo incrível. Eu jamais decoraria a sigla inteira, mas a orientadora da minha turma não precisava saber disso.

A universidade fica no lado oeste da cidade, totalmente o oposto da casa dos meus pais. Para ficar mais perto da faculdade, eu havia me mudado para um apartamento e estava, sim, sobrevivendo muito bem. Morando sozinha, fazendo minha própria comida – deliciosa, por sinal – e equilibrando os cuidados do apartamento com as lições da faculdade.

Kate Bennett estava prestando os serviços comunitários em uma ONG que apoiava mulheres. Nosso último contato direto foi alguns dias depois do julgamento, quando ela me ligou para conversar. Voltar a uma grande amizade com ela não parecia algo provável, manter muito contato também não, mas consegui perdoa-la e seguir em frente. Não nos falamos desde então.

Nunca mais havia visto Brad. De fato, apenas no julgamento, onde ele fingiu não estar me vendo ao sair do prédio. Depois, muito raramente, via algo nas redes sociais relacionado a ele.

Sorri ao ver o nome de Emma aparecer na tela de meu celular, com o qual, graças a qualquer entidade divina ou não, eu já havia aprendido a lidar novamente. Ou seja, não foi problema nenhum atende-lo.

— Vênus! — A voz de Emma explodiu em meu ouvido e arregalei os olhos, afastando um pouco o celular. — Você está me ouvindo? Aconteceu uma coisa genial!

Franzi a testa. Várias coisas geniais haviam acontecido com Emma nesses últimos meses. Ela havia voltado a fazer balé, seu sonho de criança, e levava a bebê com ela para as aulas, coisa que suas colegas adoravam. A pequena Alyssa era a mascote da turma. Também estava fazendo faculdade online, porque trabalhava durante as tardes em uma cafeteria da cidade.

— O que aconteceu? — Perguntei, sentindo a curiosidade aflorar.

— O Jordan vai fazer um teste na próxima semana para o time júnior de um time nacional, Vee! — Ela exclamou, atropelando as palavras sem a menor pena. — Eu não faço ideia do nome, mas é uma coisa importante.

Foi quase impossível conter a vontade de dar um pulo e sair gritando no meio do metrô. Não haviam dúvidas sobre o talento de Jordan, muito menos sobre a determinação. Se havia alguém que merecia passar em um teste como esses, definitivamente era ele.

— É sério? — Sussurrei, olhando para os lados com cautela. — Emma, isso é...

— É maravilhoso! — Ela exclamou, entre as risadas meio desesperadas, meio comemorativas. — Estou quase arranjando uma promoção na cafeteria, vamos estar feitos!

— Eu fico muito feliz por vocês. — Falei a ela. — Queria poder ir aí essa semana, mas a faculdade está uma loucura. Os professores estão exigindo a nossa alma.

Consegui ver, sem a menor dificuldade, Emma revirando os olhos, também desejando bater em algum de seus professores. O sentimento de cumplicidade dos universitários.

— Tudo bem, podemos esperar um pouco. — Respondeu Emma, em um tom de compreensão. — Como está o Adam?

Cocei a nuca. De repente, o metrô pareceu entrar em um acordo de que era a hora de manter silêncio absoluto, como se todos quisessem jogar o joguinho do silêncio para me deixar constrangida.

Quero voltar para casa Where stories live. Discover now